Seguindo uma ideologia sustentada por Tim Cook, atual CEO, a Apple afirma prezar pela privacidade de seus usuários como um direito, buscando cada vez mais que acessos não permitidos aos aparelhos que desenvolve sejam barrados.

No entanto, diversas empresas ao redor do mundo buscam quebrar a proteção embutida nesses dispositivos, criando um verdadeiro nicho de mercado, vendendo soluções para organizações governamentais como policias e agências de investigação.

Sem sombra de dúvida, uma das companhias mais famosas desse ramo é a startup Grayshift, responsável por desenvolver uma pequena caixa de 10 x 10 cm chamada GrayKey, capaz de desbloquear iPhones com uma média de 6,5 minutos – no caso de senhas de apenas 4 números.

A caixinha consegue, de alguma forma, executar algoritmos de força bruta e testar infinitas senhas junto aos aparelhos, burlando a limitação de algumas tentativas imposta pela Apple e baixando todo o conteúdo do dispositivo.

Essa proposta, até então, tem atraído governos interessados em acessar os dados atrelados a celulares de criminosos, uma vez que os U$$ 30 mil (~R$ 111.984) cobrados pela versão mais cara da GrayKey ainda ficam muito abaixo dos U$$ 900 mil (~R$ 3.359.520) gastos pelo FBI para desbloquear o iPhone de um terrorista, por exemplo.

No entanto, ao que parece a brecha encontrada pela Grayshift acaba de ser fechada pela Apple. Segundo especialistas em tecnologia forense que estão em contato com a solução da startup, dispositivos com iOS 12 ou superior não podem ter mais suas senhas quebradas. Nesses aparelhos, a GrayKey consegue efetuar apenas uma extração parcial, tendo acesso exclusivamente a dados não criptografados e metadados, como estruturação de pastas e tamanho dos arquivos.

O fato é que, aparentemente, ninguém sabe o que foi feito pela Maçã para fechar a brecha. Segundo Vladimir Katalov, chefe da empresa de tecnologia forense Elcomsoft, conhecido por ter descoberto inúmeras fraquezas nos sistemas desenvolvidos pela companhia de Cupertino, a Apple pode ter feito desde melhorias no kernel – núcleo de um sistema operacional, até implementado configurações de restrições mais fortes, fechando as portas do sistema.

Claro que a solução encontrada pela desenvolvedora do iOS não deve ser definitiva, uma vez que sempre que uma nova barreira é colocada, empresas ou pessoas conseguem encontrar uma forma de contornar ou passar por cima, sendo apenas uma questão de tempo. No entanto, é sempre bom saber que o dispositivo em que muitos usuários carregam parte da sua vida em fotos, vídeos ou mensagens, está protegido de possíveis bisbilhoteiros, mesmo que apenas por enquanto.