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Assistentes virtuais, inteligência artificial e a temida singularidade

08 de maio de 2015 13

Os assistentes virtuais se tornaram uma das maiores tendências tecnológicas dos dias de hoje. Eles não apenas se tornaram realidade em nossos desktops e celulares, como também tem servido como combustível para diferentes obras de ficção. Muito além do assistente virtual de Tony Stark, JARVIS, estes nossos companheiros chegaram até mesmo a ganhar o Oscar de melhor roteiro em 2013, quando Spike Jonze dirigiu o filme "Ela" com Joaquim Phoenix e Scarlett Johanson. Na trama, um homem solitário se apaixona por sua assistente virtual, um software que aprende com ele e vai se tornando cada vez mais inteligente.

Fora do mundo do cinema e dos quadrinhos também podemos encontrar bons exemplos de narrativas que ligam este tipo de programa com inteligências artificiais verdadeiras. Na trilogia de jogos da Bioware, Mass Effect, a assistente virtual da sua nave EDI, se torna um dos companheiros mais importantes do jogo, chegando até mesmo a virar um personagem jogável no decorrer da trama, além de se apaixonar pelo seu piloto. Temos também o exemplo Cortana, que efetivamente deu o salto de sua presença nos games para a vida real, virando a assistente virtual do Windows Phone.

O que todas estas histórias de ficção têm em comum? Elas pressupõem uma espécie de protagonismo dos assistentes virtuais diante da criação de uma inteligência artificial plena. Como se dissessem que estes programas que irão nos levar a tão temida ou esperada singularidade tecnológica.

Ao longo deste artigo, nós vamos debater um pouco sobre qual é a relevância dos assistentes virtuais no mercado moderno de tecnologia, além de falar sobre outras aplicações que tem utilizado este desenvolvimento como base. Vamos tentar entender o porquê de diversas empresas do mundo digital estarem contratando profissionais pouco usuais para os seus centros de pesquisa, filósofos, antropólogos, sociólogos e linguistas.

A ideia é tentar entender melhor este fenômeno, seus desdobramentos e que tipo de futuro eles poderão nos trazer conforme nos tornamos cada vez mais dependentes de nossos assistentes.

A importância dos assistentes virtuais

Cortana do jogo Halo.

O quão inteligente que você quer que seu smartphone seja? Para os criadores da Cortana, o "assistente virtual" ativado por voz desenvolvido pela Microsoft, a aposta é que a maioria das pessoas ainda não está pronta para entregar o controle de suas vidas para um cérebro artificial.

A Cortana era originalmente uma personagem de um jogo, Halo, que graças ao seu enorme sucesso acabou aparecendo para a Microsoft como a oportunidade perfeita de competir com a Siri. A presença de uma voz suave com uma atitude ligeiramente atrevida dá um aspecto de personalidade quase tangível a assistente, que atualmente é perfeitamente capaz de ler o seu e-mail para lhe avisar sobre um próximo compromisso, ou sobre alguma coisa de seu interesse acontecendo.

Apesar de tudo, a Microsoft não vai deixar que Cortana tome a liberdade de fazer a sua agenda. Em vez disso, o sistema pede permissão, como um assistente humano discreto e subserviente, que não quer assumir compromissos demais, mas que confirmam que o software está no caminho certo para antecipar os nossos desejos.

"No momento ela é uma inteligência progressista, não uma inteligência autônoma", diz Marcus Ash, gerente de programação responsável por Cortana na Microsoft. As pessoas não querem ser surpreendidas por quanto seus telefones estão começando a assumir suas próprias responsabilidades, "nós tomamos uma decisão explícita de ser um pouco menos "mágicos" e um pouco mais transparentes."

A opção da Microsoft por um sistema de assistência mais sutil e autômato pode estar com os dias contados. A impressão geral que temos hoje é que existe uma corrida entre algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo para chegar primeiro no guia onisciente capaz de filtrar o mundo digital para você.

Assim como a guerra dos navegadores da década de 1990, o resultado vai ajudar a definir o equilíbrio de poder para a próxima fase da internet. Ao canalizar a atenção e tomar decisões em nome de seus usuários, os assistentes virtuais terão o enorme poder de levantar ou quebrar muitas outras empresas, de montadoras até a indústria do entretenimento. Por essa razão, dezenas de companhias diferentes estão tentando criar seus próprios assistentes virtuais para manter seus clientes leais. Não sabemos quem vai ganhar essa corrida, mas o nosso futuro pode pertencer a um pequeno grupo de assistentes oniscientes, da mesma maneira como motor de busca da Google conseguiu acabar com quase todos os outros sites de consulta sobre a web.

