10 Março 2017
Dois grupos proeminentes de defesa do consumidor nos EUA fizeram nova denúncia aos funcionários federais nessa terça-feira contra o YouTube Kids, e afirmam que anúncios da plataforma são enganosos, particularmente para as crianças. As duas reclamações, feitas à Comissão de Comércio Federal, somam-se às queixas dos grupos à agência em abril, e poderiam aumentar a pressão para que os federais interfiram no mercado de vídeo on-line.
Os grupos são o Campaign for a Commercial-Free Childhood e o Center for Digital Democracy, e argumentam nas denúncias que a plataforma de vídeos voltados ao público infantil é comercializada mas não executam os mesmos padrões aplicados na TV. As reclamações incluem propagandas de alimentos e conclamam para que os comerciantes desse mercado, criadores de conteúdos e a Google façam um amplo exame da publicidade de alimentos divulgados nos programas infantis.
Jeffrey Chester, diretor executivo do Center for Digital Democracy, afirma que o fato do público infantil ser composto por nativos digitais, isto é, já nasceram em um "mundo digitalizado", amplia ainda mais os problemas que tais propagandas podem causar.
Você tem nativos digitais consumindo conteúdo simultaneamente com o crescimento do marketing poderoso para crianças nas primeiras idades. As agências estão atrasadas e as empresas são encorajadas.
A Google introduziu o YouTube Kids em fevereiro como um aplicativo móvel construído a partir do zero voltado para crianças de idade pré-escolar. A proposta é fornecer apenas conteúdo indicado para essa faixa etária e os pais são orientados através de um tour no app sobre como definir as características de segurança.
Porém, desde o início as polêmicas chegaram aos funcionários federais, e o serviço recebeu até mesmo acusações de propagar pedofilia. Em relação à publicidade alimentar, os grupos miram empresas de "junk food", como são chamados os alimentos que representam riscos à saúde, como a Coca-Cola e Burger King.
Além de atacar essas empresas, os grupos também criticam o YouTube por não impor suas próprias políticas para salvaguardar as crianças que podem ser muito influenciadas. O YouTube restringe publicidade paga de comida e bebidas no app para crianças, mas os grupos disseram que encontraram muitos exemplos nos quais empresas de alimentos usaram seus próprios canais de marca para mostrar vídeos promocionais, o que é claramente uma manobra para contornar as restrições da Google.
No entanto, o YouTube Kids afirma no seu guia aos pais que a empresa não se responsabiliza pelo conteúdo gerado pelos usuários ou por canais de marca e terceiros. "Há tanto conteúdo comercial e mais do que isso, o tempo todo" disse Angela Campbell, professora da faculdade de direito de Georgetown e autora das denúncias. "E se eles estão tentando vender algo, eles não estão deixando isso claro, até mesmo para um adulto. Então para uma criança, isso é fundamentalmente injusto."
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