A TCL decidiu ser uma espécie de terceira via no mercado de TVs no Brasil apostando em dois fatores para isso: preço e sistema operacional. A gigante chinesa anunciou há pouco tempo sua nova linha de TVs, e um dos modelos, a C715, já foi testada por aqui. Chegou a hora da P715, modelo de entrada da marca.

Essa TV 4K substitui a P8M, anunciada no ano passado e que já foi testada por nós, e que segue o mesmo modelo do televisor anterior. Apostando forte num design parcialmente renovado e na facilidade de contar com o Google TV como sistema operacional e a possibilidade de usar controles de voz sem controle remoto, a TCL quer mostrar que está pronta para competir com concorrentes como Samsung e LG, que têm sistemas operacionais próprios.

Será que a TCL P715 vale a pena? É o que você confere nessa análise do TudoCelular.

Assim como na geração anterior, a TCL emula o design de seus modelos mais avançados na TV de entrada e, para isso, são necessários alguns cortes. A parte traseira é basicamente idêntica à P8M, feita em plástico e, na parte de cima, relevo triangular e texturizado na parte inferior. As entradas de energia e os cabos ficam posicionados de forma lateral, o que facilita na hora de passar os cabos.

Mas a mudança mais sentida está na parte frontal. A P8M tinha bordas pronunciadas em plástico, o que acabava mostrando que era realmente um modelo de entrada, mas isso foi resolvido com a P715.As bordas são mínimas, e feitas por uma liga de metal fina, que dá uma sensação de tela infinita, embora a TV conte ainda com frames pretos laterais, assim como em smartphones.

A borda mais acentuada é a inferior, mas sua construção é metalizada, com aspecto prateado, o que dá um ar mais premium à P715.O logotipo da TCL é pequeno e fica posicionado de forma discreta na parte central, e feito em plástico cromado e brilhante. Logo abaixo dela, como já comentamos na análise da C715, há uma espécie de Google Nest Mini achatado que tem, inclusive, as luzes típicas da assistente de voz da gigante de Mountain View.

Os pés são construídos em uma liga de metal e sua colocação é fácil, precisando de apenas uma chave Philips para parafusar, e podem ser trocados de lugar. Não é uma base grande, como acontece em modelos de LG e Samsung, mas mesmo assim eles são firmes e mantém a TV no local em que o usuário escolher sem trepidação. Para quem quiser pendurar na parede, há furos padrão VESA 200. A TV pesa 10kg.

Não há aqui nenhum gerenciamento de cabos, e a divisão é simples. O cabo de energia fica do lado esquerdo e todas as demais conexões estão alocadas do lado direito. Isso significa, na prática, que se sua intenção é simplesmente colocar a TV para funcionar, os cabos ficarão aparentes.

São apenas duas portas USB 2.0, três portas HDMI 2.0 e uma entrada para cabo óptico, entrada de 3,5mm para som, porta LAN para conexão com fio. São poucas entradas e, na prática, se você utilizar um decodificador de TV por assinatura, um videogame e uma soundbar ou blu-ray, não terá mais entradas HDMI disponíveis.

Por outro lado, há Bluetooth, Wi-Fi de 2,4GHz, que permite utilizar outros devices sem fio, o que acaba por compensar as poucas conexões da TV. Uma das portas HDMI é ARC, que proporciona maior qualidade de áudio. Há ainda um botão chave para desligar o microfone, isso se usuários decidirem por não utilizar o principal atributo da TV, que é o comando de voz por fio.

Poderíamos voltar para o vídeo da C715 e repetir o mesmo que já dissemos, isso porque a TCL utiliza o mesmo controle nesse modelo, que também é o mesmo que equipa a geração anterior da empresa chinesa.

É um modelo Bluetooth, minimalista, que foca no uso do sistema em detrimento do controle de mídia. Na prática, é necessário usar os botões de navegação para entrar nos controles da tela ou dar Play e Pause em vídeos. Não há, por exemplo, um botão dedicado para o mute, ou seja, você perde alguns segundos se precisar simplesmente zerar o volume da TV.

Por outro lado, há botões dedicados para Netflix e Globoplay, decisão que leva em conta o hábito de consumo dos brasileiros. Há também um botão dedicado ao Google Assistente, Home, Voltar, um que emula um teclado virtual e outro de funções. Mas a maior parte do tempo você utilizará os botões direcional e OK. Eles são alimentados por duas pilhas palito que vêm incluídas na caixa. A construção do controle é em plástico fosco, com botões de aspecto emborrachado com o mesmo tamanho e relevo, e suas dimensões são idênticas às do controle do Mi TV Stick, da Xiaomi, que também utiliza Android TV.

