Após ter lançado o remake de Crash Bandicoot para PS4 em 2017 e demais plataformas este ano, a Activision atendeu aos pedidos dos fãs e relançou a trilogia de Spyro The Dragon, que também marcou a década de 1990 na era da primeira geração do PlayStation.

No lugar da Vicarious Visions assumindo a responsabilidade pelo remake do jogo, desta vez tivemos o estúdio Toys For Bob (responsável pela franquia Skylanders). E o TudoCelular conferiu como está a nova encarnação do dragãozinho roxo que encanta tantos jogadores saudosos.

20 anos se passaram desde que o primeiro jogo do Spyro foi lançado. E como esperado, o salto gráfico entre o remake e o original é enorme. Ao iniciar a aventura repaginada você acabará admirando a grama verde que balança ao vento, as pegadas do Spyro na lama ou mesmo os inimigos sendo tostados por sua baforada de fogo.

Nada disso estava presente nos jogos antigos, diante das limitações da tecnologia na época. Colinas, desertos, correntezas, sombras e inimigos saltando ao horizonte; tudo enriquece a experiência, o que dá mais prazer em explorar cada fase do jogo.

Mudanças nas animações afetaram a jogabilidade... e para melhor.

Não estamos falando apenas das texturas e detalhes nos cenários, mas as animações foram refeitas do zero. Elas não apenas tornam a jogabilidade elegante, como também deixam os movimentos do personagem mais suaves - o que impacta na experiência como um todo.

Jogar Spyro ficou mais divertido, mas também ficou mais fácil. Os controles do jogo antigo tinham problemas sérios, o que tornava a jogabilidade frustrante em algumas fases - especialmente contra alguns chefões. Tudo isso foi melhorado no remake, ou pelo menos boa parte.

A Toys for Bob usou a Unreal Engine 4 para refazer o jogo por completo. Apesar de não ter gráficos realistas como é esperado para um lançamento de 2018, Spyro e seus amigos parecem personagens saídos de uma animação da DreamWorks - o que casa perfeitamente com a proposta do jogo.

O salto na resolução foi grande, o que contribui para a beleza do novo título. A trilogia conta com suporte ao PS4 Pro e Xbox One X, sendo renderizada nativamente em 1440p (de acordo com a Activision), cabendo a cada console subir a resolução para 4K. O que vimos é que a imagem realmente fica linda numa TV Ultra HD, mas o estúdio pecou por não incluir suporte a HDR.

Spyro Reignited Trilogy entrega melhor qualidade gráfica no PS4 Pro e Xbox One X, mas não oferece 60 fps e muito menos HDR.

Enquanto alguns podem ficar decepcionados por não poder curtir os novos jogos em 4K nativo, outros ficarão ainda mais irritados por não haver opção de jogar a 60 fps. Para tentar melhorar a fluidez do game, a desenvolvedora abusou de motion blur, um efeito que borra a imagem ao rotacionar a câmera, o que acaba deixando enjoados os jogadores mais sensíveis.

Crash Bandicoot foi lançado sem suporte a HDR também, mas recebeu update que trouxe a tecnologia para turbinar as cores e deixar o jogo ainda mais bonito. Podemos esperar que a Activision faça o mesmo com Spyro nos próximos meses.

O remake de Spyro não se resume apenas a melhorias gráficas. Os controles também foram reformulados para tornar o gameplay mais próximo do que encontramos em jogos atuais. E esta mudança fez muito bem à trilogia.

Enquanto no primeiro jogo lançado em 1998 não era possível controlar a câmera livremente, agora o jogador tem esta opção. Se você não curtiu a mudança, poderá voltar para os controles antigos nas configurações do jogo - o que ajuda a reforçar ainda mais o apelo nostálgico que o jogo busca vender.

O mesmo acontece com a trilha sonora. As músicas foram remasterizadas ganhando novos instrumentos, o que enriqueceu as melodias que lembram um pouco o estilo de jazz, mas ao mesmo tempo com uma pitada de rock progressivo. Não gostou? Não tem problema, no menu do jogo também é possível trocar para a trilha sonora clássica.

Mesmo que jogar Spyro tenha ficado mais prazeroso, os controles do game ainda não estão perfeitos. A câmera nem sempre obedece como o jogador espera, especialmente em fases subaquáticas.

