Lançamentos 28 Nov
Quando The Callisto Protocol foi anunciado, um pequeno detalhe fez com que todos os olhos fossem voltados para ele: a presença de Glen Schofield, um dos criadores da franquia Dead Space, que colocou o horror espacial de forma inesquecível nos videogames.
Porém, não basta apenas a presença de Schofield, The Callisto Protocol também adota uma temática bem semelhante, colocando o jogador para sobreviver no espaço em situações de desespero diante de criaturas bizarras, brutalidade e uma atmosfera aterrorizante que promete entreter os amantes de um bom survival horror.
Com um elenco de estrelas, como Josh Duhamel (Transformers) e Karen Fukuhara (The Boys), gráficos impressionantes e terror, será que The Callisto Protocol consegue estabelecer outro marco na indústria de jogos ou tropeça na própria ambição de ser o sucessor espiritual de Dead Space? Confira em nossa análise!
The Callisto Protocol se passa em 2320 e traz Jacob Lee (Josh Duhamel) como um ambicioso piloto que faz serviços de transporte de cargas. Ele e seu parceiro Max Barrow (Jeff Schine) recebem um novo serviço: transportar um material volátil para a Prisão de Ferro Negro localizada em Callisto, uma das luas do planeta Júpiter. Esse trabalho será tão lucrativo que ambos poderão se aposentar confortavelmente.
Porém, ele não imaginava que a líder terrorista Dani Nakamura (Karen Fukuhara) estivesse a bordo. Após uma batalha, a nave é severamente danificada e acaba caindo em Callisto, com Max falecendo com o impacto. Jacob e Dani são resgatados pela direção da prisão, mas acabam encarcerados sem direito a julgamento ou defesa.
Sob a tutela do cruel carcereiro Leon Ferris (Sam Witwer), a dupla é torturada e têm uma pequena amostra do lugar. Após acordar, Jacob percebe haver uma rebelião e os presos estão se transformando em monstros sedentos por sangue. Ao sair da cela, ele começa sua jornada para escapar do inferno.
Durante sua tentativa de sobrevivência, Jacob precisará formar alianças inesperadas e buscar respostas para entender o que está havendo, um dos charmes de The Callisto Protocol: brincar com a curiosidade do jogador ao longo das suas 12 horas. Porém, a decisão de despejar todas as explicações no ato final é questionável e traz um problema de ritmo, já que os fatos não conseguem ter desenvolvimento adequado.
Outro problema é o jogo acabar de forma brusca e insatisfatória, mas com a promessa de DLCs no horizonte, fica a dúvida se a companhia irá tomar a decisão polêmica e altamente criticada de outros títulos de esconder o final verdadeiro atrás de uma expansão ou trazer uma sequência com as explicações.
The Callisto Protocol é um jogo survival horror, ou seja, o jogador precisará sobrevir gerenciando seus recursos de forma inteligente para não passar perrengue nos momentos mais dramáticos, além de saber que seus inimigos oferecem perigo significativo e precisarão ser levados a sério em cada confronto, dando uma dose de tensão extra.
No quesito dificuldade, o título flerta com a geração da velha guarda que amava sofrer em Resident Evil e Silent Hill, oferecendo dificuldade acima da média mesmo na dificuldade normal. Particularmente, isso fez uma diferença positiva na minha experiência e me obrigou a pensar duas, até três vezes antes, de tomar qualquer decisão antes de enfrentar um grupo inimigo.
Jacob não é um herói no sentido de poderes ou habilidades acima da média. Ele é como um caminhoneiro espacial desesperado para escapar e sobreviver. Isso reflete em sua movimentação lenta e até mesmo desajeitada, dando uma dose de realismo que eleva a tensão.
Ao contrário de outros survival horror, The Callisto Protocol incentiva o confronto direto e que você mate tudo em seu caminho, mas utilizando o combate corpo a corpo. Ele é composto de um ataque médio, um forte e uma esquiva.
Apesar de simples, a decisão de atrelar o botão de desvio ao mesmo de movimentos rende momentos confusos e imprecisos, algo que evidente quando o jogador precisa lidar com grupos inimigos, tornando a situação impraticável. Por exemplo, quando você está focando em um oponente, poderá acabar desviando de outro e acabar em desvantagem. Isso fica ainda pior em lutas contra inimigos que podem te matar em um único golpe.
Assim que você avançar um pouco na história, receberá outro item importante: uma luva de manipulação gravitacional. Ela permitirá que o jogador levante oponentes e objetos, arremessando-os em armadilhas mortais e dando uma vantagem importantíssima no combate contra grupos. Em diversos momentos de aperto, não sei o que teria feito sem ela e recomendo que use sem medo.
Assim como Dead Space, The Callisto Protocol integra suas informações vitais ao jogo naturalmente, sem a existência de uma interface tradicional. Por exemplo, o NUCLEO inserido na nuca de Jacob irá mostrar constantemente seu nível de vida, enquanto a munição é projetada no visor da arma utilizada. Isso permite maior imersão e torna a experiência mais natural, orgânica.
