Há alguns meses vimos o CEO do Telegram fazer diversas acusações contra a Meta e o WhatsApp envolvendo itens de segurança. Agora um relato do The New York Times diz que uma funcionária da empresa de Mark Zuckerberg foi monitorada por mais de um ano por um spyware chamado "Predator" e o mais preocupante era sua área: executiva de política de segurança.

Artemis Seaford é a funcionária da Meta que foi rastreada por mais de um ano pelo spyware Predator criado pela Cytrox, uma empresa secreta de cibernética especializada em spywares comerciais e ferramentas de vigilância, que diz ter sede na Macedônia do Norte.

O caso chamou atenção pela mulher ser a primeira pessoa norte-americana a ser alvo do Predator. Seaford tem cidadania americana e grega e desconfiou que estava sendo monitorada ao ver seu nome numa lista de alvos do spyware em um site grego em novembro de 2022, o que foi confirmado após o seu celular ser analisado pelo Citizen Lab da Universidade de Toronto.

As evidências sugerem que o ataque com o Predator foi baseado em informações privadas provavelmente obtidas por meio de escutas telefônicas da inteligência do estado.

2/ I made a Covid vaccine appointment and immediately got sms confirmation from the state, followed by some helpful nudges to show up by the same official service. Day before the jab, I get a link to confirm my appointment, and boom...I am now infected.

— Artemis Seaford (@ArtemisSeaford) March 20, 2023

Seaford relata que teve seu celular infectado por meio de um link recebido em uma mensagem SMS em setembro de 2021. A executiva detalha que ela não foi a única vítima do Predator, que também mirou em políticos, jornalistas e empresários no escândalo político chamado de "Greece's Watergate".

O escândalo do Greece's Watergate corre até hoje em tribunais, onde o governo é acusado de espionar centenas de pessoas com o Predator para obter vantagens comerciais e políticas em relação a outros países.

Giannis Oikonomou, porta-voz do governo grego nega todas as acusações dizendo:

As autoridades gregas e os serviços de segurança em nenhum momento adquiriram ou usaram o software de vigilância Predator. Sugerir o contrário é errado... O suposto uso deste software por partes não governamentais está sob investigação judicial em andamento.

Por fim, o pesquisador sênior do Citizen Lab, John Scott-Railton, disse que o uso deste spyware é "diabólico" e que esta é mais uma evidência de como o uso do Predator está fora de controle.

A Meta não se pronunciou a respeito do caso até o momento.