O Galaxy Book 4 Edge chegou ao Brasil como o primeiro laptop da Samsung com Snapdragon X Plus, fazendo parte da nova geração de PCs com Copilot Plus que focam no uso de funções de Inteligência Artificial para facilitar o dia a dia dos usuários.

Com preço sugerido salgado de R$ 8 mil, ele tem alguns cortes notáveis em relação a outros modelos da linha Galaxy Book 4. Mas será que ainda assim vale a pena pagar o que a Samsung pede por ele? É hora de descobrir.

O Galaxy Book 4 Edge não foge do resto da linha quando falamos do design, sendo visto o mesmo corpo de alumínio com cantos arredondados, laterais planas e tampa externa minimalista, onde aparece apenas o logo da Samsung com acabamento espelhado em baixo relevo. A maior diferença aqui está na cor, já que ele vem em um Prata Azulado enquanto os demais normalmente são vistos em Grafite.

Suas dimensões lembram o Galaxy Book 4 base, com 1,5 cm de espessura e 1,5 kg de peso, o que já vai ser suficiente para levar o notebook na mochila sem se incomodar com volume ou peso. Além disso, a lateral tem uma curvatura que deixa a parte da frente mais fina, dando destaque para a área onde estão as conexões.

Um extra legal é que o Galaxy Book 4 Edge tem dobradiça em 180° para a tela, o que permite que ele seja usado em ângulos bem mais amplos que o normal, inclusive totalmente “esticado” para mostrar apresentações ou vídeos em uma mesa para todo mundo ao redor, por exemplo.

A tela tem bordas laterais e superior relativamente finas, com a inferior sendo maior. Não são bordas tão finas quanto dos Galaxy Book 4 Pro, 360 e Ultra que trazem tela AMOLED, mas ainda assim ficam dentro do esperado para um laptop premium. A webcam de 2 MP fica na borda superior, centralizada, não trazendo trava física de privacidade mas funcionando bem no geral.

Já em relação ao teclado temos o primeiro corte mais notável frente aos modelos realmente premium da família. As teclas têm um bom tamanho e espaçamento, sendo de perfil baixo e trazendo teclado numérico dedicado, assim como tecla para o Copilot e até leitor de impressões digitais. Parece tudo bem né? Mas ele não tem retroiluminação.

Não dá para saber até que ponto esse é um corte de custo na fabricação que faz sentido, especialmente quando olhamos o preço sugerido do notebook, mas é bem esquisito usar o Galaxy Book 4 Edge em locais mais escuros por causa disso. O trackpad não se destaca de forma positiva nem negativa, ficando dentro do esperado em tamanho e resposta aos toques.

Nas conexões, temos ao lado direito uma USB-A 3.2, uma porta P2 para fones de ouvido e um leitor de cartão micro SD, enquanto do lado esquerdo ficam duas USB-C e uma HDMI. As conexões wireless são Bluetooth 5.3 e Wi-Fi 7. Novamente, a impressão é que cabia pelo menos mais uma USB-A aqui para conectar periféricos, já que o Book 4 tem até porta Ethernet em um tamanho muito próximo.

A caixa do Galaxy Book 4 Edge é bem parecida com a do Book 4 360, tendo tamanho compacto e trazendo o notebook, carregador de 65 W, cabo USB-C e manuais de forma bem organizada.

As semelhanças com o Galaxy Book 4 base seguem na parte de tela, sendo novamente visto um painel LED básico com resolução Full HD e acabamento antirreflexo, sem touchscreen ou taxa de atualização avançada. É uma tela até ok para modelos mais simples, com bom ângulo de visão e cores naturais, mas é impossível não sentir o baque quando comparado a um modelo da própria família com tela AMOLED, como o Book 4 360.

As cores parecem um pouco apagadas, e as configurações permitidas no sistema não conseguem compensar muito isso, além do nível de brilho não ser dos melhores, o que força a usar o notebook com brilho máximo ou próximo disso em qualquer lugar minimamente iluminado.

Além da tela, o sistema de som também sofreu um golpe duro aqui. Temos som estéreo com Dolby Atmos, é verdade, mas são dois alto-falantes de 1,5 W cada que não fazem muita coisa, e ainda apresentam um som meio abafado pela posição dos alto-falantes voltados para baixo. É um som inferior ao próprio Galaxy Book 4 base, que tem duas saídas de 2 W cada.

Se a tela e o som não empolgam, ao menos a performance do Galaxy Book 4 Edge se mostrou melhor que o esperado. O Snapdragon X Plus presente nele é a versão octa-core mais básica possível, identificada pelo código X1P-42-100, sendo inferior a outros modelos que vimos no Brasil.

O chip traz CPU de oito núcleos com clock até 3,2 GHz e clock boost até 3,4 GHz em single-core, aliado a uma GPU Adreno de apenas 1,7 TFLOPS, com um total de 30 MB de cache. O ponto positivo é que outros fatores foram mantidos e se igualam ao que temos até no Snapdragon X Elite, como a NPU de 45 TOPS e o suporte a RAM LPDDR5X de altíssima velocidade.

Por trazer 16 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno, o Galaxy Book 4 Edge entrega uma performance bastante fluida durante tarefas diárias, podendo ser usado para navegar na internet, assistir vídeos, trocar mensagens no Telegram, criar arquivos de textos ou planilhas e muito mais. Foi possível até mesmo editar fotos no Photoshop e vídeos no Premiere, mas aqui cabe um adendo.

Por trazer uma GPU mais limitada — algo comprovado pelos testes de benchmark onde ele mostrou pontuação bem inferior ao Intel Core 7-150U do Galaxy Book 4 360 — ele não vai conseguir lidar muito bem com telas em altíssima resolução e vídeos em 4K com taxas mais altas, servindo apenas para edições mais básicas para redes sociais sem muitas camadas.

