A Google teve dificuldades em controlar o problema da pirataria na Play Store desde fevereiro, e dessa vez não se trata de usuários consumindo conteúdos de graça, e sim de "criadores" de conteúdos roubando as criações alheias, colocando seus próprios nomes e vendendo como se fossem suas. O problema não é tão recente, mas veio novamente à tona, e pode ainda ter seus reflexos na loja de conteúdos da gigante.

O The New York Times publicou uma matéria em sua coluna The Haggler sobre o caso e postou o relato de Robin Landa, uma autora que alega ter seu livro literalmente roubado por outra pessoa, que passou a vendê-lo na Play Store com capa e nome alterados.

A pirataria de livros assumiu uma nova forma. Alguém digitalizou todo o meu e-book, "Graphic Design Solutions," criou uma nova capa e vende na Google Play. É o mesmo e-book, literalmente, e no interior são as mesmas imagens, mesmo layout e as mesmas entrevistas. A única diferença é o nome do autor. Uma pessoa chamada Jazmin Bonilla recebe o crédito. Meus royalties despencaram, o que afeta minha capacidade de doar para bolsas de estudo dos meus alunos universitários. Tanto o meu editor quanto eu temos notificado à Google, mas nenhuma ação foi tomada.

A autora enviou o problema para o The New York na esperança de que a Google dê ouvidos ao jornal, uma vez que, aparentemente, teve seus apelos ignorados. O colunista decidiu então verificar se esse é um problema recorrente na loja da companhia de Mountain View e encontrou um site chamado The Reader Digital, onde o escritor Nate Hoffelder detalha a pirataria "desenfreada" do seu e-book na Play Store, como ele mesmo descreve. Também descobriu que alguém estava vendendo mais de 100 versões piratas de best-sellers de autores como Malcolm Gladwell, Sidney Sheldon e Ellery Queen.

Eles custam US$2,11 cada. Embora sejam batatas, essas cópias tem diversos problemas. Hoffelder baixou alguns e descobriu que eles "eram claramente cópias inferiores com falta de formatação, capas genéricas ou desatualizados, e outros problemas", segundo seu relato.

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Um outro site, Goodereader, bastante conhecido entre os leitores aficionados por literatura, também tomou conhecimento do problema em maio. Em um post, o usuário Michael Kozlowski conta que encontrou todos os volumes das séries Cinquenta Tons de Cinza e Harry Potter, além de algumas obras de George RR Martin, criador de Game of Thrones.

"Google Play está rapidamente se tornando um antro de iniquidade e uma verdadeira fossa de pirataria. Se você casualmente navegar na Google Play através da seção Books, é bastante fácil de encontrar todos os best sellers modernos, por uma fração do preço.

Hoffelder disse que a Google está ciente do problema, mas respondeu lentamente às queixas de autores e editores e às vezes não responde a todos. Mas o relato afirmava que ainda não havia sido aplicada uma solução para o problema e os livros continuaram disponíveis.

Munido com todas as informações confiáveis que conseguiu reunir, o colunista procurou a Google e foi atendido por alguém das relações públicas da companhia. Então, as coisas se tornaram mais claras - Cerca de 18 meses atrás, a Google Play começou a vender e-books autopublicados, um modelo semelhante ao utilizado pela Amazon. Qualquer autor pode publicar e vender o seu trabalho no site. Mas em fevereiro, uma onda de pirataria foi descoberta por editoras. Claro, verificou-se que os livros pirateados eram enviados por pessoas que utilizam o Google Play através do seu canal de autopublicação.

Em maio, a Google parou de cadastrar quaisquer novos autores de autopublicação. Ao mesmo tempo, uma equipe de funcionários recebeu todas as reclamações apresentadas pelos editores, excluiu contas piratas e a companhia planeja reiniciar o programa de autores.

Ainda assim, a autora Robin Landa não obteve resultado com a queixa a respeito da pirataria de seu livro “Graphic Design Solutions”. O relações públicas da Google explica que "um pequeno número de notificações para livros copiados no Google foram adiadas mais tempo do que gostaríamos". Ele afirma que medidas estão sendo tomadas para contornar esses problemas.

Logo em seguira, o The New York constatou que as cópias piratas do livro de Landa foram excluídas. No entanto, vale sempre lembrar aos usuários e leitores que antes de realizar uma compra de livro deve-se sempre verificar quem está vendendo, até que a Google apresente uma solução oficial para o problema.