A Nokia oficializou, nesta quinta-feira, 1º, o seu retorno ao mercado de telefonia celular. Com um novo website apresentando alguns feature phones, foi anunciado um acordo entre HMD, FIH (Foxconn International Holdings) e Microsoft, para que a primeira possa explorar a marca finlandesa pelos próximos 10 anos.

No entanto, não é que a Nokia esteja, de fato, voltando ao mercado. A HMD, empresa que tem entre seus diretores alguns veteranos do setor e ex-funcionários da finlandesa, será responsável pelo desenvolvimento, fabricação e venda dos telefones com a marca.

Ou melhor, na verdade, a empresa está desenvolvendo o sistema operacional em parceria com o Google, e toda a produção dos dispositivos ficará a cargo da Foxconn. “O que a HMD tem é a marca Nokia e a experiência em gerência”, observa o analista da CCS Insight, Ben Wood.

Sobre a parceria com o Google, há poucos detalhes, por enquanto. Mas a HMD está trabalhando com a gigante das buscas possivelmente para oferecer uma interface com poucas alterações, como a Motorola já faz. O CEO da HMD Global, Arto Nummela, promete, em entrevista à Bloomberg, “fidelidade extrema à marca Nokia”.

A Nokia é conhecida por sua simplicidade, facilidade de uso, confiabilidade e qualidade. Esses são os elementos que vamos entregar junto com um design industrial fantástico.

Ou seja, a Nokia precisa modificar o Android o mínimo possível para poder entregar o que sempre ofereceu de melhor em seus produtos, como observa o site Android Authority:

A nova Nokia só precisa focar em três características muito amadas na marca para voltar ao jogo e se destacar: a melhor bateria do mercado, durabilidade incrível e facilidade de uso. Customizações excessivas ao Android só vão deixar as coisas mais complicadas e atrasar o processo de atualização.

Se essas “regrinhas” forem seguidas, não tem como duvidar que ano que vem teremos ótimas opções de smartphones no mercado. Mas tem um detalhe.

A Nokia não tem nenhum investimento direto nesta nova cadeira de produção. A HMD adquiriu os direitos de explorar a marca, e vai ter que pagar direitos à finlandesa para isto, como informa a Reuters:

A HMD assumiu o negócio de feature phones que a Nokia Corp vendeu à Microsoft. Ela tem um acordo de licença com a Nokia que lhe dá uso exclusivo da marca em telefones celulares e tablets pela próxima década. E vai pagar royalties à Nokia pela marca e patentes, mas a Nokia não tem investimento direto na HMD.

A detentora dos direitos da marca finlandesa é de propriedade da Smart Connect LP, um fundo de private equity presidido por Jean-François Baril, um ex-gerente da Nokia na era de ouro da fabricante de celulares. E há gerentes da HMD que puseram dinheiro do próprio bolso na nova empreitada.

A aposta em uma marca conhecida pode ser uma boa. De acordo com um estudo da Strategy Analytics, a Nokia ainda detém cerca de 10% do mercado de feature phones. Nos últimos anos, a empresa cedeu território a marcas como Samsung e TCL (Alcatel), além de outras fabricantes menores.

No ano fiscal de 2015, as vendas de feature phones da Nokia caíram 40% em relação ao ano fiscal anterior. A missão da HMD é reverter este cenário, ao mesmo tempo em que entra na briga em um setor ainda mais difícil: o de smartphones.