Economia e mercado 05 Jun
A inteligência artificial (IA) é um campo que está evoluindo cada vez mais e agora cientistas da Universidade de Johns Hopkins, nos EUA, planejam criar computadores vivos utilizando neurônios humanos feitos em laboratório a partir de células-tronco. A ideia é algo similar a mente humana para aprimorar o desenvolvimento de inteligências artificiais.
Segundo a publicação no portal Frontiers in Science, o estudo foi assinado por 21 cientistas especialistas nas suas áreas de pesquisa liderados pelo biólogo e engenheiro Thomas Hartung.
A técnica utiliza células coletadas na pele ou no sangue para criar células-tronco programadas para funcionar como neurônios chamados de "organoides cerebrais". Eles são fixados em placas com eletrodos e um sistema artificial para mantê-los vivos enquanto processam informações.
Estudos iniciais mostraram que os organoides cerebrais podem realizar algumas tarefas e até jogar videogame por meio de um aprendizado inicial, mas o potencial deles pode ser maior. Veja o que um dos cientistas do projeto disse em uma entrevista ao Frontiers in Science:
Antevemos a criação de interfaces complexas em rede, nas quais os organoides cerebrais seriam conectados com sensores para captar o mundo real, com dispositivos de saída (outuput) e, finalmente, conectados entre si e com organoides de órgãos sensoriais (por exemplo, organoides da retina dos olhos).
A ideia é que os neurônios ajudem a tornar os computadores mais eficientes tanto em termos de IA quando energia, pois supercomputadores já utilizam até 20 milhões de watts para operar, enquanto um cérebro humano funciona com até 10 watts.
Embora a ideia seja promissora, Yuval Noah Harari, um dos envolvidos no estudo, disse a revista L’Express que a ciência ainda precisa evoluir e nem todos os objetivos podem ser alcançados no momento devido a limitações tecnológicas.
Para se ter uma ideia, um organoide do tamanho de um grão de areia tem cerca de 50 mil ligações neurais, algo difícil de ser lido por apenas um sensor, embora esta barreira possa ser superada com a optogenética para facilitar a comunicação entre neurônios artificiais e reais.
Ainda que as armas nucleares não possam inventar bombas mais potentes, a IA pode criar inteligência exponencialmente mais poderosa. A primeira etapa crucial consiste em exigir controles de segurança rigorosos antes que essas ferramentas estejam difundidas no domínio público.
Uma das justificativas é que os aparelhos eletrônicos de silício ainda são mais poderosos e resistentes que os organoides cerebrais. Além disso, os autores do estudo propõem que seja criado um comitê de ética para o desenvolvimento desta tecnologia que pode ajudar até no tratamento de doenças neurológicas.
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