A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve elaborar novas diretrizes para tratar questões sobre os cabos submarinos do Brasil. O tema será debatido após problemas envolvendo a construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, região que abriga componentes cruciais para a internet no país.

Gustavo Borges, superintendente do Controle de Obrigações da Anatel, explica que a agenda incluirá a elaboração de requisitos para operações em locais próximos de cabos submarinos. “Estamos criando requisitos, como por exemplo, qual tipo de edificação poderá existir nas praias que poderão receber essa infraestrutura crítica”, disse.

Para o desenvolvimento, a agência reguladora trabalha em parceria com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), órgão do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, que é responsável pelo controle e regulamento dos patrimônios públicos do Brasil.

O estudo será feito após problemas envolvendo a construção da usina de dessalinização da água do mar na Praia do Futuro, em Fortaleza. Empresas de internet temiam que a usina, que capta água no fundo do mar, pudesse romper os cabos submarinos que conectam o país a outros países por meio da rede mundial de internet.

Também deve ser criado um projeto de descentralização dos cabos para melhorar a infraestrutura. “Estamos fazendo trabalho de reflexão para a desconcentração dos cabos submarinos”, revelou Borges. “Nos Estados Unidos, por exemplo, existem dois cabos chegando a cada estado. Não devem existir todos os cabos em único local.”

Alan Denilson Lima, Comandante de Defesa Cibernética, revelou que, entre 14 e 18 de outubro, serão realizadas simulações de problemas com os cabos submarinos. O objetivo dos testes será analisar a capacidade de reação das entidades envolvidas no fornecimento de serviços de rede no Brasil, caso haja um incidente.

“Vamos simular um gabinete de crise, que vai exigir a ação de órgãos e empresas, para responder: se acontecer um problema em um cabo submarino, como vamos reagir a isso? Quais órgãos têm responsabilidade? Como comunicar à sociedade? Como responder ao incidente? Tudo isso será trabalhado”, explicou o general.

Cabos submarinos passam por Fortaleza devido à sua proximidade relativa com a Europa. Alguns têm mais de duas décadas de existência. Na época, esses componentes não precisaram de licenças para serem instalados. O objetivo agora é melhorar a organização de toda a infraestrutura e minimizar riscos associados à sua integridade.