Economia e mercado 07 Nov
Em entrevista ao portal Tele.Síntese, o conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Artur Coimbra revelou que o órgão está testando um novo método automatizado para bloquear caixas de IPTV piratas. A ideia seria agilizar o processo e eliminar a necessidade de haver plantões para envio manual das ordens, havendo ainda estudos para que a agência tenha acesso direto à infraestrutura das operadoras.
Coimbra encerra seu mandato neste mês e, durante a entrevista, comentou alguns dos principais conquistas de que fez parte como membro da autarquia. O conselheiro então revela os planos para automatizar o bloqueio de IPTVs piratas, usando o que foi chamado de "lacre virtual", por estar vinculado ao endereço IP desses dispositivos.
As IPTVs funcionam de forma similar à internet ao realizar as transmissões por meio dos endereços IP, que dão nome à tecnologia. Seu funcionamento acabou abrindo brechas para o surgimento de inúmeras soluções sem licença para funcionar, algo que vem sendo combatido pela Anatel há alguns anos.
Um dos principais desafios da agência está justamente no processo de bloqueio, cuja aplicação depende de um disparo manual para as operadoras de telefonia, que por sua vez ainda precisam realizar um levantamento dos links e endereços determinados para serem bloqueados.
Justamente por ser manual, essa etapa exige que os agentes do órgão e das companhias trabalhem em plantão, tornando extenso o tempo entre a ordem de bloqueio e sua execução. Apesar de ser uma situação diferente, esse é um dos motivos pelos quais vimos o X (antigo Twitter) levar dias para ser barrado em todo o território nacional, por exemplo.
A proposta citada por Coimbra está em testes, e deve ser implementada em fases, começando pela automatização do disparo da ordem de bloqueio. Segundo descreve o conselheiro, um sistema unificado será adotado, ao qual todas as operadoras terão acesso, agilizando drasticamente essa primeira etapa.
Em seguida, a ideia é automatizar o próprio bloqueio, conforme as operadoras liberarem à Anatel acesso direto ao roteador core (o roteador central da empresa que fornece os serviços de internet), que aplicará então as travas diretamente na infraestrutura da rede.
O último passo seria uma evolução da fase 2, em que o órgão faria uma varredura automática para bloquear os dispositivos piratas, o que Coimbra chamou de "lacre virtual". Esse sistema ainda parece dividir opiniões entre as fornecedoras de internet, com parte delas encarando o novo sistema como algo positivo, e outra parte enxergando a iniciativa com receio.
O conselheiro deixa claro que o acesso da Anatel seria voluntário e limitado, e curiosamente tem potencial de ser aplicada também por outros países em que o combate às IPTVs piratas tem avançado, como Espanha e Portugal, apesar de não haver confirmação no momento.
Não há um prazo para a iniciativa ser aplicada, portanto ainda deve demorar um bom tempo até termos novidades do processo automatizado. Dito isso, caso tenha sucesso, podemos esperar que esse tipo de bloqueio ocorra de forma muito mais rápida no futuro, com esse sistema possivelmente sendo expandido para mais usos, como em situações similares à do X.
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