Desde o final do último mês de setembro, o Facebook tem seu nome envolvido em denúncias de uma ex-funcionária sobre preferir o lucro à segurança de seus usuários. Esta não é a primeira vez que a empresa se vê em um escândalo que engloba as suas políticas de privacidade.

Mas no que consistem essas alegações e como elas se desmembrarão a partir de agora? E o que o Facebook já deu de respostas sobre o caso? O Detetive TC separou todos os detalhes para passar a você. Confira:

Em setembro, documentos internos do Facebook foram vazados e mostraram uma série de descontentamentos por parte de funcionários em relação às práticas da rede social de Mark Zuckerberg.

As informações reveladas indicam vários atos da empresa que têm sido investigados. Entre eles, está o tratamento diferenciado a celebridades, as quais podiam postar conteúdo sob regras distintas em relação aos usuários comuns. Um dos casos ocorreu com Neymar, quando a plataforma permitiu que ele postasse foto de uma mulher nua após ser acusado de estupro., em 2019.

Outra situação, também ocorrida em 2019, dava conta de uma resposta “fraca” do Facebook depois das preocupações de funcionários sobre o tráfico de pessoas no Instagram. Os documentos indicam que o serviço tinha conhecimento do tema, mas tomou medidas pequenas diante dos fatos.

Alguns slides mostraram que a mídia social ainda tinha conhecimento que o Instagram seria “tóxico” aos adolescentes. Um estudo interno mostrava que 32% das adolescentes do sexo feminino disseram que, quando se sentiam mal com seus corpos, a plataforma as fazia ficar pior.

Para completar, o Facebook também estaria com um grande processo por parte de acionistas, com críticas sobre o pagamento de US$ 5 bilhões à FCC para dar um fim ao escândalo da Cambridge Analytica como forma de proteger Zuckerberg, além de o vazamento mostrar que a rede promove campanhas positivas sobre si mesmo na própria plataforma, para limpar a sua imagem.

Na última semana, a ex-gerente de produtos do Facebook, Frances Haugen, prestou depoimento ao Senado dos Estados Unidos. Ela afirmou ter sido a autora dos vazamentos e deu declarações polêmicas sobre a empresa na qual trabalhou desde 2019.

Na principal delas, ela disse que a empresa não fará mudanças necessárias para tornar seus serviços mais seguros “porque colocou seus lucros astronômicos antes das pessoas”. Haugen reforçou que a companhia esconde de propósito informações essenciais aos usuários, ao governo dos EUA e de todo o mundo.

A ex-funcionária também acrescentou que o Facebook não muda o algoritmo para se tornar mais seguro pois, se o fizer, “as pessoas vão passar menos tempo no site, vão clicar em menos anúncios, e eles vão ganhar menos dinheiro”. A plataforma ainda teria conhecimento que classificações baseadas em algoritmos ou em engajamento mantêm as pessoas nos sites dela por mais tempo.

Frances agora conversará com o Comitê Conjunto do Parlamento do Reino Unido. Esta será a primeira vez que a depoente falará fora dos Estados Unidos. O presidente do grupo, Damian Collins, destacou que a importância das informações aumentará a necessidade de uma regulação das gigantes de tecnologia.

“É preciso haver maior transparência nas decisões que empresas como o Facebook tomam quando trocam a segurança do usuário pelo seu engajamento.”

Damian Collins

Presidente do Comitê Conjunto do Parlamento do Reino Unido

Na última segunda-feira (11), Haugen confirmou que irá se reunir com o Comitê de Supervisão do próprio Facebook. Ele se trata de um grupo independente voltado a analisar decisões de moderação da plataforma. A ex-executiva já contou que a rede social mente para o conselho várias vezes e agora irá compartilhar a verdade com os seus membros.

Por outro lado, o Comitê emitiu um comunicado no qual ressalta a importância da transparência nas normas seguidas por empresas do tamanho do Facebook.

“As escolhas feitas por empresas como o Facebook têm consequências reais para a liberdade de expressão e os direitos humanos de bilhões de pessoas em todo o mundo. Nesse contexto, a transparência em torno das regras é essencial.”

Comitê de Supervisão do Facebook

Mark Zuckerberg respondeu às declarações da ex-funcionária em seu perfil na rede social. Ele disse que a organização tem profunda preocupação com questões como segurança, bem-estar e saúde mental, além de alegar que existe “uma falsa imagem que está sendo pintada da empresa”. O executivo completou que “simplesmente não é verdade” sobre priorizar lucros no lugar da segurança dos usuários.

Por outro lado, informações desta quarta-feira (13) do New York Times sinalizam que o Facebook tentou parar os vazamentos ao tornar privados alguns quadros internos de mensagem. Em nota ao jornal americano, o serviço afirma que a mudança estava em andamento há meses, como forma de afastar o contexto de mudança apenas neste momento de revelações internas.

“Os vazamentos diminuem a eficácia, eficiência e moral das equipes que trabalham todos os dias para enfrentar os desafios que vêm com a operação de uma plataforma para bilhões de pessoas. Eles também podem colocar os funcionários trabalhando em assuntos sensíveis em risco externamente e levar a tópicos complexos sendo deturpados e mal interpretados.”

Facebook

Qual é a sua avaliação sobre toda essa polêmica que envolve as novas denúncias contra a atuação do Facebook na área de segurança digital? Interaja conosco no espaço abaixo.