Embora ainda não tenha chegado a ser adotado em massa, o potencial desta nova forma de inteligência artificial deixou todas as empresas de tecnologia desesperadas. Junto com a Microsoft, temos a Apple com o serviço de perguntas e resposta batizado de Siri em seus iPhones e iPads, no Android, temos o Google Now que tenta antecipar as informações dos seus usuários, além de outras companhias como o Facebook, a Amazon e o Baidu, que estão experimentando com aplicativos de assistência para mobile e desktop.

A impressão que temos é que o mundo da tecnologia está nas garras de uma "primavera da Inteligência Artificial", o termo foi criado por Oren Etzioni, chefe do instituto de pesquisa de IA apoiado pelo co-fundador da Microsoft Paul Allen. De todas as novas frentes tecnológicas esta promete dar origem aquilo que pode vir a ser a invenção mais importante da história da humanidade, a inteligência.

As conseqüências se estenderão para muito além da capacidade de responder uma pergunta em seu smartphone e obter uma resposta imediata, ou para receber avisos sobre o tráfego na rua. Se os assistentes virtuais de fato forem adotados, eles estão propensos a assumir muitas das decisões da nossa vida cotidiana, conforme eles tentam antecipar as necessidades de seus usuários. O incrível é que mesmo de forma rudimentar os assistentes estão suscetíveis a ter uma mente própria e a aprender conosco.

As tecnologias que movimentam o assistente

Como criar uma pessoa artificial?

Assistentes virtuais dependem de um número de diferentes tecnologias. A principal delas é o reconhecimento de voz. A Google diz que tem reduzido a taxa de erro para o reconhecimento de palavras em seu próprio aplicativo móvel para menos de 8 por cento - um nível em que ela diz que o serviço tornou-se uma alternativa prática para a inserção de texto.

A Apple também tem registrado progressos consideráveis em superar os problemas da versão inicial de seu software, adicionando mais recursos para Siri e ajudando os usuários a entender melhor o que ela pode e não pode fazer.

A segunda frente importante é a tecnologia de previsão, que tem como objetivo antecipar o que o usuário vai querer saber em seguida. Este sistema se baseia em dados contextuais - aspectos como a localização e a hora do dia - assim como informações pessoais. O fato destes aplicativos estarem ligados em uma rede também é muito importante, na medida que identificar o que as outras pessoas têm achado útil é uma informação valiosa. Essas são afirmações de Aparna Chennapragada, diretor de gerenciamento de produto para aplicações móveis da Google: "Para a maioria das pessoas em sua situação, quais são as cinco coisas que você precisa?"

As empresas de tecnologia não liberam muita informação sobre o grau de desenvolvimento em que estão seus assistentes virtuais, até mesmo para despistar seus competidores. Sabemos que em todas as grandes empresas, o orçamento para a pesquisa e aprimoramento destes modelos tem dobrado a cada ano, e os usuários estão começando a mostrar um grande interesse por esse tipo de tecnologia.

Repensando os serviços

O mundo da web 3.0

"O que temos hoje é realmente uma meta-camada de inteligência nas máquinas, sentada em cima de vários serviços", diz Mitch Lasky, sócio da Benchmark e investidor na Cyanogen empresa de software para dispositivos móveis.

"Se eu pedir para a Siri me encontrar um táxi, ela não vai utlizar o Uber - e eu não serei capaz de forçá-la a fazer isso." Para muitas empresas que contam com os smartphones para que seus clientes tenham acesso aos seus serviços, as conseqüências poderiam ser significativamente preocupantes.

Dadas as limitações que os assistentes virtuais têm mostrado até agora, pode parecer prematuro começar a se preocupar com um momento em que eles serão capazes de antecipar-se às necessidades e desejos de seus usuários sozinhos. Quando a Apple lançou a Siri, em 2011, foi uma demonstração cativante dos avanços em softwares de reconhecimento de voz e sistemas de perguntas e respostas, mas o programa também serviu como uma demonstração dos limites desta tecnologia. Os usuários rapidamente descobriram que o sistema só poderia lidar com certos tipos de consulta.

