20 Novembro 2014
A Nokia é uma das gigantes da história da telefonia mundial, tendo seus "anos dourados" principalmente na década de 90 e início dos anos 2000, onde manteve por 14 anos consecutivos o título de maior fabricante de celulares do mundo. Após o advento dos smartphones, porém, a empresa perdeu cada vez mais fatia de mercado, vendo diversas outras companhias emplacarem números estratosféricos de vendas, enquanto seus aparelhos permaneciam encalhados nas prateleiras.
Alguns anos e bilhões perdidos depois, a companhia viu na Microsoft uma oportunidade de se reerguer, vendendo o ser setor de dispositivos e serviços para a gigante de Redmond junto às suas patentes, e licenciando o uso dos nomes Nokia, Asha e Lumia. Com isto, muitas pessoas deram como se a história da finlandesa tivesse terminado, porém, deve-se levar em conta que o setor de celulares não foi o primeiro mercado onde a companhia atuou, e certamente não será o último.
Para ajudar a entender um pouco mais esta história, separamos uma linha do tempo com os principais acontecimentos que envolveram a Nokia, desde a sua criação até os dias atuais. Isto certamente ajudará todos a terem uma melhor noção do quanto esta gigante significa para o mundo, e como ela ajudou a termos muitas das tecnologias hoje presentes em nossos smartphones.
O início da Nokia
A empresa foi fundada em 1865 por Fredrik Idestam, sendo na época uma fábrica de papel. Uma curiosidade interessante é que Idestam se inspirou no rio Nokianvitra, local escolhido para construção da fábrica, para escolher o nome da empresa. Perto do final do século XIX, a empresa envolveu-se no negócio das botas de borracha e armários de madeira e fundou uma companhia com uma vertente mais tecnológica, já que este produto e os químicos que lhe eram associados constituíam na época o setor tecnologicamente mais desenvolvido.
Com a expansão da eletricidade na Finlândia, a partir de 1910 a fabricação de cabos elétricos cresceu consideravelmente, até porque também era preciso suportar as necessidades impostas pelo telefone. Nasceu assim mais uma companhia no grupo finlandês, desta feita dedicada aos cabos elétricos.
Entrada no ramo de telecomunicações
A Nokia que conhecemos começou a ser criada apenas em 1960. Neste ano foi criado um departamento de eletrônica na fábrica de cabos, o que abriu caminho para uma nova era nas telecomunicações. Em 1967 foi formada a Nokia Corporation, constituída pela Companhia Nokia, que se dedicava à fabricação de papel, borracha e cabos elétricos. Em 1963, a companhia desenvolveu um radiotelefone e em 1965 ela lançou um modem para transmissão de dados.
Em 1967, aconteceu a fusão entre a Nokia, a Finnish Cable Networks e a Finnish Rubber, sendo que 12 anos depois foi criada uma empresa (Mobira Oy), que se dedicava às telecomunicações e resultou em uma parceria com a fabricante de televisões Salora. Foi esta companhia que lançou o primeiro telefone celular num automóvel, o Mobira Senator, em 1982.
Entrada no mercado de microinformática e telefonia móvel
Na década de 80 começou a desenvolver-se a indústria da microinformática e a Nokia dedicou-se, com sucesso, à produção de computadores, monitores e até de televisores preparados para as transmissões em alta definição, as ligações por satélite e o teletexto.
Em 1981, foi criada na Escandinávia a primeira rede internacional para telefones móveis. Em 1987 acontece o primeiro lançamento marcante, o Mobira Cityman, o primeiro aparelho portátil. O dispositivo pesava 800 gramas e custava algo em torno de 4.650 Euros. Vale lembrar que o aparelho ficou conhecido por “gorba”, pois o então líder soviético, Mikhail Gorbachev, foi fotografado nas ruas de Helsínquia telefonando com o celular para o seu ministro das comunicações em Moscovo. Um ato hoje banal, mas que foi revolucionário para a época.
Cinco anos depois, em 1992, a Nokia concentrava-se nas telecomunicações e lançou o primeiro celular com tecnologia GSM, o Nokia 1011. Em 1994 foi lançada a série 2100, sendo um absoluto sucesso de vendas. A empresa previa vender 400 mil unidades, mas as vendas atingiram a incrível marca de 20 milhões.
