Hoje em dia, filmes de super-heróis da Marvel e DC rendem muitos dígitos nos números de bilheterias. Mas nem sempre foi assim, e o passado dos filmes do gênero ainda não é amplamente conhecido. Por exemplo, você sabia que o primeiro filme de super-heróis foi lançado em 1916 e hoje está praticamente esquecido?

Muitos consideram que o primeiro filme baseado em um personagem de quadrinhos foi "Batman: O Filme" (1966), estrelando Adam West. De certa forma, é verdade. Mas bem antes dele, em 1916, houve um filme quase apagado da história estrelado por um herói igualmente esquecido: Judex.

Louis Feuillade, cineasta que trouxe Judex para as telas, também produziu Fantômas (1913) e Les Vampires (1915), que fizeram sucesso apresentando criminosos misteriosos, astutos e superpoderosos. Mas Feuillade foi criticado por glorificar os bandidos, então decidiu criar um filme similar com um protagonista heroico. Este filme foi Judex, palavra em latim para "juiz".

Judex não tinha poderes, mas era um vigilante que defendia os inocentes enquanto mantinha sua identidade em segredo usando um manto escuro e um chapéu de aba larga. Usava aparelhos de alta tecnologia (para a época, claro) para combater bandidos, e seu esconderijo secreto estava localizado nas cavernas debaixo de um castelo.

Soa familiar?

Este protagonista foi interpretado por René Cresté, e o filme foi dividido em doze episódios. O primeiro é sobre sua de origem. O verdadeiro nome de Judex era Jacques de Tremeuse, e sua família foi destruída pelo banqueiro Favraux (Louis Leubas). Seu pai cometeu suicídio e sua mãe fez com que Jacques e seu irmão Roger jurassem vingança no túmulo de seu pai.

Após anunciar publicamente que Favraux morreria em um momento específico, Judex se disfarça como secretário do banqueiro para envenená-lo no horário predito. Favraux parece ter sido assassinado, mas na verdade foi apenas colocado em um estupor mortal, permitindo que Judex o prendesse por toda a vida em seu covil secreto.

Judex se apaixona pela filha do banqueiro, Jacqueline (Yvette Andréyor), enfrenta a malvada Diana Monti (Musidora), e há até uma super-heroína no final. Ela resgata Judex quando ele é amarrado em um barco, e os dois se juntam para atacar os capangas de Diana Monti e salvar o dia.

Chris Gavaler, professor de inglês da Washington and Lee University e autor de "A origem dos super-heróis", diz que Judex foi um elo importante entre as tramas de vingança da litaratura pulp e as histórias de super-heróis. "Não está claro se Judex é um cara legal no começo", explica Gavaler, comparando Judex ao Conde de Monte Cristo.

De fato, Judex tinha a pompa sinistra dos vilões extravagantes da época, como das próprias produções anteriores de Feuillade. Inclusive, devido à essa semelhança estilística com os outros dois seriados policiais do diretor, eles são frequentemente considerados como uma trilogia.

Porém, no decorrer da série, os motivos de Judex se tornam mais puros; inspirado pelo amor, ele aprende como ser um herói enquanto você acompanha a saga.

Existem muitas comparações do universo de Judex com o dos super-heróis Marvel/DC, relatando que provavelmente o herói do cinema mudo inspirou muitos roteiristas da era de ouro dos quadrinhos.