Jogos 03 Jul
O PlayStation 4 chegou ao mercado no finalzinho de 2013, marcando a estreia da quarta geração de consoles domésticos da Sony. A empresa tentou apagar a imagem ruim deixada com o lançamento polêmico do PS3 sete anos antes, que trouxe arquitetura complicada e tinha preço absurdo.
O PS4 foi construído em parceria com a AMD, que usa tecnologias que estão presentes em PCs. Isso facilitou o desenvolvimento de jogos, além de reduzir o custo de produção. Porém, o hardware não era potente o suficiente para enfrentar computadores de gama média, o que forçou a Sony a mudar a sua estratégia três anos depois.
Em 2016, chegou ao mercado o PS4 Pro, uma versão turbinada e voltada para quem possui uma TV 4K. Assim como o Xbox One X, este console tenta entregar resoluções mais altas e melhor desempenho em jogos, mas será que realmente consegue?
Muitos devem estar esperando pelo PS5, que deve chegar apenas em 2020. Talvez não compense investir no PS4 Pro e seja esperar pela próxima geração. Para termos certeza disso, testamos o console mais potente da Sony para saber o que ele oferece e se o preço cobrado de R$ 3 mil é justo.
No PS4 temos metade da carcaça feita em plástico fosco enquanto a outra metade há um acabamento Black Piano que dá maior elegância ao console. No modelo Pro, a Sony mudou o design ao adotar o plástico fosco em praticamente toda a estrutura do vídeo game.
Há pequenas partes com efeito brilhante, onde fica localizado o leitor de Blu-ray, mas está bem mais discreto do que antes. Outra mudança está nos botões, que antes eram capacitivos e agora são mais comuns e apresentam até uma preocupante fragilidade. Ao pressionar o botão de ligar ou de ejetar o disco não é raro ouvir estalos.
A qualidade de construção parece ser um pouco inferior que o modelo antigo. Talvez a empresa tenha feito alguns cortes de custo para reduzir o preço final. Não é de se espantar, já que o PS4 Pro chegou por US$ 400, mesmo valor cobrado no PS4 em seu lançamento.
Na parte frontal temos o leitor de Blu-ray, que, ironicamente, não é capaz de reproduzir filmes em 4K. Para assistir nesta resolução é preciso usar algum serviço de streaming, como Netflix. Há duas portas USB 3.1 no canto direito que carregam a bateria do controle e servem para transferência de dados.
Os botões de ligar/desligar e ejetar disco ficam em uma faixa branca que possui um LED. Ele fica na cor azul quando o console está ligado e na cor laranja quando está em repouso.
Na traseira encontramos mais uma porta USB, saída HDMI, saída óptica de áudio, Ethernet, e uma tampa que dá acesso fácil ao HD interno do console. Basta apenas removê-la e tirar um único parafuso para trocar o disco rígido de 1 TB por um maior ou então investir em um SSD para acelerar o carregamento dos jogos.
Mesmo sendo duas vezes mais potente que o PS4 padrão, o modelo Pro não apresentou um aquecimento excessivo em nossos testes – mesmo rodando jogos em 4K nativo. O cooler faz um bom trabalho e também não é tão barulhento quanto o seu antecessor.
O console pode ser colocado em posição vertical, mas tenha em mente que as entradas de ar ficam nas laterais. Desta forma, vai acabar reduzindo a circulação do ar pelos componentes e, consequentemente, aumentando a temperatura.
O PS4 Pro traz hardware 2,3 vezes mais potente que o PS4 antigo e o Slim. Aqui temos o mesmo processador Jaguar, mas que trabalha em velocidade maior chegando a 2,1 GHz (contra 1,6 GHz). A memória também é a mesma 8 GB GDDR5 de antes, que também recebeu um pequeno overclock e passou a entregar 218 GB/s de largura de banda.
O maior avanço, no entanto, está na GPU. Ela ainda é a fabricada pela AMD, mas recebeu recursos da arquitetura Polaris. O número de núcleos gráficos foi dobrado (de 18 GCN para 36). A velocidade também foi aumentada, indo de 800 MHz para 911 MHz. Toda esta combinação garante um poder computacional de 4,2 TFLOPS ao PS4 Pro.
