Tech 02 Ago
Pouca coisa mudou em termos de vigilância nos Estados Unidos após as revelações feitas por Edward Snowden. Uma nova reportagem da Reuters revela que o Yahoo, ainda no ano passado, construiu um software para escanear todos os emails recebidos por seus usuários no Yahoo Mail em busca de informações específicas. O caso foi confirmado ao portal por três fontes, sendo duas delas ex-funcionários da empresa.
Este é o primeiro caso de uma empresa americana que checa todas as mensagens recebidas por seus usuários a vir à tona, segundo especialistas em vigilância. Relatos anteriores eram de companhias que verificavam mensagens já guardadas nos servidores ou pequenas quantidades de conversas que chegavam em tempo real. Não há informações sobre outras companhias que possam ter agido da mesma forma. É bom lembrar que o Yahoo se declarou contra um projeto de lei de vigilância do governo dos EUA
Segundo os informantes, o Yahoo teria feito um acordo com a NSA ou com o FBI para procurar por termos específicos nos emails, mas não houve maiores detalhes sobre o tipo de palavras ou assuntos que eram buscados. Arquivos anexos também eram vasculhados pelo software.
Ironicamente, na última semana o Yahoo teria sido vítima de um ataque patrocinado pelo estado, que comprometeu 1 bilhão de contas, apesar de a companhia ter admitido problemas com metade deste número. O Yahoo Mail já foi atualizado para corrigir a brecha utilizada no episódio, mas a venda para a Verizon pode ter sido comprometida.
Quanto ao caso relatado pelos informantes da Reuters, infelizmente não há maiores informações. Não foi determinado se alguma mensagem chegou a ser redirecionada para os órgãos governamentais, nem que tipo de crimes ou suspeitos estavam sendo investigados. A ordem chegou ao Yahoo por meio de um documento secreto, que foi encaminhado diretamente para o setor jurídico.
Os ex-funcionários disseram que a CEO da companhia, Marissa Mayer, decidiu obedecer a ordem das agências de investigação, o que ia contra suas declarações públicas a favor da privacidade. Isto incomodou diversos executivos da empresa e levou ao afastamento de Alex Stamos, então chefe de segurança da informação. Hoje, ele está trabalhando para o Facebook.
Reposta do Yahoo
A Reuters entrou em contato com o Yahoo, que se recusou a comentar detalhadamente sobre o assunto. Como resposta, a companhia enviou um breve comunicado, que esperava responder a todas as perguntas da reportagem:
O Yahoo é uma empresa que obedece à lei, e respeita as leis dos Estados Unidos.
Tanto a Reuters quanto o Gizmodo tentaram entrar em contato com Alex Stamos, que agradeceu a “oportunidade”, mas recusou-se a comentar sobre o assunto.
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