06 Novembro 2015
A Google.org, um braço da empresa que atua como uma ONG, está dando 2.35 milhões em doações para organizações comunitárias que se encontram na vanguarda do movimento de justiça racial, questão que se tornou central nos Estados Unidos depois do assassinato de um negro por um policial que foi parar no Youtube (entre outras coisas como o menino árabe que foi preso ao construir um relógio digital).
O braço filantrópico escolheu organizações na área da Baía de São Francisco, onde fica a sua sede, visando enfrentar o racismo sistêmico presente justiça criminal dos Estados Unidos, observado entre a polícia, a prisão e até nos sistemas de ensino, afirma Justin Steele, que lidera os esforços do Google.org.
Steele acredita que os subsídios são apenas o primeiro da Google.org, uma vez que a empresa procura solucionar o crescente fosso econômico de desigualdade da região que só tem aumentado durante o boom da tecnologia.
"Esperamos construir sobre este trabalho e contribuir para esse movimento por justiça racial", disse Steele em uma entrevista.
A distribuição de bolsas para os mais pobres serão parte de uma "maior esforço dando ao longo do próximo ano", disse ele. De certa forma, um atitude próxima do que é feito pelo governo brasileiro para a assistência de populações de baixa renda. A Google está tomando uma posição pública rara para uma grande empresa de tecnologia, se posicionando diante de um dos maiores pr
O anúncio oficial de como funcionarão as bolsas está programado para a próxima terça à noite, logo após a exibição de um documentário explora a morte a tiros de jovem negro desarmado, Jordan Davis, assassinado em um posto de gasolina em Jacksonville.
O Google e outras grandes empresas de tecnologia estão lutando de diversas formas para diversificar a sua força de trabalho. No Google, sete em cada 10 trabalhadores são homens e a maioria dos funcionários são de cor branca (60%) ou de etnia asiática (31%). Latinos compõe apenas 3% da força de trabalho, e negros são apenas 2%.
As bolsas também servirão para que as empresas de tecnologia reduzam o seu impacto sobre o aumento dos preços dos imóveis e da desigualdade de renda na região. "Esta é a nossa casa", disse Steele. "Queremos apoiar inovadores sociais se esforçando para tornar a área da baía melhor para todos."
Steele diz Google.org tem como alvo organizações com raízes comunitárias profundas que estão tomando medidas corajosas e inovadoras para criar "soluções inesperadas às necessidades não satisfeitas" e erradicar "a desigualdade que torna as pessoas incapazes de participar da vida social da cidade."
Ella Baker, do Centro de Oakland vai receber duas bolsas de 500 dólares. A primeira delas servirá para apoiar o Black Lives Matter (análogo ao mesmo movimento aqui no Brasil, Jovem Negro Vivo, organizado pela Anistia Internacional), já a segunda bolsa ficará no Centro de Oakland para o treinamento de ex-presidiários e outros trabalhadores de baixa renda para ganhar mais capacitação para o mercado de trabalho.
Outros grupos também começarão a ser financiados pela Google.org, por exemplo o Silicon Valley De-Bug, um grupo de San Jose que ajuda as pessoas e suas famílias a lidar com o sistema de justiça criminal e reduzir as sentenças dos presos. A entidade vai receber 600 mil dólares. O grupo diz que salvou pessoas de pelo menos de 1.800 anos de encarceramento ao longo dos últimos sete anos. Com o novo financiamento, a ONG vai formar parcerias com igrejas e outros grupos comunitários para ensiná-los a realizar este tipo de defesa.
Por fim, o Google.org tem aumentado suas doações a grupos comunitários que trabalham em nome dos sem-teto, os jovens de baixa renda e outras pessoas em situação de risco. No ano passado, ele doou 3 milhões para pediatra clínica Nadine Burke Harris no bairro negro de Bayview marcado pela negligência, abuso e exposição à violência e a doenças ao longo da vida e do comportamentos de risco.
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