Nesse sentido, é perceptível que a indústria ainda está sofrendo com o desapontamento causado pela Siri, ainda que a tecnologia já tenha percorrido um longo caminho em um curto espaço de tempo. Em locais mais distantes, como a China, o Baidu já alega que a proporção de suas pesquisas que são realizadas por voz já alcança quase 10 por cento. A Google não diz o número exato, mas tem afirmado que a quantidade de vezes que seus usuários fizeram uma consulta de voz em seus smartphones dobrou no ano passado.

O espalhar do uso era previsível, sabemos que não ia demorar muito até que dispositivos capazes de nos ouvir se tornassem uma segunda natureza. Especialmente se levarmos em conta que estes computadores inteligentes se espalharam para muitos novos tipos de formatos nos quais os textos redigidos eram impraticáveis, como smartwatches, televisores e carros. Se no futuro todos os aparelhos tiverem a capacidade de falar conosco e nos auxiliar, quem quer que consiga criar o assistente virtual perfeito vai se tornar um novo Google para a internet 3.0.

Um assistente para todos dominar?

O olho de Sauron.

Este é um questionamento fundamental, determinar se os resultados que chegaremos neste campo vão apontar para um assistente digital geral, desenvolvido pelos gigantes da tecnologia, ou se os usuários vão gravitar para um foco mais específico com diferentes guias inteligentes que vão ajudá-los a navegar em aplicativos e momentos especializados.

Certamente as grandes empresas, assim como Sauron na terra de Mordor, desejarão criar a interface inteligente "para todos dominar", mas essa não é a única possibilidade e também não é o que todos os fabricantes de aplicativos e de aparelhos querem.

Algumas empresas já estão começando a experimentar com a incorporação de assistentes virtuais dentro de seus próprios aplicativos móveis. Nos Estados Unidos, a cadeia de pizzarias Domino's tem feito uma ampla campanha publicitária na televisão para promover o "Dom", um assistente digital que guia os seus clientes através no processo de encomendar uma pizza em seus smartphones.

Assim como outras empresas, a Domino's tem esperanças de que a criação de uma personalidade única na forma de um personagem vai desempenhar um papel na escolha de seus clientes. A ideia por trás disso é a noção de que consumidores querem interagir de maneira única com as marcas que lhe agradam, restringindo a interação de assistentes de uso geral como a Siri apenas para "reorientar" os usuários a guias especializados, como o Dom.

A idéia faz todo sentido, já que sabemos que os desenvolvedores de aplicativos individuais podem sempre compreender e navegar melhor no conteúdo de suas próprias criações. O importante é que esta mudança seja pautada pelo que é melhor para o usuário, e não por algum medo das empresas ligados a ideia de fidelização de um cliente.

Estas noções começam a ser borradas conforme chegamos em um mundo conectado. A Mercedes não pode ter receio de ter um sistema operacional que se utiliza do Google Maps, da mesma forma que parece ser natural que os programas específicos desenvolvam seus próprios assistentes.

Um ótimo exemplo de funcionamento harmônico de um assistente geral tem acontecido com o Now. Em março desse ano, o Google lançou uma API experimental que permite que outras empresas introduzissem seu próprio conteúdo em seu serviço Google Now, de modo que suas informações também estivessem disponíveis para os usuários quando necessário.

A maioria das grandes empresas da área estão tentando criar uma tecnologia de ligações em rede que funcione com o conteúdo de aplicativos autônomos. Dessa forma eles seriam capazes de usar automaticamente as informações uns dos outros em outros contextos. Se este tipo de iniciativa der certo, podemos transformar o mundo de aplicativos isolados em um lugar semelhante a internet, com centenas de hiperlinks conectando tudo, apontando para um momento em que as paredes entre aplicativos vão começar a ruir.

Para muitas pessoas e empresas de comércio eletrônico, este seria um mundo muito diferente, exigindo métodos inteiramente novos para alcançar os clientes. Se as Cortanas e as Siris acabarem dominando o mercado de assistentes virtuais, talvez nunca cheguemos a este tipo de utopia da informação. Apesar disso, muitas empresas diferentes tem estudado o processo de criação de assistentes virtuais para garantir que o futuro seja sim um local diverso.

Amelia e os empregados do futuro

Será o fim do trabalho humano?

