Em meio à discussão sobre a liberação do uso de máscaras anticovid, a cidade do Rio de Janeiro aplicou desde junho de 2020 mais de oito mil multas a pessoas que desrespeitaram o uso obrigatório dos aparatos protetivos nas ruas. Desde o dia cinco de junho, quando foi aplicada a primeira infração, a cidade teve uma média de 17 multas por dia.

A pandemia de coronavírus começa a dar sinais de estar sob o controle das autoridades mundiais, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido. A Dinamarca já revogou restrições e retomou eventos ao vacinar 73% da população. Enquanto isso, a Fundação Bill & Melinda Gates investe na distribuição de um remédio experimental em países pobres.

Além da quantidade impressionante de multas aplicadas no Rio, os inadimplentes chamam a atenção. Do total, pouco mais de 15% foram pagas, totalizando R$ 251 mil aos cofres públicos.

Até o fim de setembro, cerca de 83% das infrações ainda estavam em aberto ou já foram inscritas na dívida ativa do município. Os inadimplentes devem quase R$ 2,1 milhões em multas por falta do uso de máscaras.

A fiscalização do uso de máscaras é atribuição da Secretaria de Ordem Pública. O mês com maior número de autuações foi outubro de 2020, com mais de 1,2 mil registros.

Porém, nos três meses seguintes houve um "apagão" da fiscalização. Somente 61 infrações foram aplicadas em novembro, 40 em dezembro e 91 em janeiro. Foi nesse trimestre que o Rio viveu a segunda onda da Covid-19, com hospitais lotados e filas por internação.

O Centro foi o bairro onde houve mais multas, seguido de Copacabana, Flamengo e Ipanema, todos na Zona Sul do Rio. Entre os dez bairros com o maior número de multados, além do líder, apenas Bangu (5º) e Campo Grande (6º) não são da área mais nobre da cidade. Entretanto, são exatamente estes bairros que lideram o número de mortes na cidade pela Covid-19.

Os dados também mostram haver muitos reincidentes em não utilizar o item de proteção. O campeão é um homem, identificado apenas como Gilvã, que foi multado quatro vezes na Penha.

Se o valor não for quitado, a multa é inscrita em Dívida Ativa, corrigida pela inflação e acrescida da aplicação de 1% de juros ao mês. Se não houver o pagamento, o valor pode ser cobrado e o nome da pessoa incluída no sistema de restrição de crédito.