Apesar de não ser o foco, The Callisto Protocol também conta com armas de fogo. Pelo fato de a munição ser escassa, elas não devem ser a sua primeira opção, salvo lutas contra inimigos mais fortes ou situações de desespero. Porém, durante o combate corpo a corpo, elas também desempenham papel fundamental: Jacob poderá dar um disparo crítico no oponente, removendo pernas e até mesmo braços.
Isso pode mudar completamente o combate. Por exemplo, um oponente que perca o braço se tornará menos ofensivo e outro que tenha sua perna atingida irá rastejar, tendo sua velocidade de movimento afetada significativamente. E antes que se ache esperto: explodir cabeças normalmente não fará seus oponentes morrerem, então não vá com a mentalidade dos zumbis comuns.
Mesmo trazendo uma dinâmica interessante e divertida, as armas contam com um problema grave: o sistema de troca. Ele é confuso, impreciso e em um jogo de sobrevivência onde segundos poderão fazer a diferença, isso acaba sendo frustrante, principalmente diante de chefes.
Na prisão, o jogador encontrará impressoras 3D de última geração que poderão construir armas, recursos e aprimoramentos para os equipamentos de Jacob. Esse sistema de criação é extremamente simples e senti falta de o traje do personagem também estar na lista de melhorias.
The Callisto Protocol herda outro elemento de Dead Space: as execuções brutais. Cada morte de Jacob é uma cena digna de Mortal Kombat, repleta de sangue, mutilações e vísceras sendo espalhadas pela tela. Apesar de serem bacanas, são bem limitadas e não podem ser puladas. Em alguns trechos mais difíceis, onde você morrerá algumas vezes, ficar preso na mesma animação constante sem poder pular acaba sendo torturante e irritante.
Um ponto que merece ser citado é como The Callisto Protocol é linear. Isso é um problema? Depende. Outros jogos nesse estilo trazem incentivos para uma nova jogatina ou para explorar cenários já visitados. Aqui, não há nada para fazer após zerar, contando com um fator replay praticamente nulo.
Os inimigos do jogo são criativos e possuem um design fabuloso, além de terem clara inspiração em outras criaturas icônicas da cultura pop. Porém, sofrem de diversidade, o que acaba caindo na repetição de enfrentar as mesmas criaturas. Os chefes são escassos e um deles é repetido diversas vezes, tirando qualquer fator surpresa ou desafio.
Graficamente, The Callisto Protocol traz gráficos impressionantes. Os modelos de personagens, criaturas e cenários são belíssimos e demonstram um trabalho fabuloso do estúdio. As animações são naturais e extremamente realistas, contribuindo para a imersão na aventura.
No PlayStation 5, recomendo que você jogue utilizando o fone Pulse 3D para não perder nenhum detalhe da mixagem de som, mergulhando completamente na atmosfera aterrorizante. Já o DualSense é utilizado de forma inteligente, como quando personagens falam com você pelo rádio e o som sai no próprio controle.
Apesar das versões de Xbox Series X|S e PC estarem enfrentando bugs complexos, apenas experiencieis problemas na física e quedas leves nas taxas de quadro por segundo, além de algumas texturas que não carregaram adequadamente. Felizmente, isso poderá ser corrigido em atualizações futuras.
Vale lembrar que o jogo não possui dublagem em português, mas conta com legendas em nosso idioma, facilitando a experiência daqueles que não dominam inglês.
The Callisto Protocol é um projeto ambicioso que possui mais pontos positivos do que negativos. Apesar de trazer boas ideias, ele tropeça na execução de alguns detalhes, como a troca de armas e o sistema de esquiva, mas seu principal problema é a expectativa criada pelos jogadores de que o título fosse o novo Dead Space.
Para o primeiro título de uma nova franquia, o jogo consegue estabelecer uma fundação sólida que poderá render bons frutos, basta que o estúdio aprimore os pontos fracos para a sua sequência. Se você quer uma experiência de horror espacial para fugir dos jogos atuais, The Callisto Protocol é uma ótima opção para a primeira vez, mas oferece poucos atrativos para que os jogadores retornem para mais uma aventura.
Se você quer uma experiência de horror espacial para fugir dos jogos atuais, The Callisto Protocol é uma ótima opção para a primeira vez, mas oferece poucos atrativos para que os jogadores retornem para mais uma aventura.
The Callisto Protocol já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC.
The Callisto Protocol mostra o poder da Unreal Engine trazendo gráficos realistas com modelos e cenários impressionantes.
Apesar de ser um survival horror, o jogo traz combate agressivo divertido, mas que peca no sistema de esquiva e troca de armas de fogo.
O título traz uma trama interessante, mas que sofre pela falta de ritmo, além de trazer um final insatisfatório.
Com um trabalho de mixagem fenomenal, The Callisto Protocol é o tipo de jogo que PRECISA ser jogado com um bom headset.
Com uma atmosfera aterrorizante e parte técnica competente, o jogo é um survival horror tenso e com bons momentos de adrenalina.
The Callisto Protocol não é novo Dead Space e isso não é um problema. Ele é o início de uma franquia promissora, basta que os erros sejam corrigidos.
*O TudoCelular agradece a TheoGames por ceder uma cópia de The Callisto Protocol no PlayStation 5 para análise!
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