Uma das lacunas que os novos assistentes pessoais estão cumprindo é justamente as funções de secretariado. Mais uma vez voltamos ao nome desses programas, e parece cada vez mais certo que diversas empresas estão ansiosas para substituir seus funcionários por assistentes virtuais, o que pode gerar umas das maiores crises econômicas do século XXI.

A IPsoft, uma empresa situada no centro de Londres está desenvolvendo a Amelia - uma inteligência artificial que visa assistir seus donos em uma infinidade de tarefas. O nome já é um tanto quanto auspicioso, quase todos os brasileiros ainda lembram da clássica composição de Mario Lago (Amélia que era mulher de verdade), resta saber o quão verídica ela continuará sendo quase 100 anos depois de que foi escrita.

A companhia, fundada por um professor de matemática da Universidade de Nova York, que passou os últimos 15 anos dedicados à pesquisa sobre autômatos e tecnologias cognitivas que reduzam a necessidade de intervenção humana na gestão de infra-estrutura em diferentes negócios.

O objetivo da IPsoft é assumir os cargos do "trabalhador do conhecimento de nível médio" - pessoas que trabalham atrás de mesas em funções de secretaria, ajuda e centros de atendimento ao cliente. Para a empresa a inteligência humana não será capaz de competir com o suposto intelecto superior de um assistente de silício.

A Amelia não é ficção científica; ela é real e se junta a dezenas de outros esforços de computadores cognitivos com o objetivo de forjar uma nova força de trabalho com IA. Entre as suas capacidades estão responder a e-mails, atender telefonemas e conversar através de mensagens instantâneas com outros seres humanos. A diferença é que ela pode fazer isso, sem cansar e com dezenas de pessoas ao mesmo tempo, sempre de forma paciente e clara.

Segundo o CEO da IPsoft Reino Unido , Richard Warley: "ela é significativamente diferente dos truques baratos que são os assistentes virtuais como o Siri, da Apple, que só respondem palavras-chave com respostas pré-escritas, imitando-nos sem qualquer compreensão real do que fazemos. Em alguns aspectos, Amelia realmente entende o que está sendo dito a ela, e até mesmo como a pessoa se sente."

"A nossa linguagem é algo que nós tomamos como simples, mas é uma coisa terrivelmente complexa para uma máquina de entender. A primeira coisa que a Amelia aprendeu a fazer foi processar este conceito, como você vai ver, e isso é o que é importante - ela pode se comunicar e compreendendo o significado do idioma que você e eu usamos.

A segunda coisa que ela pode fazer, é aprender a compreender a informação que ela recebeu, desconstruindo texto em uma 'ontologia neural', uma espécie de mapa de conexões que ela consegue entender."

Em uma simples demonstração feita para um jornalista da Information Age, Amelia foi apresentada com uma série de perguntas. Ele digita uma frase exemplo - "Chloe comprou um carro de Richard" - em sua caixa de entrada. Instantaneamente, Amelia começa desconstruí-la em suas palavras individuais para que ela possa entender o significado semântico do que foi dito.

Em seguida, o jornalista pergunta "que era proprietária do carro? " Ela responde:"Chloe e Richard". Ele acrescenta mais uma informação "Chloe comprou o carro de Richard ontem" e, em seguida, pergunta "quem possuía o carro na semana passada?" Ela responde rapidamente: "Richard".

O que é interessante sobre isso é que Amelia sabe que a operação foi realizada entre Chloe e Richard, e compreende o cronograma de eventos. Para demonstrar o processo ao lado da conversa, ele me mostra o back-end do software - o "mapa mental", ela está construindo conexões e significados a cada palavra pronunciada.

Em um segundo teste, Amelia foi dado um pedaço maior de informações para digerir - toda a página da Wikipedia de William Shakespeare. Se você já clicou página da Wikipedia sobre o autor de teatro sabe que não é a coisa mais fácil de entender do mundo, mesmo para um ser humano e especialmente em uma primeira leitura. Ela é cheia do tipo de frases complicadas que são o resultado de pessoas tentando mostrar o quão bem elas entendem de literatura elizabeteana e etc. Apesar disso, quase que instantaneamente Amelia é capaz de responder diversas perguntas sobre Shakespeare, como quantos filhos ele teve, e onde e quando se aposentou.

