Há muito tempo, as comunicações via radiofrequência estão presentes no dia a dia das pessoas, embora muito não estejam familiarizados com a tecnologia. Ligações telefônicas, conexão móvel com a internet, além de aplicações em tratamentos médicos são exemplos de casos de uso.

A NASA, desde 1950 até então, também depende das ondas de rádio para possibilitar a comunicação entre a Terra e o espaço, levando meses para enviar e receber dados de sua infraestrutura orbitando outros planetas. Agora, a agência passará a executar testes com a comunicação a laser para maior dinamismo nessa comunicação.

As comunicações a laser permitem, na teoria, entre 10 e 100 vezes maior fluxo de dados entre a Terra e o espaço de forma ágil e precisa. A nível de comparação, as radiofrequências levariam nove semanas para transmitir um mapa completo da superfície de Marte à Terra; com transmissões de laser, esse mesmo processo levaria apenas nove dias.

Em escalas astronômicas, o período reduzido seria um grande passo para as missões além do sistema solar. Além disso, os sistemas de comunicação com essa tecnologia são menores, mais leves e exigem menos energia das engenharias da NASA, que primordialmente dependem da radiação solar para serem alimentadas no espaço.

Para o ensaio, será utilizada a Demonstração de Relé de Comunicação a Laser (LCRD), uma plataforma equipada com a infraestrutura necessária para receber e transmitir dados através da luz infravermelha (laser) durante um período estipulado de dois anos para os experimentos.

A LCRD demonstrará todas as vantagens do uso de sistemas a laser e nos permitirá aprender a usá-los melhor operacionalmente. Com essa capacidade ainda mais comprovada, podemos começar a implementar comunicações a laser em mais missões, tornando-se uma maneira padronizada de enviar e receber dados.

David Israel
Pesquisador da NASA

Vale notar que o laser não é mais rápido que a radiofrequência — ambos são partículas eletromagnéticas capazes de se propagar na velocidade da luz no vácuo. Seu grande diferencial, portanto, é a capacidade de transmitir um maior volume de dados em um único downlink devido às ondas significativamente compactas.

Uma questão a respeito da tecnologia infravermelha é a necessidade de precisão em seu direcionamento. O laser é propagado de forma colimada, isto é, retilínea; precisa em uma única direção. Desta forma, um pequeno grau de desvio na direção em que é propagado poderia resultar na perda do sinal.

A LCRD será lançada no dia 23 de junho, permanecendo em órbita geossíncrona a cerca de 35 mil quilômetros de altitude. Por ora, é uma distância relativamente curta para que os cientistas adquiram experiência sobre a tecnologia e integrem em suas futuras missões interplanetárias.