Apple 17 Jun
Pokémon GO possui uma espécie de chave contra o uso de jailbreak, impedindo o acesso ao mundo virtual da Niantic por todos aqueles que desbloquearam seus iPhones. Por esta única e exclusiva causa, removi o jailbreak de meu smartphone, usando o sistema operacional puro da Apple por um tempo. Foi uma experiência terrível e tanto.
Percebi o quão dependente sou da ferramenta que libera o acesso às opções avançadas da plataforma, não porque o iOS em si é ruim, mas pela ausência de opções importantes encontradas apenas no Cydia. Para quem ainda não está aprofundado no assunto, Cydia é a loja habilitada quando o processo de jailbreak é concluído com sucesso, permitindo a instalação de apps feitos por terceiros. Nas últimas edições do ambiente virtual portátil da Maçã, entretanto, está cada vez mais difícil ser verdadeiramente livre no iPhone.
O fim do untethered
O último iOS a receber o suporte público ao jailbreak é o 9.3.3, embora o 9.3.4 já esteja disponível. Ao fazer o downgrade ou simplesmente não atualizar o iPhone, é possível desbloquear o acesso às ferramentas adicionais. O que muda agora é a ausência da opção untethered, capaz de manter o smartphone com o jailbreak funcionando integralmente, ou seja, até mesmo se ele for desligado.
Quem realizar o processo “ilegal” terá que refazê-lo sempre que a bateria acabar, por exemplo, criando um ciclo vicioso tão horrível quanto parece. Atualmente, há duas opções confiáveis para acessar a raiz do iOS, ambas com a participação da equipe Pangu. A mais antiga é a versão chinesa, chamada PPHelper. A atualização com o idioma inglês chegou com o nome Pangu, oferecendo um processo similar para quebrar as correntes virtuais impostas pela Apple.
O pesadelo dos certificados
A versão chinesa, PPHelper, é a melhor das opções atuais. Isto porque há um novo meio de se realizar o jailbreak em um iPhone, baseado em certificados. Ao invés de tentar burlar o código da Apple, os programadores responsáveis pelo desbloqueio fazem o iOS aceitar nativamente as modificações externas. Para isso, os usuários são obrigados a aderir ao uso de certificados feitos por terceiros.
PPHelper dá um aporte empresarial, durando 1 ano depois de ser instalado. Após o período, é preciso refazer as etapas de jailbreak. Pangu, a versão em inglês, tem um certificado normal, que dura apenas 7 dias. Isto é, semana a semana o jailbreak terá de ser feito novamente. Uma chatice sem igual. Além de não haver a alternativa untethered, ainda há um tempo limite para o funcionamento do desbloqueio. O cerco está se fechando e a liberdade dá um sinal de adeus.
Questão de praticidade
Apesar de haver diversas opções de temas, fontes, imagens ícones e demais modificações, a ideia do jailbreak em meu iPhone é puramente relacionada à praticidade. Atalhos, novas opções para o TouchID e uma melhor disposição das notificações transformam o iOS em uma plataforma realmente confortável.
Quem está acostumado com as mordomias do desbloqueio em aparelhos da Apple estranha — e muito — voltar ao iOS puro. De novo, não por ineficiência, apenas por comodidade. Pense em dirigir um carro todo equipado e passar a andar com uma versão sem opcionais, uma analogia perfeita à falta do jailbreak aos habituados.
Protegendo o usuário?
Apple alega que impedir o download de apps de terceiros protege a integridade das informações do usuário. De fato, ferramentas maliciosas existem em todos os lugares, portanto é preciso ter um cuidado em excesso quando se está trabalhando com apps “não originais”. Tanto é que a garantia é eliminada assim que o desbloqueio é feito.
É necessário considerar, por outro lado, que os usuários capazes de realizar o jailbreak entendem mais sobre modificação de sistema, podendo muito bem saber o que é, ou não, confiável. Fazer a vontade do usuário ou mantê-lo seguro? A grande Maçã parece ter sido capturada neste impasse.
Morte do jailbreak e migração ao Android
Se a Apple conseguir desabilitar de vez o jailbreak no iOS, migrar ao Android soa como a melhor opção. O sistema operacional da Google é conhecido por oferecer uma alta capacidade de personalização, permitindo que os usuários “brinquem” com a aparência geral da interface.
Ainda assim, há opções liberadas apenas com o acesso à raiz dos dispositivos, o famoso root. Infelizmente, o fim para este método de acesso também parece estar próximo. Sem jailbreak e root, será complicado fugir das decisões impostas pelas empresas. Quer usar seu telefone como bem entender? Paciência.
Leonardo Ramos dos Santos
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