Um estudo da Kaspersky aponta relação direta entre o uso de dispositivos digitais por parte dos pais e o tempo de utilização dos filhos. 91% dos brasileiros afirmaram passar três horas ou mais nos aparelhos eletrônicos, sendo que 86% dos filhos passam o mesmo período de tempo conectados.

O Brasil está no top dos países com mais crianças viciadas em tecnologia. Além disso, o tempo de uso da internet pelo celular aumentou 23% no país e 20% dos brasileiros já não ficam mais de 30 minutos sem celular.

A propensão das crianças a reproduzirem os hábitos dos pais não é nenhuma novidade, e aqueles que tangem o mundo digital não ficam de fora desse mecanismo psicológico.

Quando os pequenos veem seus pais usando dispositivos constantemente, consideram esse comportamento como regra e fazem o mesmo, como defende Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky na América Latina:

[Mostramos] anteriormente que os pais brasileiros têm dificuldade em seguir as regras estabelecidas com seus filhos e agora mostramos que as crianças são um reflexo dos hábitos digitais dos adultos. Espero que esteja claro para todos que a educação infantil deve começar com uma autoavaliação e uma reflexão sobre que tipo de ser humano nós, como pais, queremos formar e o que nós mesmos fazemos para sermos desta forma. E este conceito não se limita à internet, se falamos palavrões, nossos filhos também falarão, se fomos desrespeitosos com alguém, estamos dando o exemplo para as crianças.

Embora a pandemia tenha aumentado significativamente o tempo de tela geral, visto que atividades como trabalho e estudo passaram a ser realizadas online, os reflexos dos hábitos digitais paternos também acompanham os filhos em outras atividades diárias.

Crianças cujos pais costumam usar dispositivos durante refeições passam 39 minutos diários adicionais conectados. Quando há a troca de mensagens online durante conversas presenciais, a prática acrescenta em média 41 minutos de exposição dos pequenos às telas.

Segundo os terapeutas Birgitt Hölzel e Stefan Ruzas, da clínica de Munique Liebling + Schatz, o tempo que as crianças passam online pode ter interferência em seu desenvolvimento:

As crianças se beneficiam muito mais da interação tangível com o mundo real do que do consumo de informações digitais. Por exemplo, as que têm menos de 12 anos de idade ainda têm um longo caminho até atingir uma capacidade de abstração comparável à de adultos. Primeiro, elas precisam aprender a sentir, ouvir, ver, cheirar e degustar o mundo. [...] Muitos pais estão convencidos de que é suficiente regulamentar claramente o tempo que as crianças usam essas mídias e controlar o tipo de conteúdo a que elas têm acesso. Mas, em vez de se preocupar com punições efetivas, primeiro deveriam reduzir seu próprio consumo.

A Kaspersky incentiva o investimento de tempo na comunicação com as crianças sobre medidas de cibersegurança e maior atenção aos hábitos digitais. A empresa também sugere a utilização de aplicativos de controle para pais.