Se ela estiver em uma situação onde ela não sabe como progredir, ela pode pedir a ajuda de um colega humano para intervir na conversa. Tudo isto é muito inteligente, mas, curiosamente, Amelia não tem apenas tem um QI, muito mais do que isso, ela tem um QE (Quociente Emocional). A assistente está equipada para entender estados emocionais graças ao seu "motor de empatia". Ela pode criar perfis psicológicos das pessoas com quem está interagindo com, colocando-os em um gráfico 3D entre várias emoções, e é capaz de dizer se elas parecem estar felizes ou não baseado em sua experiência.

Certamente a IPsoft está começando a avançar ainda, e dentro de poucos anos ela deve finalizar este que parece ser o assistente virtual supremo. Apesar disso, esta empresa está longe de ser a única do mercado batalhando por um espaço no mundo da inteligência artificial.

Uma assistente virtual mais virtual que as demais

Apenas a evolução da secretária eletrônica?

Se os assistentes virtuais que temos hoje em dia já podem ser considerados invisíveis, a coisa é ainda mais estranha quando vemos o que a X.ai está desenvolvendo. Um software assistente que você não precisa fazer o download para o seu computador ou abrir um aplicativo no seu smartphone para executá-lo, que faz o seu trabalho nos bastidores sem gastar sua energia ou processamento, e que oferece um serviço de muita utilidade para grandes empresas.

O nome dessa coisa mística é Amy, e ela existe apenas nos servidores da X.ai e pretende lhe assistir remotamente através da nuvem. Dennis Mortensen, fundador e executivo-chefe da startup de Nova Iorque, afirmou que a sua empresa levantou cerca de 9,2 milhões para financiar este projeto, que se soma a mais 30 milhões angariados com acionistas.

Todo esse dinheiro vai para criação de Amy, um assistente virtual cuja tarefa é ajudar os usuários a agendar reuniões mais facilmente, reduzindo o pingue-pongue de e-mails e preocupações com o calendário. Como foi falado, Amy não vêm com um aplicativo ou um site. Depois de se inscrever no serviço, tudo que o usuário tem que fazer é copiar Amy no e-mail que será enviado para a outra parte em pedido de reunião. A assistente não vai apenas envia-lo, como uma secretária humana faria, mas vai intermediar de maneira inteligente todo o processo de reunião, visando encontrar as preferências de ambas as partes.

Para o dono da empresa, é importante que os usuários tratem a Amy como se ela fosse um ser humano real, de modo que seu algoritmo possa aprender, com a linguagem padrão, a enfrentar todas as situações possíveis. Para ajudar os usuários a pensar nela como uma pessoa, o software é programado para levar alguns minutos para responder os emails, mesmo que ele pudesse responder instantaneamente. A X.ai alega que pode até colocar alguns erros ortográficos em suas respostas para ajudar a farsa.

De acordo com Dennis Mortensen, cerca de 10 bilhões de reuniões formais acontecem somente nas corporações americanas a cada ano. Embora a tarefa de agendamento de reuniões possa parecer banal, a quantidade de tempo e dinheiro desperdiçados nesses processos pode ser muito grande.

Assistente virtual da X.ai pode não ter um site ou um aplicativo, mas ela tem um perfil no LinkedIn, Amy Ingram, com 128 ligações a partir de final de dezembro (o homólogo de Amy, Andrew, não tem uma página no LinkedIn, mas terá em breve, disse a empresa). A empresa acredita que a colocando em redes sociais, a inteligência da assistente tem potencial de crescer e se desenvolver, entendendo cada vez melhor os humanos com os quais tem que trabalhar.

A singularidade

Vivemos na era de Ultron?

Para os que desconhecem o termo, a ideia de que em algum momento futuro a inteligência artificial vai superar a humana recebeu o termo de singularidade tecnológica a partir do texto do cientista e escritor Vernor Vinge. O artigo “The Coming Technological Singularity: How to Survive in the Post-Human Era”, de 1993, considera o evento iminente, previsto para ocorrer antes de 2030, e que transformará radicalmente a civilização.

Vinge compara a singularidade tecnológica ao surgimento da inteligência humana no mundo e aponta as possibilidades de como esse estágio de desenvolvimento pode acontecer. O autor enumera quatro campos científicos que podem levar à superação dos homens pelas máquinas, um deles é justamente o avanço dos sistemas de inteligência artificial. Se forem capazes de se tornar tão complexos quanto nós eles se tornariam nossa última invenção, afinal se criamos inteligências além da nossa capacidade, tudo o que desenvolvermos a partir desse ponto será inferior do que IAs conseguem fazer.

