28 Maio 2016
O diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper, reclamou das denúncias de Edward Snowden contra a NSA e culpou o ex-funcionário da agência pelo avanço acelerado da criptografia. Em um café da manhã com jornalistas realizado na última segunda-feira, Clapper se queixou de que a aceleração na melhoria da tecnologia de codificação de dados teve "um profundo efeito em nossa habilidade de coletar [dados], especialmente contra terroristas", e ainda se negou a aceitar que o avanço foi benéfico para os cidadãos.
Como resultado das revelações de Snowden, o início da criptografia comercial avançou em sete anos.
Clapper explicou ao jornal The Intercept que, há três anos, a NSA havia projetado que a criptografia comercial só estaria instalada e madura daqui a mais sete anos. No entanto, com as revelações de Snowden, muitos serviços já estão oferecendo dados criptografados, como Whatsapp, que oferece a codificação de ponta a ponta, além do Telegram e do Signal. Questionado sobre esta codificação proteger cidadãos de cibercriminosos, o chefe de espionagem apenas disse que "do nosso ponto de vista, isto não é uma coisa boa".
No entanto, tecnólogos reconhecem que não existe criptografia que não possa ser quebrada, e há outros meios de passar por cima desses dados e pegar criminosos, terroristas e, principal e mais facilmente, cidadãos comuns, no que Clapper concordou. "Na história humana, desde que criamos a inteligência de códigos, não há tal coisa [códigos indecifráveis], dado o tempo adequado e a correta aplicação da tecnologia", admitiu ele.
Edward Snowden, além de vazar documentos que comprovavam espionagem em massa da NSA contra cidadãos estadunidenses e até figuras de alto escalão da política internacional, já nos contou que a agência guarda fotos íntimas em seus servidores, além de planos de agências governamentais americanas de espiar usuários da Apple, disse, em janeiro do ano passado, que o iPhone não é seguro, alertou que agências de espionagem tentam hackear lojas de apps Android e revelou que um programa de espionagem utilizado por uma agência britânica permitia que ela controlasse smartphones.
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