09 Junho 2023
Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros descreve um tratamento que pode ser revolucionário no combate ao crescimento de tumores. A técnica — testada no melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele — manipula o sistema nervoso com a superativação de neurônios sensoriais, provocando a inibição do crescimento do tumor e a diminuição de seus vasos sanguíneos.
O câncer é considerado o principal problema de saúde pública em todo o mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Há tempos a ciência se dedica ao desenvolvimento de técnicas de combate à doença.
Alguns dos avanços recentes incluem a criação de um capacete magnético, que trata tumores no cérebro sem cirurgias, e a descoberta de uma proteína que pode ser a chave para combater todos os tipos de câncer.
O estudo sobre o novo tratamento do câncer de pele foi feito por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG em parceria com outras universidades brasileiras e publicado na revista Acta Neuropahologica Communications.
Segundo a pesquisa, os nervos sensoriais, responsáveis pelas funções involuntárias do corpo — como respiração e batimentos cardíacos — também se infiltram nos tumores cancerígenos. O tratamento consiste em uma tentativa de controlar a atividade dos neurônios para impedir a propagação das células de câncer.
Surpreendentemente, a redução da atividade de neurônios sensoriais provocou o crescimento dos tumores. Com a ação contrária, ou seja, a superativação, o crescimento do tumor acabou inibido. Também houve uma melhora da resposta imune: o número de linfócitos antitumorais que se infiltram no tumor aumentou, ao passo que se observou a redução das células imunossupressoras.
A partir do estudo, os pesquisadores pretendem desenvolver tratamentos mais eficientes e menos tóxicos contra o câncer utilizando neurônios. A quimioterapia é um método invasivo que, embora mate as células cancerígenas, danifica as células saudáveis do organismo, especialmente do sangue e da pele. O grupo agora está explorando a função dos neurônios sensoriais em outros tipos de câncer, como de mama, próstata e pulmão.
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