O Uber não está influenciando apenas a classe de trabalhadores do mercado de transporte, como os taxistas, e a política, que está debatendo a legalização do aplicativo. Ao que parece, o serviço também pode estar afetando a indústria de automóveis e os vendedores. Ao menos é o que indica a pesquisa de consultoria Frank N. Magid Associates.

De acordo com o relatório, alguns passageiros que utilizam o Uber disseram que eles estão adiando a compra de um carro por causa do app de passeio. Dos 2.000 usuários Uber pesquisados, 22% disser que estava esperando um pouco mais para adquirir um automóvel, graças ao serviço. O diretor da Magid, Andrew Hare, falou sobre o estudo com o site Re/Code.

A Magid não pesquisou usuários que não utilizam o Uber para descobrir qual a percentagem está adiando a compra de um carro, por isso não temos um ponto de referência para comparar os dados, segundo o Re/Code. Isso deve ser levado em consideração, pois se houver outros fatores, o Uber pode ser uma influência indireta. No entanto, uma vez que os usuários Uber foram especificamente perguntado se eles estão adiando a compra de um carro por causa do Uber, os resultados ainda são significativos. A pesquisa também não pergunta aos usuários se eles planejam abrir mão por completo dos planos de comprar um carro.

A pesquisa vai de encontro com declarações anteriores do CEO do Uber, Travis Kalanick. Ele já dizia que o concorrente real da empresa não são os táxis ou outros serviços semelhantes - é a indústria automobilística.

Embora o Uber tenha sido avaliado em US$51 bilhões, documentos financeiros que vazaram mostram que ele é longe de ser rentável. A notícia de que a companhia pode estar atrapalhando as vendas de automóveis pode ser positiva. Tirar uma parte da fatia dos negócios da indústria automobilística vai ajudar a empresa a crescer ainda mais em sua avaliação. Afinal, para manter o baixo custo de passeios e salários dos motoristas à altura, a empresa precisa de pessoas que dependem do seu serviço. Ou seja, quanto menos proprietários de carros, melhor.

Ao menos, para os que se preocupam com o crescente aumento do trânsito nas grandes cidades, e o consequente aumento da poluição e stress, além de transportes coletivos lotados, a notícia é positiva. No Brasil, por exemplo, um dos políticos que querem regulamentar o Uber tem uma visão mais ampla a respeito da influência do app no trânsito de São Paulo. José Police Neto (PSD), autor do projeto de lei que visa a regulamentação em São Paulo diz, por exemplo, que a prefeitura poderia criar faixas exclusivas para carros com mais de um passageiro - o que sem dúvida incentivaria as caronas, pagas ou não.