A indústria de celulares pode continuar com problemas econômicos em 2023, mas os analistas parecem estar “menos pessimistas” quanto ao volume de produtos que devem ser vendidos este ano. A Gartner divulgou na terça-feira (31) seu relatório que mostra o balanço do mercado de dispositivos móveis e computadores pessoais.

Segundo analistas, as vendas de celulares devem encolher 4% em 2023 para cerca de 1,339 bilhão de dispositivos comercializados (contra 1,39 bilhão em 2022). A recessão econômica e a inflação em várias regiões do mundo serão alguns dos fatores que impedirão uma recuperação mais acentuada do segmento, que encolheu 11% entre 2021 e 2022.

Outro fenômeno que está ocorrendo no mercado de celulares é a extensão do ciclo de substituição do produto. Consumidores parecem estar mantendo seus aparelhos por mais tempo do que o esperado, e a falta de grandes inovações no ritmo de lançamentos combinada aos aumentos de preços contribui para a queda na demanda.

“Além disso, os fornecedores estão repassando os custos inflacionários dos componentes para os usuários, o que está diminuindo ainda mais a demanda”, disse Ranjit Atwal, analista e diretor-sênior da Gartner.

Falando em computadores pessoais — desktops e notebooks —, o mercado ainda sofrerá com redução nas vendas com volume cerca de 6,8% inferior ao ano de 2022, que registrou um dos piores desempenhos do segmento com queda de 16% nos envios.

Embora a busca por esses dispositivos tenha aumentado em função da pandemia de Covid-19, o mercado sofreu com o impacto da crise de semicondutores, fazendo com que o segmento registrasse a maior queda de vendas da história.

A extensão do ciclo de substituição também será observada entre os usuários de tablets, que devem manter seus dispositivos por cerca de 9 meses a mais que a média. Isso deve afetar diretamente as vendas dos produtos que, entre 2021 e 2022, tiveram retração significativa de quase 12%. Para 2023, a queda nas vendas será em torno de 4,4%.

Apesar das projeções, os analistas esperam que o mercado inicie sua recuperação em meados do segundo semestre de 2023 — ao menos, considerando a normalização dos estoques. Esse dado pode sinalizar melhores índices para o ano de 2024.