Curiosidade 09 Mar
No começo desse ano, a ferramenta Flurry, que faz análise de dados de aplicativos móveis e pertence ao Yahoo, divulgou um relatório que mostra que o engajamento e o uso de jogos nos dispositivos móveis teve queda na comparação ano a ano entre 2015 e 2016 tanto no Brasil como no resto do mundo.
Segundo os dados, o número de sessões caiu 15% globalmente (10% no Brasil), caindo de 450 bilhões, registrados em 2015, para 380 bilhões durante o ano passado. E isso enquanto o uso de aplicativos móveis cresceu em média 11%. No entanto, apps de personalização tiveram queda maior que jogos, de 46%.
Na questão dos games, no entanto, a queda foi recebida com surpresa pela indústria. Apesar do número menor de usuários e sessões, os jogos móveis ainda movimentaram uma boa quantia em dinheiro para os desenvolvedores. Mesmo assim, a diminuição no número de usuários preocupa por uma questão simples: o tipo de mercado.
Jogos mobile são, em sua maioria, aqueles conhecidos como freemium. Ou seja, são games que podem ser jogados do início ao fim sem que o usuário gaste um centavo. Mas seu formato é todo pensado para tentar forçar a compra dentro do aplicativo, geralmente de itens para ajudar no progresso.
E aí está o problema, como aponta Wilhelm Taht, vice-presidente executivo de jogos da Rovio. Ou melhor, aí está o ponto, pois não é necessariamente um problema. Nas palavras dele:
Aplicativos premium (ou de assinatura) tentam atrair o usuário o máximo de tempo possível, enquanto os jogos F2P se espalham ao longo do tempo. Levando ao nível macro, acredito que é de se esperar essa queda no engajamento dentro do mercado de jogos móveis, pois pode ser encarado como “um recurso, não um erro”.
Taht ainda aponta outro fator para a queda no engajamento em jogos móveis relatada pela Flurry: os dados. Resumindo, a companhia de análise de dados teve seu crescimento, segundo o executivo da Rovio, na era dos jogos premium. Mas atualmente, o mercado é outro, com vasto domínio dos jogos freemium.
Em fevereiro de 2017, não se sabe quantos dos 100 jogos móveis com maior receita nos EUA usam o Flurry. Porque é desconhecido? Bem eu perguntei. Duas vezes. E não recebi nenhuma resposta ainda.
O executivo postou dois tweets em que pergunta ao perfil da Flurry exatamente isso: a ferramenta é utilizada por que porcentagem dos 100 jogos móveis de maior receita nos EUA. Uma postagem foi feita no final de janeiro. A outra, no fim de fevereiro. Nenhuma foi respondida.
Em terceiro e último lugar, Taht faz uma observação com relação a uma frase contida no relatório sobre Pokémon GO, o maior hit em jogos móveis do ano passado. Diz a postagem da Flurry:
O maior ‘hit’ deste ano, Pokémon GO, enfraqueceu relativamente rápido, conforme os consumidores perderam interesse no jogo, retornando apenas para eventos de feriados importantes.
Segundo o executivo da Rovio, “é absolutamente espantoso que essa declaração tenha passado pela revisão de relações públicas da Flurry e do Yahoo”. E o motivo é bem simples:
Pokémon GO é, no momento preciso em que escrevo este post (dia 23 de fevereiro, 9h14 em Helsinki, Finlândia) o jogo #1 em receitas nos EUA. É o jogo móvel que mais rápido atingiu a marca de 500 milhões de downloads. Em fevereiro de 2017, Pokémon GO acumulou US$ 1 bilhão em receitas, quebrando recordes em jogos móveis.
Ou seja, o pessoal da ferramenta de análise de dados “não levou em conta a visão geral”.
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