O Project Ara surgiu em 2013 com o objetivo audacioso de criar um smartphone modular, com partes trocadas pelo próprio usuário conforme a conveniência. Ano a ano, o Google mostrou avanços e criou expectativas, mas parece que o plano não deu certo. Antes de chegar ao mercado, o projeto teria sido encerrado.

A notícia chega como surpresa uma vez que a Google já havia reunido uma comunidade relativamente grande de desenvolvedores interessados na tecnologia. A companhia realizou conferências para apresentar avanços no projeto. Mas, o último kit de desenvolvimento chegou há dois anos e o primeiro smartphone prometido nunca apareceu.

A informação não é oficial, mas de fontes ouvidas pela Reuters que trabalham na gigante das buscas. Segundo apurou a agência de notícias, o fim do Ara teria sido sacramentado para “cortar a gordura” de projetos sem objetivo prático de curto prazo e focar esforços e dinheiro na divisão de hardware da empresa.

O curioso é que a decisão pode ter saído da mente justamente de uma das pessoas responsáveis pela criação do projeto. Rick Osterloh, ex-presidente da Motorola na época do surgimento do Project Ara – antes da venda da companhia para a Lenovo – chegou recentemente ao Google para tocar projetos de hardware da Google.

Com a mudança, a ideia é que a Google comece a se dedicar mais fortemente a produtos em curso, como as linhas Pixel e Nexus (ou uma só chamada Google Pixel) de notebooks e celulares. Além disso, espera-se que a empresa foque em projetos com data de lançamento de mais curto prazo, deixando de lado iniciativas menos promissoras.

Crítica interna

O criador do design original do Project Ara, Dave Hakkens, já havia mostrado, no primeiro semestre, desapontamento com a direção que o projeto estava tomando. Segundo ele, a Google teria tirado toda a característica modular do smartphone, construindo uma base com processador, sensores, antenas e baterias indissociáveis.

Isso significa que o telefone ainda fica obsoleto depois de um tempo. E se a sua tela quebra? Bem, você ainda precisaria de substituir todo o telefone. E depois de alguns anos ele fica lento e é necessário substituir todo o seu esqueleto.

Hakkens disse que o interesse da Google era importante ao projeto porque era uma empresa que poderia investir pesado na ideia. Mas, justamente por isso, ele acreditava que seria preciso mais coragem para seguir buscando o celular do futuro em vez de “o próximo smartphone que venda bem”.

O que vem agora?

Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, a Google não planeja jogar todo o seu investimento no lixo. Mas, em vez de ela mesma liderar o projeto, pretenderia liberar informações para acesso público para que outros desenvolvedores sigam tentando criar o smartphone modular.