Uma das práticas — infelizmente — mais comuns durante períodos como a Black Friday são a alterações de preços há poucos dias do evento, para criar nos consumidores a sensação de que o evento está oferecendo descontos arrasadores mesmo. E foi por esse tipo de artifício que Amazon, B2W (que gerencia a Americanas) e Philips foram notificadas na última segunda (13) pelo Procon-RJ.

A partir do monitoramente de oito grandes varejistas durante o período da Black Friday, em novembro, a Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor constatou problemas em ofertas das três empresas, e isso pode resultar em uma multa de até R$ 10 milhões a depender dos relatórios apresentados. As empresas têm até 15 dias desde a notificação para apresentarem a defesa.

Na prática foram identificadas situações como as seguintes. Na Amazon, uma Smart TV Samsung Cristal UHD TU8000 4K de 82 polegadas sai, antes da Black Friday, por R$8.559. Já no dia do evento, seu preço cheio foi aumentado para R$16.799 — popularmente, "a metade do dobro". Isso foi identificado em outros produtos.

O Procon aponta ainda que "não havia qualquer distinção entre os produtos que se encontravam em promoção ou não, mesmo com o website apresentando a seguinte informação: 'Hoje é Black Friday – até 60% off'."

Nas Americanas, a mesma TV da Samsung saía, uma semana antes da Black Friday, de R$ 8.999,99 por R$ 8099,99, isto é, um desconto de 10%. Já no evento, seu preço cheio foi alterado para R$ 9.999,99, com um desconto a fazia sair pelos R$ 8.999,99 originais.

A Philips, por fim, em publicidade patrocinada na rede social Instagram, anunciava: "Black Friday Oferta Secreta Philips". Aqui o caso era mais estranho, pois a oferta mostrava uma caixa misteriosa, isto é, o produto não era revelado — mas dizia-se que o valor foi de R$ 209,90 para R$ 89,90. Mesmo clicando na oferta, o cliente não sabia o que estaria comprando. Naturalmente, não poderia se saber se o desconto era real, o que configura publicidade enganosa por omissão.