Além disso, o tutorial é desorganizado. Em alguns momentos o jogo te ensina uma manobra que você já descobriu sozinho ao ter passar de uma parte anterior, o que não faz o menor sentido.

O mapa que aparece no canto inferior esquerdo da tela é praticamente inútil. As fases são distribuídas em portais pelo cenário e muitas vezes você precisa encontrar um item para entregar a um personagem, mas o jogo não informa no mapa onde este personagem se encontra e você acaba perdendo vários minutos rodando até encontrá-lo.

Os novos jogos do Spyro estão mais fáceis e você provavelmente terminará os três títulos em pouco tempo.

Outro detalhe que pode incomodar quem jogou os antigos é que a mudança nos controles e animações tornou o jogo mais fácil. A maioria dos chefões você derrotará de primeira por ser muito simples esquivar de seus ataques.

Os puzzles que o game oferece são simples para os padrões atuais e muitos passarão por eles sem dificuldade, o que acaba tornando o jogo curto. Em aproximadamente 20 horas será possível terminar os três títulos. Crianças devem levar mais tempo para concluir alguns objetivos.

Além disso, a Activision decidiu unificar algumas mecânicas nos três jogos. Os pontos de habilidades presentes nos segundo e terceiro Spyro também foram incluídos no primeiro jogo, assim como o rastreador de gemas que era exclusivo do último da trilogia também está presente nos três jogos.

Não apenas concluir as três aventuras de Spyro é uma tarefa fácil, como conquistar todos os troféus também é. A lista é a mesma para PlayStation e Xbox, e muitos dos troféus/conquistas são obtidos ao jogar naturalmente.

Muitos dos desafios são simples, como cuspir fogo em 10 ovelhas ou salvar um personagem de um touro furioso. Se você é do tipo que curte colecionar estas conquistas, ficará feliz em saber que a trilogia oferece três platinas fáceis para quem tem PlayStation.

Para cumprir todas as exigências e desbloquear tudo devem ser necessárias em torno de 40 horas de jogatina. O jogo também oferece desafios contra o relógio, caso você curta desafiar os seus amigos para ver quem consegue completar a fase no menor tempo possível.

Os três jogos ocupam 67,5 GB de espaço no PlayStation 4 e 42,3 GB no Xbox One. Quem adquirir a versão em mídia física ainda terá que realizar um download consideravelmente grande.

Houve uma certa polêmica envolvendo a versão em mídia física do jogo. Há muito tempo se especulou que o disco de Blu-ray viria apenas com o primeiro game da trilogia, sendo necessário baixar os demais. A verdade é que os novos jogos do Spyro chegam a ocupar quase 70 GB de armazenamento, o que justifica a decisão da Activision de não incluir tudo nos discos.

Desta forma, mesmo que você compre a versão em mídia física para evitar ter que baixar uma enorme quantidade de dados, ainda terá que realizar o download de alguns gigabytes para que o jogo fique completo e pronto para ser jogado em seu console.

Spyro está de volta na sua melhor forma. A trilogia ganhou belos gráficos e jogabilidade aprimorada, mas ainda dá opções para os saudosistas que preferem sentir a nostalgia por completo com os controles dos games antigos e sua trilha sonora clássica. A Activision pecou por não incluir suporte a HDR, mas isso pode vir com uma atualização futura.

As mudanças na mecânica e controles deixaram os novos jogos mais fáceis que os antigos, o que pode ser decepcionante para alguns. As mudanças foram positivas, na maior parte, mas a câmera ainda falha em alguns momentos. De qualquer forma, jogar Spyro é gostoso e divertido.

Por ser simples e direto ao ponto, terminar a trilogia será algo rápido. Desta forma, alguns podem ficar com aquele gostinho de quero mais. No geral, Spyro Reignited Trilogy entrega mais prós do que contras e vai agradar tanto os fãs quanto novos jogadores que não exploraram as aventuras do dragãozinho roxo anteriormente.

O jogo foi testado no PlayStation 4 Pro. O TudoCelular agradece à assessoria Creation.io e à Activision por terem cedido uma cópia digital para esta análise.