Isso é visto inclusive ao rodar vídeos por streaming em 4K usando um monitor externo com essa resolução nativa, sendo notada uma certa lentidão em alguns momentos quando o vídeo está sendo reproduzido.

Os números de benchmarks do Galaxy Book 4 Edge foram:

• 3DMark Steel Nomad Light: 1.139 (8,44 fps)
• GeekBench 6 CPU: 2.401/11.340
• GeekBench 6 GPU OpenCL: 9.676
• GeekBench 6 GPU Vulkan: 11.399
• GeekBench AI ONNX CPU: 1.889/3.050/6.115
• GeekBench AI ONNX QNN: 1.894/15.632/27.1005

Por outro lado, a NPU realmente brilha, e usar funções de IA são muito mais fluidas do que no chip da Intel presente no Book 4 360. Você vai conseguir gerar imagens no Photoshop, aplicar filtros de processamento no Premiere ou gerar textos completos com o Copilot em pouquíssimo tempo, além é claro de aproveitar as funções de IA nativas do Windows como legendas em tempo real, efeitos de estúdio e o Paint com Cocriador.

Mas dá para jogar? Sim, você vai até conseguir rodar alguns jogos mais simples no Galaxy Book 4 Edge, desde que reduza a qualidade gráfica e não espere uma fluidez impecável. Rodamos Portal 2 na qualidade média com taxa de 60 fps, enquanto eFootball rodou no baixo com taxa acima dos 30 fps e CS 2 ficou também acima disso na qualidade baixa.

Um ponto importante que sempre precisamos destacar quando falamos de notebooks com chip ARM, como é o caso do Book 4 Edge, é que sim, você ainda vai encontrar alguns problemas de compatibilidade. O jogo Valorant, por exemplo, não pode ser executado, e vários programas ainda rodam por emulação, mas no geral nesses casos a performance não deixa a desejar.

Outro ponto importante, mas aqui de forma positiva, é o sistema de resfriamento. O notebook ficou frio durante todo o tempo de uso, mesmo com temperatura ambiente acima dos 30°C, e sequer foi possível ouvir sua ventoinha trabalhando mesmo em tarefas mais pesadas, algo que parece ser padrão dos laptops com Snapdragon X.

O Galaxy Book 4 Edge vem com Windows 11 Home rodando de fábrica, trazendo como diferenciais os apps da própria Samsung, como o Quick Share, o Second Screen, a Galeria Samsung e o SmartThings. Por ser um modelo com selo Copilot+, ele ainda tem acesso ao Recall e outras funções de IA desenvolvidas pela Microsoft, que funcionam como o esperado.

O Galaxy Book 4 Edge tem bateria grande de 61,2 Wh, e isso aliado ao chip bastante eficiente ajuda a fazer dele o modelo da família com melhor autonomia de bateria.

Em um dia de uso padrão, tirando o notebook da tomada às 7h e usando durante todo o dia para produzir textos, criar imagens no Photoshop, conversar pelo Telegram e navegar no Edge, ele chegou às 16h com cerca de 40% da carga restando, isso usando o brilho da tela em 80% e mantendo o modo de desempenho em Otimizado. Pela média, é possível ter mais de 15 horas de autonomia nesse cenário.

Aqui, vale lembrar justamente do padrão de uso. Se você usar um monitor externo em 4K e executar muitas aplicações gráficas, mantendo o modo de desempenho em Alto Desempenho, esse tempo cai quase pela metade, ficando mais perto das 9 horas alcançadas por outros laptops da linha Galaxy Book 4.

Com o carregador de 65 W que vem na caixa, você consegue cerca de 45% da carga após meia hora na tomada, o que fica dentro da promessa da Samsung. Com uma hora essa marca sobe para 65%, e o laptop precisa de 2 horas para chegar a 100%.

O Galaxy Book 4 Edge marca a estreia dos chips Snapdragon X em um laptop da Samsung no Brasil, e a verdade é que as sensações são mistas aqui.

Ele tem uma performance legal para o dia a dia, muita potência em processamento de IA, e bateria que dura muito mais que os outros modelos da linha Galaxy Book 4, tudo em um corpo resistente de alumínio fino e leve.

Por outro lado, a tela e o som estão bem abaixo de outros modelos em uma faixa de preço similar, o teclado sem retroiluminação não faz muito sentido e a performance gráfica remete a laptops básicos, além de ainda serem vistos alguns problemas de compatibilidade de programas com a arquitetura ARM.

O grande rival para o Galaxy Book 4 Edge no Brasil é o Dell Inspiron 14 Plus, que entrega tela, som e desempenho melhores, teclado retroiluminado, duração de bateria similar, e corpo um pouco mais gordinho, mas mais leve. Ele custa basicamente o mesmo do modelo da Samsung, sendo uma opção mais equilibrada.

O próprio Galaxy Book 4 360 é uma alternativa viável, trazendo chip Intel com GPU mais robusta e CPU bem parecida, mas com menos processamento de IA por não ter NPU. A autonomia de bateria também é menor, mas pelo menos recarrega mais rápido, e o conjunto multimídia é bem melhor com tela AMOLED touchscreen e som mais potente. Tudo por um preço bem mais baixo.

No geral, o Galaxy Book 4 Edge é voltado para quem quer se manter no ecossistema Galaxy e preza por autonomia de bateria acima de tudo, sem ficar na mão em tarefas diárias, com ótima performance em funções de Inteligência Artificial e corpo portátil para ser levado por aí sem dificuldade.

E você, o que achou do Galaxy Book 4 Edge? Acredita que a Samsung poderia ter trazido as versões mais premium dele ao Brasil primeiro? Comenta aí embaixo!