
Tech 16 Dez
18 de dezembro de 2024 11
Desde o anúncio de seus núcleos Oryon para smartphones com o Snapdragon 8 Elite que a Qualcomm vem enfrentando duras críticas da ARM, chegando ao ponto de ser travada uma batalha judicial sobre o uso de tecnologias supostamente proprietárias da ARM nos chips Qualcomm que herdam tecnologia da Nuvia. O julgamento sobre o caso teve início nesta segunda-feira (17), e pelo visto nenhum dos lados irá ceder.
Durante a sessão desta terça-feira (18), os advogados de Qualcomm e ARM questionaram Gerard Williams, engenheiro que trabalhou na Apple com os chips M1 e posteriormente fundou a Nuvia, empresa comprada pela Qualcomm por 1,4 bilhão de dólares em 2021. A grande pergunta que todos querem resposta é: o quão importante foram os núcleos ARM no projeto da Nuvia. E, pelo visto, não muito.
Gerard Williams afirmou que "1% ou menos" do design final dos chips Nuvia tinha alguma tecnologia da ARM, sendo apenas baseados nas instruções ARMv8, mas sem ligação com os núcleos próprios da ARM como feito pela Qualcomm até então, onde eram usados Cortex-X e Cortex-A na base de seus núcleos Kryo. A grande questão é que o contrato da ARM aparentemente dizia que "qualquer tecnologia derivada" ou "modificações" feitas em seu design já configurariam o pagamento de royalties.
Para entender a questão, precisamos voltar um pouco no tempo, indo a 2019. Na fundação da Nuvia, foram assinadas duas licenças com a ARM, sendo um Contrato de Licença de Tecnologia (TLA) e um Contrato de Licença de Arquitetura (ALA). O primeiro seria focado em retrabalhar seus núcleos já existentes, enquanto o segundo focaria no desenho de núcleos customizados.
Como o foco dos engenheiros era em projetar designs próprios, eles apenas estudaram os componentes da ARM, mas sem usar — ou usando bem pouco — de seu design. Com isso, os chips da Nuvia foram projetados usando as instruções ARMv8, mas todo o design dos chips foi totalmente criado por eles próprios, incluindo organização de cache, unidades de processamento, barramentos de comunicação e tudo mais. Ou seja, sem usar a parte dos Cortex que demandaria o pagamento de royalties.
Após a compra da Nuvia pela Qualcomm, a ARM procurou a empresa para renegociar os termos de seu contrato de licenciamento, algo que a Qualcomm se recusou a fazer por já estar coberta por seu próprio Contrato de Licença de Arquitetura, segundo ela. Isso deu início ao embate entre ambas, com a ARM chegando a dizer que a Qualcomm deveria "destruir os designs da Nuvia" antes da aquisição.
Do lado da Qualcomm, estima-se que cerca de 300 milhões de dólares são pagos à ARM por ano graças ao licenciamento dos núcleos Cortex — ainda usados como base para praticamente todo o portfólio de celulares, com exceção ao Snapdragon 8 Elite. Já a ARM afirma estar recebendo cerca de 50 milhões a menos por ano do que deveria — contando desde que a Qualcomm começou a usar os núcleos Oryon em seu Snapdragon X Elite, apresentado em outubro de 2023.
De uma forma ou de outra, é esperado que o julgamento tenha uma conclusão ainda esta semana, e o próprio CEO da Qualcomm Cristiano Amon sentará no banco das testemunhas para depor sobre o caso. Se o tribunal do júri dará ganho de causa para a ARM ou para a Qualcomm, só o tempo dirá, mas é possível que a relação entre ambas nunca mais seja a mesma, fazendo com que os núcleos Oryon passem a ser vistos em mais chips da linha Snapdragon em um futuro próximo.
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