Como você já deve saber, a Oi não está em seus melhores momentos. A prestadora, que sofre com uma dívida de mais de R$ 64 bilhões desde 2010 (quando adquiriu a Brasil Telecom e só depois descobriu que a companhia tinha débitos gigantescos), está tentando a todo custo criar um plano de recuperação judicial e renegociar a situação, mas, nesta segunda-feira (23), uma decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deixou o cenário ainda mais complicado.

Basicamente, o órgão regulador se recusou a aceitar a proposta de transformar multas em investimentos, dizendo que a operadora não é capaz de "honrar seus compromissos". Para você ter uma ideia, o caso é tão preocupante que até o governo federal resolveu intervir, propondo, em maio deste ano, estudar a criação de uma Medida Provisória (MP) para ajudar a empresa. O próprio ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que "o governo está preparado para fazer intervenção, caso seja necessário".

Blecaute telefônico

Mas, afinal, se a Oi é uma empresa privada, porque o Estado está tão preocupado com a sua situação financeira? A resposta é simples: caso a prestadora acabe fechando as portas, isso causaria um verdadeiro blecaute nas telecomunicações de 2.051 cidades brasileiras, pois esses municípios são atendidos exclusivamente pela marca ou por parceiros que utilizam a sua infraestrutura. Conforme noticiado pelo jornal O Globo, um levantamento feito pelo próprio governo revelou que, em caso de falência, a Oi deixaria órfãos 46 milhões de linhas de telefone celular, 14 milhões de fixos e também 5 milhões de acessos à internet via cabo.

A pesquisa reflete a preocupação dos órgãos públicos em relação a esse possível rombo nas telecomunicações nacionais. Por isso, a Advocacia Geral da União também deve intervir em breve para facilitar as negociações entre a Oi e a Anatel, criando, ainda em novembro, um novo plano de recuperação judicial reestruturado. Vale lembrar ainda que, no mês passado, surgiram boatos de que uma operadora chinesa estaria interessada em comprar a prestadora, mas não se sabe se tal informação é verdadeira e, se for, a quanto anda a negociação entre as duas partes.