Android 01 Jun
Praticamente um ano depois de seu retorno ao Brasil, a Xiaomi anunciou dois novos celulares intermediários, os Redmi Note 9 e Redmi Note 9 Pro. A linha, que figura frequentemente com modelos entre os mais buscados no TudoCelular, sempre foi caracterizada por valores baixos e um conjunto robusto de especificações para sua faixa de preço.
Contudo, ao anunciar os preços dos celulares, um susto. A versão mais básica do Redmi Note 9, com 3GB de RAM e 64GB de armazenamento, chega com preço de R$ 2699, enquanto a variante mais robusta do Redmi Note 9 Pro, com 6GB de RAM e 128 GB de memória interna, custa a bagatela de R$ 4199. Internacionalmente, os preços custam, respectivamente, US$ 199 (R$ 1.074) e US$ 269 (R$ 1338,38).
Para efeito de comparação, o Zenfone 6, na versão de 6GB de RAM e 128GB de memória chegou ao país por R$ 3799, o iPhone SE de 128GB custa R$ 3999 e o Galaxy S20 foi lançado no Brasil por R$ 4949 à vista. Há uma nítida escalada de preços de uma linha para a outra. O Redmi Note 8 foi lançado no Brasil por R$ 1799, enquanto sua variante Pro custava R$ 2299 no momento do lançamento.
A Xiaomi reconhece os altos preços de seus intermediários e justifica os valores por um “desempenho de flagship” dos novos Redmi, pela alta do dólar causada pela pandemia de coronavírus e pelo chamado custo Brasil, que engloba a carga tributária e outros custos na operação.
Perguntado na última na coletiva de imprensa pelo TudoCelular, o head da Xiaomi no Brasil, Luciano Barbosa, disse que buscaria uma conversa transparente com seus fãs para explicar as razões dos preços crescentes.
Talvez por isso a empresa não tenha planos de trazer seus mais novos tops de linha neste primeiro momento, casos do Poco F2 Pro e a linha Mi 10, porque provavelmente custaria muito mais do que seus concorrentes diretos na mesma categoria de desempenho.
Os Redmi Note 9 não foram os únicos modelos lançados com preços distantes dos praticados internacionalmente. Outro intermediário, o Mi Note 10, foi lançado em dezembro com preços a partir de R$ 4099 atrelado a um plano pós-pago da Vivo, custando R$ 4999 no plano controle. Na época, foi lançado na Espanha com preço convertido de R$ 2.592,46.
A Xiaomi foi reconhecida e ganhou uma grande e ruidosa base de fãs por oferecer produtos com boas especificações com preço baixo. Você, leitor que acompanha tecnologia, já deve ter ouvido de alguém dizendo que a Xiaomi faz duas vezes mais do que qualquer outro smartphone pela metade do preço.
Ninguém esperava que, ao chegar aqui, os dispositivos custariam o mesmo que custam fora do país. A operação DL no país é cara, pois envolve lojas físicas, operação online e todos os custos necessários para que uma marca desse porte funcione por aqui.
Contudo, dólar mais alto, situação pandêmica e custo Brasil explicam, mas não justificam uma alta tão grande de preços. Isso porque concorrentes que devem lançar celulares intermediários nos próximos dias terão preços mais baixos que a Xiaomi. Isso se explica, também, pelo fato de suas principais concorrentes terem fábrica no Brasil. Sobre esse assunto, Luciano Barbosa disse em recente entrevista ao TudoCelular que está no radar, mas não para esse momento.
Citamos o exemplo da Apple acima para entender a escalada de preços da Xiaomi por aqui. O iPhone SE foi lançado pela Maçã internacionalmente por US$ 399, e no Brasil custa R$ 3799 no lançamento, enquanto o Redmi Note 9 Pro saltou de US$ 269 para R$ 4199.
Em mercados como o europeu, onde as duas empresas atuam e há uma forte carga tributária, a Xiaomi consegue manter preços competitivos, que levam a empresa a ter uma posição de destaque na região, liderando na Espanha.
A Xiaomi voltou oficialmente ao Brasil há pouco mais de um ano, e o TudoCelular acompanhou in loco todo o processo, desde os primeiros rumores sobre seu retorno, a inauguração da primeira loja, a comemoração pelos 100 dias – com entrevista exclusiva com o vice presidente global da companhia – na inauguração da segunda unidade e em todos os lançamentos de celulares desde então.
Na época do retorno ao país, dissemos que a empresa teria que ir além da relação com os Mi Fãs para obter sucesso no Brasil e, embora não divulgue dados oficiais de vendas, em conversas reservadas os executivos da marca apontam o sucesso de vendas no país, além da estratégia bem-sucedida de utilizar as unidades como experimentação. Os dois lançamentos contaram com lojas lotadas e filas que dobravam as ruas dos shoppings, e a promoção Mi Fan Festival foi considerada o sucesso.
A consolidação da Xiaomi no Brasil é um projeto estável, mas a adaptação ao mercado brasileiro teve um alto custo na imagem da marca, de ser uma das mais focadas em custo-benefício. Apesar de a concorrência com aquilo que chama de mercado cinza – importadoras que trazem os celulares diretamente da China – ter diminuído por conta da pandemia, os altos preços podem afugentar novos usuários.
Vale lembrar que, na primeira entrevista concedida ao TudoCelular, antes da inauguração, Barbosa prometeu uma volta ao Brasil com o "melhor custo possível". Não foi o que aconteceu.
Comentários