Um grupo de cientistas pesquisadores da Universidade da Califórnia conseguiu desenvolver um robô com inteligência artificial capaz de realizar suturas médicas após cirurgias com uma precisão de 85,5%.

O estudo se baseou na apresentação de 78 vídeos de médicos realizando o procedimento repetidas vezes ao sistema com inteligência artificial, para que o robô assimilasse as técnicas utilizadas pelos profissionais e aprendesse a repetir o “passo-a-passo” da mesma forma. Com isso o robô, que foi chamado de Motion2Vec consegue imitar os cirurgiões ao fazer os movimentos de inserção, extração e transferência de agulhas com uma precisão “quase humana”.

Veja um vídeo do robô realizando uma sutura que foi divulgado pela equipe:

O líder da equipe que desenvolveu o sistema de aprendizado profundo semi-supervisionado, Ajay Tanwani explicou a técnica: “Aprender a partir de observações visuais, comparado às interfaces tradicionais de aprendizado de maneira estática ou imitando trajetórias, possui muito apelo devido à enorme quantidade de conteúdo disponível.”

“O YouTube recebe 500 horas de material novo a cada minuto. É um repositório incrível. Qualquer humano pode assistir a quase qualquer um desses vídeos e entendê-lo, mas um robô atualmente não pode - eles apenas o veem como um fluxo de pixels. Portanto, o objetivo deste trabalho é tentar entender esses pixels. Isso é, olhar para o vídeo e analisá-lo”, completa Ken Goldberg, diretor do laboratório da Universidade da Califórnia, que ajudou a equipe de Tanwani no estudo.

O algoritmo utilizado pelo Motion2Vec é treinado por uma rede neural siamesa que é utilizada para reconhecimento de imagem. Neste caso, é utilizada para combinar imagens de uma câmera de vigilância com a foto do documento de uma pessoa em sistemas de segurança interno, por exemplo. No caso do robô, a rede é adaptada para ensinar o robô a repetir o movimento do braço que é feito pelos médicos nos vídeos.

Tanwani explica que ainda faltam anos para que o sistema seja completamente aprimorado, mas que, caso seja aplicado, o sistema de inteligência artificial dele poderá funcionar como assistente para os médicos na realização das tarefas. Ele explica ainda que, com os devidos treinamentos, o robô poderá ser capaz até de realizar a retirada de carne morta e detritos de uma ferida.

"Acreditamos que isso ajudaria os cirurgiões a concentrar seu tempo na execução de tarefas mais complicadas", espera Tanwani, "e usar a tecnologia para ajudá-los a cuidar da rotina mundana"

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que cientistas testam técnicas artificiais para o aprimoramento da medicina. Um grupo de pesquisadores da universidade de Pittsburgh criou um mini-fígado artificial a partir de céculas humanas que pode ser utilizado para transplantes no futuro.

Em outra ocasião, estudiosos do Centro Médico da Universidade de Amsterdã desenvolveram um coração robótico, com o qual esperam reduzir a fila de espera de transplantes cardíacos.