Fechando o pacote temos 1 GB DDR3 que foi adicionado para cuidar o sistema e os aplicativos, o que acabou liberando mais memória gráfica para os desenvolvedores de jogos. As conexões também foram aprimoradas, saindo o Bluetooth 2.0 e entrando o 4.0, o que ajudou a fazer a bateria do controle durar mais.
PS4 e PS4 Slim | PS4 Pro | Diferença | |
CPU | Jaguar octa-core 1,6 GHz | Jaguar octa-core 2,1 GHz | 31% |
GPU | Radeon 16 GCN 800 MHz | Radeon 32 GCN 911 MHz | 141% |
Memória | 8 GB GDDR5 a 176 GB/s | 8 GB GDDR5 a 218 GB/s | 24% |
A placa wireless também recebeu um upgrade, agora com suporte ao padrão 802.11 ac, o que permite conectar o PS4 Pro tanto em redes 2,4 GHz quanto em 5 GHz. Para quem possui uma conexão de Internet muito rápida, conseguirá maiores velocidades de download e upload com esta mudança.
O controle é quase o mesmo de antes. A Sony apenas incluiu uma faixa transparente no topo do touchpad, que é iluminado pelo LED principal. A cor da traseira e botões mudou do preto para um cinza escuro. A qualidade de construção e ergonomia continuam as mesmas de antes.
A bateria de 1.000 mAh do controle (mesma de antes) chega a render em torno de 15h de autonomia. É um tempo decente, mas a empresa poderia ter incluído uma bateria mais generosa desta vez. Pelo menos a atualização da tecnologia Bluetooth ajudou a passar um pouco mais de tempo longe do console.
O PS4 Pro é capaz de entregar 4K nativo a 60 fps em jogos de esporte como FIFA ou NBA. Em jogos mais antigos ou indies também temos esta resolução, mas nem sempre com a mesma taxa de quadros por segundo.
Para jogos mais exigentes, o console usa técnicas de renderização por checkerboard, o que ajuda a entregar 4K ou próximo disso sem pesar muito para o hardware do console. Aqui entram exclusivos como God of War, Horizon Zero Dawn e Detroit: Become Human, por exemplo.
God of War
God of War entrega dois modos aos jogadores: qualidade e desempenho. No primeiro ele renderiza em resolução alta e usar checkerboard para chegar em 4K. O resultado é muito bom e só é possível notar falhas na apresentação se você pausar o jogo e chegar perto de sua TV. Será possível ver alguns pixels “fora do lugar”, notável especialmente em vegetações.
A segunda opção reduz a resolução para Full HD, mesma do PS4 base, mas destrava a taxa de quadros por segundo. Isso permite curtir a nova aventura de Kratos a até 60 fps. Tenha em mente que a CPU é o gargalo do sistema e não consegue segurar este desempenho o tempo inteiro, mas temos algo muito próximo disso na maioria do tempo.
Shadow of the Colossus
Shadow of the Colossus é um exclusivo clássico da Sony que foi lançado originalmente para PS2. Ele passou por remasterização no PS3 para ganhar texturas em HD. Agora no PS4 temos um remake feito pela Bluepoint Games, que refez o jogo do zero para entregar uma qualidade gráfica muito maior do que nas gerações anteriores.
No PS4 temos duas opções como visto em God of War: resolução e desempenho. Na primeira o jogo é renderizado nativamente em 1440p e o console faz upscaling para 4K. Na segunda temos 1080p a 60 fps. Como a diferença na resolução não é grande entre as duas opções, acaba sendo mais indicado escolher o modo desempenho e curtir o jogo com melhor fluidez.
Detroit: Become Human
Detroit: Become Human é o mais recente exclusivo de peso do PS4. Ele é da produtora Quantic Dreams, mesma dos jogos Heavy Rain e Beyond: Two Souls que impressionaram no PS3 por suas histórias densas e alta qualidade gráfica.
Aqui não é diferente e Detroit mostra do que o hardware do PS4 Pro é capaz. A apresentação é incrível, ainda mais quando vista em uma TV 4K com HDR. O jogo usa técnica de checkerboard para entregar esta resolução a 30 quadros por segundo. Infelizmente, não há uma opção de reduzir para 1080p para conseguir uma fluidez maior.
