Não é só a indústria automotiva que tem apostado em célula de combustível de hidrogênio para mover veículos. O setor de aviação também trabalha em sistemas que não precisam de abastecimento de origem fóssil ou processos prejudiciais ao meio ambiente.

Apontado por muitos especialistas como o combustível do futuro, o hidrogênio verde possui uma série de benefícios como fonte energética renovável e não poluente, e a indústria da aviação comercial planeja usar esse tipo de abastecimento já em 2025.

A startup britânica/americana ZeroAvia está confiante de que pode levar toda a energia do hidrogênio aos céus já em 2025. Para atingir esse objetivo, a empresa está desenvolvendo uns motores que podem ser adaptados às aeronaves existentes.

“Existe uma grande frota de aeronaves que podem ser adaptadas com powertrains de células de combustível. Esta é uma maneira mais rápida de colocar a tecnologia em serviço”, disse o diretor de estratégia da ZeroAvia, James McMicking.

O primeiro produto da ZeroAvia deve ser um motor de célula de combustível de hidrogênio de 600 quilowatts, cujo protótipo já está sendo testado em uma aeronave Dornier Do 228 de 19 lugares. O avião foi convertido para receber essa forma de abastecimento.

O diretor da ZeroAvia explicou que os motores atuais movidos a hidrogênio são mais pesados que uma turbina padrão e o alcance do avião é reduzido para compensar o peso extra. Por isso, o Dornier Do 228 protótipo perdeu metade da sua capacidade de voo.

McMicking também disse que o novo trem de força do avião de testes tem um desempenho parecido com o da turbina em termos de potência e empuxo. A empresa também afirmou que suas fontes de hidrogênio são as mais limpas possíveis.

A próxima aposta da ZeroAvia para esse segmento deve ser um motor maior e sistemas de armazenamento de hidrogênio líquido para as aeronaves de modelo ATR-72 e Bombardier Dash 8, turboélices que transportam até 78 passageiros.

Enquanto isso, a gigante da aviação Airbus também está ocupada desenvolvendo seu motor de célula de combustível, que pode ter seu teste de voo inaugural em 2026. A fabricante de aviões atua para produzir aeronaves com emissão de carbono zero até 2035.

A Airbus também financiou a startup UpNext para a criação de um motor movido a hidrogênio para a Unidade Auxiliar de Potência (APU), responsável por alimentar o ar condicionado e a iluminação da cabine, por exemplo, de uma aeronave A330.

Já a startup Beyond Aero está desenvolvendo um motor de 85 quilowatts voltado para aviões executivos com capacidade para 4 a 8 pessoas. Equipado em aeronaves leves, o propulsor movido a hidrogênio pode entregar um alcance de 800 milhas náuticas.

“Para obter a melhor eficiência da célula de combustível, estamos considerando vários fatores, como o uso de compressor, intercooler e filtro, além de alterar as características do próprio hidrogênio”, disse o cofundador da Beyond Aero, Hugo Tarlé, ao site Ars Technica.