A essa altura você já deve saber que a TCL trabalha com sistema operacional do Google para suas TVs. A opção da TCL é por um sistema consolidado e pela facilidade de utilizar controles de voz através da assistente da gigante norte-americana. Suas concorrentes diretas apostam em Tizen e WebOS.

Não há grandes novidades aqui, porque é o mesmo sistema que equipa as demais TVs da TCL e também da Sony, e também o Mi TV Stick. É uma interface séria e que privilegia a praticidade. Visualmente, a parte superior traz um menu de pesquisa via Google Assistente, opções de entrada, acelerador de sistema, menu de configurações e hora.

Na primeira fileira, os principais aplicativos aparecem em formato retangular, e a ordem de exibição deles pode ser customizada, bastando apenas apertar o botão OK por mais tempo para mudar seu lugar e, abaixo deles, opções de cards que exibem de forma mais detalhada as recomendações dentro de diversos apps. É possível entrar em modo de desenvolvedor e, assim como acontece nos celulares, fazer uma série de personalizações. E isso cobra seu preço na lentidão do sistema, por isso há, inclusive, um acelerador de sistema e, depois de um longo uso, você vai precisar dele.

A principal novidade aqui está no uso de controles de voz sem a necessidade de pressionar o controle remoto, e aqui vai uma boa e uma má notícia. A boa é que ela dá mais praticidade ao uso, e a ruim é que na hora que você acionar o Google, todos os outros dispositivos vão ouvir antes da TV, o que torna a experiência um pouco incômoda.

Há outra boa notícia por aqui, a adição do Work With Alexa. E não, a assistente concorrente não está integrada, mas é possível ligar e desligar o dispositivo com os comandos utilizados para casa inteligente, algo que foi bastante utilizado nos nossos testes. A terceira boa notícia é o Chromecast embutido, que permite espelhar conteúdos diretamente do celular para a TV.

A oferta de apps disponíveis na Google Play é grande quando comparada a outros sistemas operacionais, mas limitada quando comparada ao que o próprio Google tem a oferecer para celulares. 1É possível jogar na TV, em jogos que utilizam o próprio controle remoto ou gamepads, que podem ser facilmente conectados via Bluetooth.

Para um modelo de entrada, a TCL conseguiu trazer qualidade surpreendente de som e imagem, com som estéreo turbinado com Dolby Áudio e qualidade de vídeo certificada com HDR 10. As cores são vibrantes e vívidas e há um nítido upgrade quando comparada à P8M. O upscalling de conteúdos em Full HD deixa poucos ruídos visíveis, garantindo uma experiência de consumo de conteúdo de qualidade.

O som é agradável e o volume 20 – é possível chegar a 100 – já garante ouvir em bom volume, no caso de uma sala de apartamento pequeno. Como falamos aqui de uma TV, o som privilegia o equilíbrio tonal, embora seja possível ajustar o som de acordo com as preferências nas configurações, com a possibilidade de utilizar perfis já predefinidos.

Há aqui também bons upgrades em brilho e contraste, que deixam sua qualidade de imagem interessantes. Tons azuis e verdes ficam bem pronunciados. Para quem joga, ela tem taxa de atualização de apenas 60Hz, embora haja um modo jogo dedicado. Talvez os donos de consoles mais avançados fiquem mais chateados, mas quem tem modelos anteriores jogará nela sem grandes reclamações.

A P715 mostra que não é necessário gastar muito para ter uma TV 4K em casa com um visual bonito e tecnologias presentes somente em modelos mais caros. No varejo a versão de 50 polegadas, que foi a variante testada pelo TudoCelular, tem preço inicial de R$ 2159, o que a coloca num interessante patamar de custo-benefício.

Mas não espere por um portfólio completo de funções. Há pontos de melhoria naquela que é sua principal novidade, que é o uso de comandos de voz sem microfone, que pode ser resolvido por uma atualização de software, e uma taxa de atualização maior seria uma novidade bem-vinda para os fãs de jogatinas. No mais, é um bom modelo dentro de sua proposta, que é o foco no baixo custo e em ser a TV 4K mais popular do mercado.

O Work with Alexa é uma adição que está também nos modelos anteriores, já que depende especialmente de software para rodar, e praticamente duplica a possibilidades de controle do dispositivo por assistentes de voz. Comparada à sua antecessora, a P8M que também passou por nossa bancada, ela representa uma evolução, especialmente no design, mas a qualidade de som e imagem é semelhante, e ambas operam a mesma versão de software.