Horizon Zero Dawn é o exclusivo mais aclamado de 2017. O jogo mostra um belíssimo mundo aberto habitado por máquinas. Assim como em outros citados, aqui também há duas opções para o jogador escolher. No entanto, nenhuma das duas entrega mais de 30 quadros por segundo, infelizmente.
É possível priorizar resolução com 4K dinâmico ou travar o jogo em Full HD para evitar qualquer queda na taxa de quadros por segundo. Esta segunda opção não chega a ser muito útil, já que mesmo no modo gráfico é muito raro sentir qualquer queda na fluidez.
A interface do PS4 Pro é praticamente a mesma do PS4 antigo e Slim. Todos os apps e jogos ficam jogados na tela inicial. É possível organizá-los por pastas, mas a Sony não permite excluir os apps nativos que você não usa.
Há centenas de temas disponíveis na PlayStation Store para ajudar a customizar a interface do console. Muitos são estáticos, mas alguns oferecem animações baseadas em personagens de jogos ou paisagens.
Por mais limpo que seja o sistema do PS4, as animações tendem a engasgar. Algo que é bastante raro de ser ver no Xbox. O HD de 5.400 RPM também não ajuda. Alguns jogos levam muito tempo para iniciar ou mesmo carregar um mapa. Trocar por um SSD é algo quase obrigatório, mas o preço alto da unidade de armazenamento torna a troca inviável.
Testamos com um SSHD de 1 TB, um disco rígido que possui memória SSD auxiliar. Temos apenas 8 GB de memória flash, mas que ajuda a acelerar o carregamento do sistema e jogos. Em alguns casos o tempo de espera chegou a cair pela metade. Para quem busca ampliar o armazenamento do PS4, investir em um SSHD de 2 TB pode ser algo bastante viável.
O que muda no PS4 Pro é que temos o recurso Supersampling e o Modo de Aprimoramento. O primeiro faz com que o console renderize o jogo na resolução máxima, mesmo que você não possua uma TV 4K. A imagem é comprimida para caber na tela da sua TV, entregando um resultado mais limpo do que tivesse sido gerada em Full HD nativo.
O segundo permite usar o hardware mais potente do console para turbinar jogos que não foram otimizados para o PS4 Pro. Desde o final de 2016, qualquer lançamento está vindo otimizado para o console mais potente da Sony, porém a maioria dos jogos que vieram antes dele não estão.
Notamos que Just Cause 3 e Bloodborne são dois exemplos que tiram ótimo proveito do Modo de Aprimoramento, reduzindo bastante a queda de fps e entregando uma experiência mais fluida. Mas tenha em mente que se um jogo foi desenvolvido para rodar travado a 30 fps, ele não passará disso no PS4 Pro com este modo ativado.
Há sempre a polêmica entre 4K nativo e 4K dinâmico. A Microsoft aposta no primeiro e consegue entregar 2160p em muitos jogos. O console da Sony até consegue isso em alguns títulos como The Last of Us e FIFA 2018, por exemplo.
No entanto, o PS4 Pro abusa de técnicas para entregar uma qualidade gráfica melhor que o PS4, muitas vezes por renderização via checkerboard. O resultado é muito bom na maioria dos casos e vai depender muito de como cada produtora tira proveito disso.
É claro que a imagem final não é tão rica e detalhada quanto uma em 4K nativo, mas para quem curte os exclusivos da Sony e busca tirar melhor proveito de uma TV 4K, o PS4 Pro é a melhor aposta para isso.
Se você não liga para God of War, The Last of Us ou mesmo Spider-Man que sairá em breve, mas faz questão de jogar em 4K, o Xbox One X seria o mais indicado. Mas para ter a melhor imagem e desempenho possíveis, investir em um PC potente ainda é a melhor escolha. Claro que o investimento será muito maior que o valor cobrado pelos consoles citados.
O PS4 Pro foi lançado por R$ 3 mil oficialmente no Brasil. É possível encontrá-lo por valores bem mais baixos. Se você não aguenta mais esperar pelo PS5 e deseja curtir os jogos da Sony com melhor qualidade e desempenho, confira promoções do PS4 Pro abaixo.
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