Economia e mercado 25 Jun
Após 35 dias desde o início da paralisação, sindicatos em todo o Brasil acabam de declarar o fim da greve dos Correios. A decisão chega após a realização de assembleias na noite desta terça (22), convocadas ainda hoje pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Similares, a FENTECT. As reuniões ocorreram em resposta ao reajuste salarial proposto pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) nesta semana.
Ainda que tenham acatado às decisões do Tribunal, a FENTECT não acredita que o reajuste contempla a categoria, e pretende recorrer. Em nota, José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Federação, afirmou que "vamos acreditar na luta sempre e observar o que tem de remédio jurídico para a gente. Perdemos essa batalha, mas muitas ainda virão. Há muitos desafios pela frente, como não deixar a empresa ser vendida".
De acordo com os Correios, a maior parte dos funcionários que aderiu à greve, o correspondente a 92,7% dos trabalhadores, já retornou ao trabalho. A estatal ainda afirmou em nota ter buscado negociar os termos do acordo coletivo “em um esforço para fortalecer as finanças da empresa e preservar sua sustentabilidade”, informando ainda a importância de que acordos do tipo reflitam seu contexto e se adaptem à legislação.
Além do reajuste salarial de 2,6%, a decisão do TST validou a realização da greve, apontando-a como não abusiva, oq eu fará com que apenas metade dos dias da paralisação sejam descontados dos salários dos funcionários, com a outra metade sendo compensada. Das 79 cláusulas do acordo coletivo atual, 50 foram canceladas, com 9 delas oferecidas pelos Correios e 20 sociais, que não trarão custos à empresa, sendo mantidas.
Conforme afirmou a ministra Kátia Arruda, relatora do processo, a estatal demonstrou "absoluta resistência" durante as negociações. "A meu ver, não houve negociação coletiva, porque a meu ver não houve qualquer tipo de cessão dos Correios para atender parcialmente às reivindicações da categoria”. A magistrada afirmou ainda que "A Empresa de Correios e Telégrafos entendeu que não deveria haver nenhum benefício para os trabalhadores, que são o maior capital que ela possui".
A greve dos Correios foi desencadeada após decisão do Superior Tribunal Federal de suspender 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo, vigente até 2021, a pedido da empresa. À época, os Correios alegaram não ter estrutura para manter as altas despesas, tendo ainda de "discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos e que não condizem com a realidade atual de mercado". Na decisão do TST, a relatora contestou o argumento, apontando para o lucro da companhia no primeiro semestre.
Vale lembrar que a companhia já é alvo de planos de privatização do governo federal. Empresas como Mercado Livre, Amazon e Alibaba já demonstraram interesse na estatal, com a Magazine Luiza sendo mais uma concorrente anunciada pelo ministro das comunicações Fábio Faria posteriormente.
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