Economia e mercado 23 Jul
Depois do Reino Unido, agora foi a vez da França ceder à pressão dos Estados Unidos e implementar o banimento da Huawei da sua rede 5G. A informação foi confirmada nesta semana por autoridades de Paris, sendo que o governo francês será muito mais brando com a gigante chinesa.
Diferente dos EUA e de outros países aliados, a França pretende fazer com que esse banimento da Huawei seja "lento e gradual". De acordo com a Reuters, as autoridades locais se reuniram com as principais operadoras e comunicaram que ainda é possível comprar equipamentos da Huawei.
Contudo, o governo não deve renovar as licenças. Como esse tipo de permissão pode chegar a oito anos, o banimento total da Huawei só acontecerá após 2028. Mesmo assim, Paris vem aconselhando as operadoras a não usar equipamentos da chinesa no 5G.
Apesar de parecer um asfixiamento da Huawei no longo prazo, a medida anunciada pela França pode surtir efeito imediato. Isso porque muitas operadoras podem desistir de comprar equipamentos da empresa, uma vez que eles se tornarão inúteis até 2028.
Fontes que trabalham com a agência de segurança francesa também confidenciaram que o governo estuda limitar as licenças de equipamentos da Huawei para até cinco anos. Enquanto isso, dispositivos Nokia ou Ericsson recebem o prazo máximo de oito anos.
Por enquanto, a Huawei não comentou o assunto. Já a agência de segurança preferiu se manter em silêncio. Consultado, o governo francês tentou desconversar por meio do seu porta-voz:
A ASSI está trabalhando com as operadoras na sua estrutura legal. Qualquer autorização concedida no momento não interfere na possibilidade de renovação ou interrupção posterior.
Por mais que tenha sido estudado, o banimento total da Huawei representaria o caos completo nas telecomunicações francesas. Isso porque as operadoras Bouygues Telecom e SFR já usam equipamentos da chinesa na sua rede 5G:
Como os dispositivos 5G são vinculados aos do 4G, o banimento total obrigaria essas operadoras a trocar toda a sua infraestrutura 4G existente. A consequência financeira disso é muito grande.
Prevendo o problema, as operadoras chegaram a falar em processo para que o governo indenize possíveis gastos em um banimento total. Isso pode ter influenciado o país a agir de forma mais branda:
O posicionamento da França é quase igual ao do Reino Unido, mas a forma como o governo comunica é diferente. A Huawei não tem muito o que fazer.
Vale lembrar que o governo chinês tem acompanhado "com lupa" as decisões dos países da União Europeia. Pequim pode acabar retaliando ao prejudicar a exportação de equipamentos produzidos por Nokia e Ericsson, que são as maiores beneficiadas no banimento da Huawei.
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