O assunto parece ser oriundo de um filme de Ficção científica, mas ele é bem sério. Alguns dos maiores cientistas do mundo, como Stephen Hawking, vêm se manifestando sobre o perigo de trabalhar com inteligência artificial, e como as pessoas devem ser mais cuidadosas e elaborar mecanismos de segurança para que as coisas não fujam do controle. Afinal, não queremos que um Ultron (o vilão do filme mais popular do ano) apareça em nosso mundo, ou suas versões igualmente terríveis como a SkyNet e as máquinas de Matrix.

O próprio Bill Gates comentou o assunto em uma entrevista recentemente, quando perguntado acerca dos perigos que uma superinteligência poderia causar. O dono da Microsoft tratou o assunto com seriedade:

"Eu estou no campo daqueles preocupados com este problema. Primeiramente as máquinas farão muito de nossos trabalhos por nós e ela não precisam de superinteligência para isso. Isto pode ser positivo se gerenciarmos direito. Entretanto, algumas décadas para frente, quando os IAs estiverem perto de nos superarem, eu concordo com Elon Musk e outros pesquisadores e não entendo quem não está preocupado ou vê um perigo nesta questão".

Apesar desses problemas, ainda estamos longe de alcançar a singularidade tecnológica, e é difícil imaginar que os nossos assistentes virtuais é que serão os responsáveis por esse momento único. Como o nome deixa claro, o objetivo destes programas é lhe assistir, lhe ajudar, e não substituir você.

Apontamentos para o futuro?

Será que todos teremos um Jarvis algum dia?

Os assistentes virtuais, e mais ainda, estas pequenas (ou enormes) inteligências artificiais, realmente estão destinadas a conquistar o mundo de alguma maneira. A indústria automobilística se prepara cada dia mais para substituir os motoristas por estes assistentes, como já está acontecendo. Dezenas de empresas se dedicam a criar novas Amelias e novas Amys para preencher ainda outras lacunas em nosso mercado.

Os assistentes virtuais são um exemplo perfeito diante das possibilidades de futuros que temos, e eles chegaram para ficar. Se os mesmos contribuirão para que nós possamos viver em uma utopia sócio-tecnológica onde as máquinas trabalharão para nós, ou se eles resultarão em um colapso econômico devido a substituição da mão de obra humana, não podemos dizer. Em algumas décadas não podemos nem mesmo descartar a hipótese mais assustadora de criarmos uma singularidade ao perseguir este tipo de tecnologia.

O desenvolvimento dos assistentes, e a forma como eles têm invadido nossas imaginações, sua onipresença em praticamente todas as ficções científicas modernas, apontam para uma curiosidade humana tão antiga quanto a nossa espécie: o que é inteligência? O que nos torna diferentes dos outros animais? E como reproduzi-la?

Existem diversas barreiras para a criação de uma verdadeira inteligência artificial, uma das mais notórias foi batizada como "o problema difícil da consciência", que é tentar compreender e explicar como e o porquê nós temos experiências fenomenológicas qualitativas.

David Chalmers, criador desta pergunta, a contrasta com os ditos "problemas fáceis", como explicar a habilidade de discriminar, integrar informação, reportar estados mentais, focar atenção etc. Estes problemas são fáceis porque tudo o que é requerido para a sua solução é especificar um mecanismo que possa executar estas funções, iIsto é, as suas explicações propostas, não importando quão complexas, são inteiramente consistentes com a concepção materialista moderna dos fenômenos naturais.

Várias questões sobre consciência devem ser resolvidas a fim de adquirirmos um entendimento completo dela. Tais questões incluem, mas não estão limitadas a, se consciência pode ser inteiramente descrita em termos físicos, como a agregação de processos neurais no cérebro. Como saberemos um dia se uma inteligência artificial criada por nós tem mesmo confiança? Ter compreensão de si mesmo em distinção aos outros é algo que programas como a Amelia já fazem, mas isso não os torna verdadeiramente conscientes.

Balizados por esses questionamentos, os principais centros de pesquisa e empresas de tecnologia do mundo se voltam para um momento estranho, onde é necessário olhar cada vez mais para nós mesmos, entender mecanicamente o que são coisas como consciência, linguagem e senso comum. O que era antes um nicho de mercado tem crescido tanto a ponto de trazer questionamentos e aprendizagens sobre a própria humanidade e o que nos torna seres "inteligentes".

Autoria de Felipe Velloso


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