Anos dourados
Não demorou muito para a Nokia assumir o posto de maior fabricante de celulares do mundo, algo que só viria a mudar completamente no ano de 2012. O primeiro telefone móvel com acesso à Internet, o Nokia 7110, foi lançado em 1999. Dois anos depois, foi lançado o primeiro aparelho com câmara fotográfica, o Nokia 7650, e no ano seguinte o primeiro celular que permite gravar vídeos, o Nokia 3650. Também em 2002, foi lançado o primeiro celular 3G, o Nokia 6650.
Estes são anos de liderança quase incontestada por parte da Nokia, mas é já neste século que começam a surgir os primeiros sinais de alarme para a empresa finlandesa, sinais que ela fez questão de ignorar até o final.
O início do fim
Em 2004, após alguns lançamentos que não conseguiram emplacar tão bem quanto seus antecessores, a empresa começou a perder participação de mercado para os rivais, com uma descida para 35% dos aparelhos vendidos. Ainda assim, a companhia continuou apostando em aparelhos "exóticos", algo que fez com que ela perdesse ainda mais clientes com o passar dos anos.
Apenas em 2007, porém, que as coisas começam a ficar realmente ruins para a Nokia, acontecendo o evento que viria a marcar o princípio do fim de seu domínio. A partir do lançamento do primeiro iPhone, a tendência da Nokia foi quase sempre de queda, já que a empresa demorou muitos anos para entrar no mercado de smartphones, não conseguindo lançar aparelhos com apelo suficiente para competir no mercado criado pela gigante de Cupertino.
Os anos que se sucederam marcaram cada vez mais a queda da gigante, com uma incrível demora para acompanhar os lançamentos de outras companhias, o que fez com que suas vendas despencassem cada vez mais, enquanto empresas como Apple e Samsung começaram a se consolidar cada vez mais no mercado.
Em 2010, surgiram suspeitas de que a Nokia estaria pensando em utilizar o Windows Phone em seus smartphones. Essas suspeitas, negadas na época, confirmaram-se em 11 de fevereiro de 2011, quando Stephen Elop anunciou que os futuros aparelhos da empresa utilizariam os sistemas produzidos pela Microsoft.
Antes da parceria, a Nokia utilizava os sistemas Symbian e MeeGo, este último visto como uma grande promessa para smartphones, mas que teve seu desenvolvimento encerrado por Elop. Antes, a empresa cogitava a hipótese de fechar um acordo com o Android, plataforma que cresceu 900% de 2010 para 2011, mas isto não se concretizou com a chegada de Elop ao comando. Os funcionários da Nokia protestaram após a confirmação da aliança com a Microsoft, muitos acreditando que a decisão não foi vantajosa para a empresa, algo que mostrou um fundo de verdade com os acontecimentos que se sucederam.
Depois de ter perdido a liderança nos smartphones para a Apple e Samsung em 2011, no ano seguinte a Nokia perdeu também o posto de líder no número total de celulares vendidos, com a sul coreana assumindo o primeiro lugar.
Um novo começo
Após nove trimestres consecutivos de prejuízos e redução da participação de mercado para um valor quase nulo, as coisas se encaminharam para a inevitável venda da unidade de dispositivos móveis, que representava quase metade das receitas da empresa. A outra parte é obtida com a unidade de equipamentos para telecomunicações, a Nokia Solutions and Networks, uma empresa com presença global e que foi outrora uma parceria desfeita com a alemã Siemens.
O negócio com a Microsoft aconteceu no dia 3 de setembro de 2013, onde a gigante de Redmond desembolsou um total de US$ 7,2 bilhões para comprar o setor de dispositivos móveis e serviços, além da enorme quantidade de patentes que estavam sob posse da Nokia.
A transação foi finalmente finalizada no dia 25 de abril deste ano, quando todos os valores e condições foram aprovados e a Nokia foi oficialmente integrada à Microsoft. Após alguns meses, foram realizadas diversas demissões no quadro de funcionários da empresa, com um total de mais de 12 mil ex-funcionários da Nokia sendo mandados para casa.
O futuro
Como podemos ver, o futuro ainda é incerto, pois muitos são os relatos de que a Microsoft irá descontinuar aos poucos o uso da marca Nokia em seus aparelhos, fazendo com que a gigante finlandesa seja lembrada apenas por sua participação no setor de telecomunicações.
Obviamente que isto pode ser apenas uma fase, pois o negócio com a Microsoft não é definitivo, com a Nokia tendo alguns anos para se reestruturar antes de voltar a utilizar o seu próprio nome em smartphones e outros produtos eletrônicos, o que poderá acontecer dentro de alguns anos.
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