Feiras e eventos 18 Set
O ano de 2019 foi marcado por uma série de ataques cibernéticos e questões relativas a segurança digital, como vazamento de dados e outras ameaças. Pensando nisso, a Kaspersky, empresa de segurança digital, divulgou sua análise do último ano e suas projeções para o próximo ano.
Segundo a empresa, o ano que vem deve testemunhar o retorno do ransomware direcionado a cadeias de suprimentos, pois eles se provaram muito lucrativos e com maior retorno para os criminosos. Outro ponto que deve chamar a atenção para 2020 é a manipulação da opinião pública, e as eleições municipais brasileiras devem ser palco para desinformação e ameaças.
Outro fator que pode significar ameaças para uma série de usuários é o fim do suporte da Microsoft ao Windows 7 que, na América Latina é o sistema adotado por 28,5% dos usuários e, no Brasil, o número sobe para 36,5.
Para entender mais sobre como as ameaças podem afetar usuários brasileiros, o TudoCelular conversou com o exclusividade com o head da operação brasileira da Kaspersky, Roberto Rebouças. Na entrevista, o executivo alerta sobre golpes envolvendo a Black Friday e sobre como o Brasil mudou de patamar, de vítima a produtor e até exportador de ataques virtuais.
A entrevista completa está no vídeo fixado no topo da matéria. Confira a seguir os principais destaques:
O padrão de uso da Internet mudou. A maioria dos brasileiros usa o smartphone como principal meio de conexão, mas há um problema. Embora o Android tenha mecanismos de segurança do Google, dispositivos móveis não contam com mecanismos de segurança eficazes contra ameaças online.
O grande X dessa questão é que as pessoas cada vez mais estão usando a Internet e fazendo as suas compras através do telefone celular. No Brasil, hoje, 60% dos usuários trabalham na Internet no telefone, não mais no desktop, e o telefone não tem nenhuma segurança, nada, zero. Isso é um problema, porque no telefone você não consegue detectar facilmente que você está num site falso, então a principal dica é: não acredite que o que você tem no telefone é seguro, você tem que ter um aplicativo de segurança no telefone. Isso já não é algo que você deve ter, mas que você precisa ter"
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
A Black Friday é um dos momentos em que o usuário mais deve prestar atenção, por conta das ameaças, como roubo de dados bancários. Rebouças adverte para os riscos e sugere cautela quando ver preços que impressionem:
A gente vê um número crescente de ataques desse tipo. Na verdade, é uma coisa bem simples: a tentativa de convencer o usuário a fornecer seus dados bancários, seus dados de cartão de crédito. E como faz isso? O criminoso vai mandar para você uma mensagem te oferecendo algo irresistível [...]. Então, fora a parte de proteção digital, eu acho que a primeira coisa que a gente tem que ter - e é uma coisa que a gente tinha antigamente, aquela coisa de 'quando a esmola é demais, o santo desconfia'- e hoje as pessoas confiam em primeiro lugar. A primeira coisa que a gente tem que ter é um pouco mais de discernimento sobre se aquilo faz sentido ou não".
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
Apesar de já ser uma ameaça relativamente antiga e conhecida das empresas de segurança, o phishing ainda é eficaz. Rebouças não vê nenhuma mudança, mas pelo alto alcance do ataque que tem o objetivo de roubar dados bancários.
A palavra phishing significa pescar, então eu vou jogar centenas de milhares de mensagens na expectativa de que alguns vão cair, vão colocar o dedo naquele link. Não é que ele é bem sucedido porque é muito bem dirigido, mas porque é um volume muito grande e alguns sempre vão cair nisso e serem crentes o suficiente, e o bem que está sendo oferecido é parte do que o usuário realmente quer.
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
Se, por um lado, o Brasil é o sexto lugar mundial de ameaças móveis, do outro, o país passa a produzir ameaças e até exportá-las. Por isso, o desafio para as empresas é criar soluções pensadas no mercado e em características nacionais, como boletos bancários, algo que não acontece no mercado russo, país-sede da Kaspersky.
Quando a gente fala que o Brasil está sendo um produtor [de ataques], significa que tem muita coisa que passa a ser 100% local e passa a não ter uma visibilidade internacional. Onde isso é importante? Você passa a ter empresas que vão proteger o seu dispositivo e vão ter um conhecimento e uma pesquisa do que acontece dentro do país, porque muitas vezes não é algo que vem de fora, é algo que só é visto dentro do país, esse é o grande problema de você ter uma produção nacional
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
Outra preocupação são as eleições municipais. Como primeira preocupação para o próximo ano, a Kaspersky destaca a manipulação da opinião pública, e o cenário eleitoral é campo fértil para isso. E, além das fake news, o uso de notícias antigas para um contexto diferente também pode gerar desinformação.
O grande problema das fake news é que elas não são 100% fake. Existe hoje um reaproveitamento de notícia velha: pego uma notícia de três, quatro, cinco anos e divulgo como se ela fosse pertinente ao mundo atual e tento fazer a ponte entre o que estava sendo noticiado e o que tem hoje, só que a notícia era verdadeira. Então, como é que você vai detectar e conseguir bloquear esse tipo de coisa? Eu diria que essa é a pergunta do milhão. Facebook, Instagram, LinkedIn... Todo mundo lida com esses problemas, e como derrubar essas notícias? Nós estamos trabalhando e parte da nossa equipe de pesquisa buscando trabalhar com isso como se fosse um feed, alguns dos nossos produtos já começam a detectar algumas coisas, mas esse é um trabalho que ainda está no início.
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
Por fim, Rebouças dá dicas para evitar sofrer ameaças online. A primeira delas está em um elemento simples: o Wi-Fi:
A primeira coisa que eu diria, e essa é provavelmente uma característica do brasileiro, é chegar em algum lugar e pedir: 'qual é a senha do Wi-Fi?'. Use os dados que você tem no telefone. Você não sabe qual é a segurança do ponto de Wi-Fi que você está se conectando. Não assuma que tudo é seguro por natureza. Por natureza, tudo é inseguro. Tenha uma segurança que você está habilitando a mais, algo uqe vcocê colocou. Não assuma que só porque você está em um serviço que você está sendo fornecido, é seguro, porque não é.
Roberto Rebouças, head da Kaspersky no Brasil
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