Economia e mercado 16 Mai
Por um péssimo motivo, estamos tendo mais um exemplo da grande solidariedade do povo brasileiro. A tragédia no Rio Grande do Sul gerou um movimento gigantesco de arrecadações em todo o país – mas nem tudo são flores.
Em meio as iniciativas do poder público, de grupos sociais e até de indivíduos engajados nas redes sociais, interessados em ajudar, uma minoria golpista tenta se aproveitar da catástrofe para roubar, aplicando golpes financeiros.
Nas categorias a seguir, confira algumas dicas para escapar de golpes e evitar que os valores doados caiam nas mãos erradas.
Se você já não faz parte de um grupo em que confia para direcionar suas doações, como um grupo religioso ou movimento social, muito provavelmente terá que dar uma breve pesquisada para fazer sua doação.
Existem, basicamente, três opções para onde você pode direcionar sua ajuda: canais oficiais do governo, movimentos sociais confiáveis que estão na linha de frente e pessoas físicas, como influencers e voluntários engajados.
Canais oficiais do governo
Os dados para doação a órgãos do governo são divulgados diretamente pelos canais de comunicação oficiais e perfis oficiais dos próprios órgãos nas redes sociais. Desconfie de ligações, e-mails, aplicativos e mensagens de texto SMS.
O governo do Rio Grande do Sul possui uma página dedicada para dar as informações para os interessados em doar – e você pode acessar ela clicando aqui. Perceba que o link termina com a extensão .gov.br, indicando que se trata de uma página oficial do governo.
Para doar via chave Pix, fique atento aos dados do destinatário. Observe se os dados informados no aplicativo do banco coincidem com os informados pelos órgãos.
O governo gaúcho sempre reitera em suas redes que a conta destinatária é a do SOS Rio Grande do Sul. Já no caso da Prefeitura de Porto Alegre, o destinatário é PMPA – que é a sigla correspondente a “Prefeitura Municipal de Porto Alegre”. Para o Ministério Público do mesmo estado, o destinatário será o FRBL (Fundo para Reconstituição de Bens Lesados).
Sempre desconfie de mensagens e publicações que divulgam chaves Pix com a identidade visual dos órgãos públicos ou com imagens de políticos – mesmo que venha de contatos conhecidos, já que a pessoa pode estar repassando o golpe por inocência.
A regra geral é: antes de doar, confira se o endereço e o destinatário da doação é o mesmo fornecido em sites ou órgãos oficiais.
Movimentos sociais
Várias organizações, associações e movimentos sociais também iniciaram um processo para angariar fundos e ajudar as vítimas das enchentes. Mas antes de doar para esses grupos, é importante tomar algumas precauções:
- Assim como no caso dos órgãos oficiais, é importante procurar perfil e site oficiais do grupo para onde você quer destinar a sua doação. Verifique quais outros projetos foram realizados, se há alguma prestação de contas das doações e se de fato existem voluntários do grupo atuando nas zonas necessárias;
- Pesquise por registros da atuação do grupo em reportagens na imprensa, sites de notícias locais e em rádios comunitárias;
- Se possível, acompanhe as atividades online do grupo. Mantenha-se atualizado das ações tomadas e cobre transparência do uso dos recursos;
Antes de realizar a doação, confira os dados do destinatário. Na dúvida, consulte a entidade que irá receber o donativo. Como sempre, o ideal é buscar os dados de transferência nos canais oficiais da organização ou movimento escolhido.
Caso você já faça parte de um grupo religioso ou movimento social em que confia no trabalho, tudo fica mais fácil. Busque as lideranças dentro do seu grupo e informe-se como o grupo está reunindo fundos para ajudar à causa. Mesmo que seu grupo não esteja diretamente envolvido, é provável que eles saibam de outras organizações que estão engajadas.
Pessoas físicas
Além dos órgãos oficiais do governo e movimentos sociais, muita gente tem tentado organizar – de forma individual – mobilizações para reunir doações para as vítimas no Rio Grande do Sul.
Mas, diferente do que acontece nos outros dois casos, atestar a confiabilidade das campanhas realizadas por essas pessoas pode ser um pouco mais complicado. De qualquer forma, você ainda pode se atentar a algumas coisas:
- Acompanhe a pessoa nas suas redes sociais. Verifique as postagens dela e como ela está agindo. Confira nos comentários se existem denúncias de má atuação ou mau uso e desvio de recursos. Se ela tiver os comentários e respostas bloqueados, isso pode ser um mau sinal;
- Busque recomendações de amigos, familiares e conhecidos que estejam nas áreas afetadas. É provável que eles conheçam as pessoas que estão à frente das iniciativas;
- Doe para pessoas que você conheça e confie. Se a pessoa for um voluntário com menos alcance nas redes, veja se tem amigos em comum e pergunte sobre a índole da pessoa;
- Se decidir doar para campanhas de grandes influencers, certifique-se da transparência do influenciador escolhido e reflita como ele se comportou no passado;
- Independente da pessoa escolhida, verifique se ela é transparente no uso dos recursos e se faz a prestação de contas. De forma geral, essas pessoas costumam compartilhar fotos e vídeos dos bens adquiridos com o dinheiro das doações e as notas fiscais das compras.
Escolhida e verificada a pessoa, a regra geral permanece: antes de doar, confira se o endereço e o destinatário da doação é o mesmo fornecido no perfil verdadeiro do voluntário.
Se você caiu em um golpe, nem tudo está perdido. Para doações feitas via Pix, as vítimas podem recorrer ao Mecanismo Especial de Devolução (MED); ferramenta criada pelo Banco Central com o objetivo de reparar danos aos que foram vítimas de fraudes ou golpes com o uso da tecnologia.
Para tentar reaver os valores, a vítima deve apresentar provas de que caiu em um golpe, como boletins de ocorrência e prints de conversas. Nem sempre a devolução acontece de forma integral.
Caso o estorno seja negado, a vítima pode ingressar com ação na justiça.
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