A escassez global de chips continua a se estender, mas agora as empresas estão percebendo que os problemas não estão ligados apenas a matéria prima ou meios de produção automatizados. Especialistas da indústria alertam, em reportagem do The Wall Street Journal deste domingo (2), a falta de profissionais qualificados, especialmente engenheiros com foco na fabricação de chips complexos.

Em Taiwan, a célebre TSMC percebe esse problema em um ritmo galopante, já que a lacuna de recrutamente está em seu nível mais alto há seis anos. De acordo com a plataforma de recrutamento 104 Job Bank, em agosto, era estimado um déficit mensal de 27.700 funcionários no ramo de semicondutores — um número 44% maior que em 2020. Os salário também atingiram o nível mais alto em uma década.

E enquanto empresas como a Apple desenvolvem o design do chip internamente, ainda são necessários engenheiros na TSMC para administrar as fábricas — mas o nível de especialização fica cada vez mais rigoroso, sobretudo pensando que há uma busca incessante pela melhor e mais eficiente tecnologia.

“Precisamos de mais doutores que também participem da próxima geração da indústria de semicondutores”, apontou Terry Tsao, diretor de marketing global da associação da indústria SEMI e presidente de sua filial em Taiwan.

Há um desafio específico, que é atrair engenheiros de software para a área de fabricação de chips, já que essa área é feita de bastidores, e não de interfaces e mudanças visíveis em aplicativos e programas em contato direto com o consumidor. Além disso, matrículas em cursos de engenharia elétrica despencaram de uma proporção de 50 em 1980, para 10 agora, segundo Santosh Kurinec, professor do Instituto de Tecnologia de Rochester.

Nos Estados Unidos ainda há a questão da dificuldade de obter vistos para conseguir trabalhar no país.