Apesar de ser uma das redes sociais que mais cresce no mundo, o TikTok também tem enfrentado uma série de críticas sobre a forma como modera o conteúdo postado dentro da plataforma. No fim do ano passado, a ByteDance - empresa que controla o aplicativo - foi acusada de censurar conteúdo sensível ao governo chinês.

Agora, de acordo com reportagem publicada pelo The Intercept, as políticas de moderação do TikTok também tinham a intenção de limitar a exposição de usuários "indesejáveis". A informação foi obtida com base em documentos que eram distribuídos aos moderadores da plataforma.

O TikTok pediu que sua equipe escondesse vídeos que mostrassem pessoas consideradas "feias", deficientes e até casas de pessoas "pobres", como as favelas brasileiras.

As regras de moderação vazadas trazem recomendações para que conteúdos que "ameacem a segurança nacional", que mostrem favelas, miséria, barrigas de cerveja e sorrisos tortos tenham sua audiência derrubada. Assim, tiktokers mais pobres não tinham chance na aba "For You" (recomendação de conteúdo novo).

Os moderadores suprimiam vídeos de usuários com falhas congênitas, forma corporal anormal, aparência facial feia, barriga de cerveja óbvia, muitas rugas, problemas nos olhos [...] ou com ambiente de gravação surrado, em ruídas (favelas ou campos rurais), paredes descascadas e decorações de mau gosto.

Ao que tudo indica, a rede social utilizou essa estratégia para impedir que esses vídeos fossem expostos a novos usuários. A intenção era reter essas pessoas, sendo que a rede social até lista uma justificativa no documento:

Esse tipo de ambiente não é tão adequado para novos usuários por ser menos chique e atraente.

Em resposta ao Intercept, um representante do TikTok disse que essas políticas não estão mais em uso e nunca foram implementadas. Além disso, o porta-voz alegou que o objetivo era limitar a exposição desses usuários como forma de impedir o bullying.

Além dos problemas envolvendo a própria rede social, o TikTok também tem sido utilizado por usuários sem noção que desafiam as recomendações de saúde. Nesta semana, a influenciadora Ava Louise compartilhou um vídeo lambendo a tampa do vaso sanitário de um avião.

A jovem tem cerca de 22 mil seguidores no TikTok e quis chamar a atenção com o "desafio do coronavírus". Pouco tempo depois, o TikTok agiu com rapidez e removeu o vídeo da sua plataforma, mas o registro ainda está disponível no Twitter:

Nem precisamos dizer que tal desafio é um completo absurdo e vai contra todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para piorar a situação, a influenciadora ainda postou um texto preconceituoso nas redes sociais:

O coronavírus é para pessoas pobres. Lembre-se de que você pegou o coronavírus porque é feio. Se você parasse de comer e perdesse algum peso, não pegaria o vírus. [...] não consigo ter o coronavírus. As loiras ricas são IMUNES.

Devemos lembrar que o coronavírus (Covid-19) vem causando mortes em todo o mundo. Além disso, apesar de ter sintomas mais leves em jovens, o vírus pode ser mortal para idosos e pessoas com doenças crônicas.