09 Agosto 2017
Lifestage, o novo aplicativo lançado pelo Facebook focado no público adolescente, é um conceito interessante que traz um pouco daquilo que o Facebook já teve enquanto foi uma startup. Porém, ele traz um grande problema de privacidade que pode afetar pessoas menores de idade.
Criado por um funcionário de 19 anos de idade do Facebook, Michael Sayman, o app é projetado para os adolescentes se encontrarem e se conectarem com outras pessoas que vão para a mesma escola. Em vez de trocar mensagens diretamente entre si, estudantes do ensino médio usarão o aplicativo para compartilhar selfies e vídeos que todos os seus colegas podem assistir.
O foco é tão grande em estudantes do ensino médio que o serviço bloqueia as pessoas que listam sua idade como mais de 21 anos; eles não poderão juntar-se a uma escola listada ou procurar outras contas.
O problema é que o serviço confia apenas na palavra do usuário para informar a sua idade. Como apontou recentemente o Business Insider, tudo que você tem a fazer é dizer que você é menor de 18 anos e o Lifestage lhe permite escolher uma escola para se associar e dizer que estuda nela.
Ainda mais preocupante é que ao invés de reconhecer que há um problema com a estrutura do aplicativo, o Facebook simplesmente pede a adolescentes que denunciem atividades suspeitas.
Estamos lançando o LIfestage com um número limitado de escolas de ensino médio. O Lifestage não irá fornecer acesso ao conteúdo de outras pessoas para os usuários que listam uma idade acima de 21. Encorajamos qualquer pessoa usando o aplicativo que experimenta ou testemunhe qualquer atividade relativa a nos reportar através das opções de relatórios incluídas no aplicativo. Levamos estes relatórios a sério. Ao contrário de outros lugares na web, o Lifestage está ligado ao número de telefone de uma pessoa e é permitida apenas uma conta por número - isto fornece um nível adicional de proteção.
As estatísticas mostram que a possibilidade de relatar algo não é suficiente. A maioria das vítimas de abusos e assédios não reportam os ocorridos. A falta de meios de autenticação de idade e de visibilidade representam preocupações graves com a privacidade e segurança dos mais jovens.
Um dos órgãos preocupados com isso é o Common Sense Media (CSM) , uma organização sem fins lucrativos que educa as famílias sobre a segurança na Internet para crianças.
Nossa visão é de que os pais devem certamente prestar atenção. Existem algumas características do aplicativo que são preocupantes.
Entre as preocupações do CSM é que o app não mostra quem assiste os vídeos dos usuários, o que poderia dar às crianças e adolescentes "uma falsa sensação de segurança" de que estejam sendo assistidos apenas por seus colegas.
Quando o Facebook lançou a primeira versão de sua rede social para estudantes universitários em 2004, os usuários eram obrigados a fornecer um endereço de e-mail da faculdade para se inscrever. Estudantes do ensino médio normalmente não tem um endereço de e-mail fornecido pela escola, o que torna mais difícil implementar um sistema semelhante para Lifestage.
O Facebook não diz por que o serviço não inclui algum tipo de sistema para impedir adultos de se passarem por alunos do ensino médio.
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