Segurança 20 Out
Robôs trabalharam para envio de mensagens durante as eleições majoritárias do ano passado. Pela primeira vez o WhatsApp admitiu que o processo eleitoral brasileiro contou com uso de envios massivos de mensagens financiados por empresas.
A primeira informação sobre o uso de pacotes contratados de WhatsApp foi da Folha de São Paulo, no ano passado. As empresas teriam feito envios de mensagens políticas utilizando de forma ilegal CPFs de idosos e até através de companhias estrangeiras.
Na reportagem da época, a repórter Patrícia Campos Melo mostrou que empresários apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro (PSL) bancaram o disparo de mensagens contra seu adversário, Fernando Haddad. O petista foi multado pelo TSE por impulsionamento irregular de conteúdo desfavorável.
“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios massivos de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”
Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em palestra no Festival Gabo.
Ferramentas de automatização de mensagens são proibidos pelo TSE e, de acordo com a Folha, as empresas que financiaram o disparo de mensagens não declararam os gastos à Justiça Eleitoral, o que se enquadra como crime de caixa dois.
Durante o evento, o executivo do WhatsApp condenou a prática e afirmou que o aplicativo desencoraja o uso de grupos como listas de transmissão de conteúdos. Os termos de uso vedam automação e envio massivo. O mensageiro baniu cerca de 1,5 milhão de contas no Brasil por fake news e tem trabalhado para diminuir a incidência de notícias falsas no app, como a limitação no encaminhamento de mensagens.
Reconheceu ainda que o mensageiro pode influenciar processos eleitorais, destacando que equipes acompanharam eleições na Índia, Indonésia e Parlamento Europeu e declarou que via nas eleições brasileiras "um desafio" e palco para "disseminação de informação".
Vemos esses grupos como tabloides sensacionalistas, onde as pessoas querem espalhar uma mensagem para uma plateia e normalmente divulgam conteúdo mais polêmico e problemático. Nossa visão é: não entre nesses grupos grandes, com gente que você não conhece: saia desses grupos e os denuncie. No Brasil, muita gente usa o WhatsApp como fonte primária de informação e não tem meios para verificar a veracidade do conteúdo”.
Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp
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