Windows 20 Mai
Microsoft está novamente no centro das atenções após reafirmar que diminuirá sua dedicação no desenvolvimento de smartphones, pelo menos neste ano. E o último comunicado, logo após a venda de parte da Nokia por US$ 350 milhões, veio com a triste notícia de que pelo menos 1.850 funcionários perderiam seu meio de sustento, enquanto a empresa terá que desembolsar quase US$ 1 bilhão em indenizações. Esse valor será somado aos US$ 7,6 bilhões que saíram dos cofres de Redmond com 7.800 demissões há quase um ano. Mas para ter uma melhor noção do quão "vantajosa" foi a aquisição da marca finlandesa, vale a pena voltamos ao início de toda essa negociação.
Em setembro de 2013 o mundo foi surpreendido com a notícia de que a toda poderosa Microsoft, ainda sob a gestão de Steve Ballmer, estava comprando a divisão móvel da Nokia de Stephen Elop por US$ 7,2 bilhões e assumindo seus 25.000 funcionários. Desse montante, US$ 5 bilhões estavam relacionados aos serviços, tais como o pacote de mapas HERE, e US$ 2,18 bilhões para a compra da enorme lista de patentes. E dados posteriores revelaram que o valor total chegou a US$ 10 bilhões. Um fato interessante nessa negociata é que Elop se tornou CEO da Nokia em 2010 após sair justamente da Microsoft. No retorno à sua “casa” o executivo embolsou US$ 25 milhões, o que lhe rendeu o apelido de Cavalo de Tróia.
A queda dos dois nomes envolvidos no negócio bilionário serviu como pista para o futuro incerto que aguardava a divisão de smartphones recém-formada e precursora da atual linha Lumia. Primeiro saiu de cena Steve Ballmer, em agosto de 2014, sendo substituído pelo atual CEO Satya Nadella, mas não antes de fazer campanha para que Stephen Elop assumisse seu posto (já parou para imaginar como teria sido?). Este último, por sua vez, se despediu do posto de vice-presidente de sistemas operacionais em junho de 2015, cedendo a cadeira para Terry Myerson, autor da última e polêmica carta sobre o futuro da empresa no setor móvel.
A partir daí os planos para o futuro da empresa começavam a se tornar mais claros, principalmente porque eles já tinham visto uma experiência desastrosa no lançamento de dispositivos com o sistema operacional Android, a linha Nokia X, pouco antes da aquisição da finlandesa. Foram então, dados os passos para tirar de cena a marca Nokia com a incorporação do nome Microsoft na família de smartphones Lumia.
Como novo chefão da Microsoft, Nadella entrou com medidas drásticas para tentar erguer a empresa, mesmo que isso significasse deixar um pouco de lado o setor móvel. Em julho de 2014 o CEO cortou 18.000 postos de trabalho, sendo 12.500 da Nokia. Um ano depois veio a público para afirmar que ainda estava comprometido com o mercado móvel, mas reconhecia não possuir bons aparelhos high-end até aquele momento (com a redução da mão de obra ficou ainda mais difícil, convenhamos).
Depois de lançar a linha Lumia 950 com um Windows 10 Mobile ainda inacabado e incapaz de reverter a queda para 1,7% da cota de mercado, entre o final de 2015 e início do corrente ano, Nadella já não podia negar que a experiência móvel do Windows não era sustentável. O CEO então definiu como meta estar com seus serviços e experiência nas mãos dos usuários, mesmo que em plataformas rivais. Essa estratégia toma agora ainda mais força diante da queda para inexpressivos 0,7% de cota, apesar da esperança de alguns em uma redentora linha Surface Phone, reservada apenas para 2017 (se realmente nascer). Talvez esse não seja realmente o desejo da Microsoft, como lemos em um trecho do último comunicado.
...nossa empresa será pragmática e abraçará outras plataformas móveis com os nossos serviços de produtividade, serviços de gestão de dispositivos e ferramentas de desenvolvimento – independentemente da escolha do smartphone de uma pessoa, queremos que todos sejam capazes de experimentar produtos da Microsoft.
E para os que não viram, até em um app próprio (Skype) a empresa fez questão de encaminhar os usuários para os rivais, pelo menos os que desejam o recurso de chamada de vídeo no Windows Phone.
Você continua podendo visualizar, mas não poderá mais enviar mensagens de vídeo. Se você quiser enviar uma mensagem, faça login no Skype em dispositivos e plataformas com suporte a videomensagens (Windows desktop, Mac, Android ou iOS).
Finalmente, chegamos até a pergunta chave, qual o saldo que ficou da compra da Nokia por parte da Microsoft? Pelo que podemos apurar, a segurança de algumas patentes. Em uma conta a grosso modo, tendo investido US$ 10 bilhões e perdido US$ 8 bilhões, ficou um saldo negativo de US$ 2 bi, justamente o valor destinado a aquisição da lista de patentes. E vemos assim, a repetição do que aconteceu com a Google, que depois de apostar na compra da Motorola, a revendeu para a Lenovo por US$ 2,91 bilhões, menos de dois anos após pagar US$ 12,5 bilhões, restando também a satisfação de se resguardar contra ações na justiça graças a variadas patentes acumuladas.
Então é isso, depois do que a Microsoft divulgou nesta quarta-feira (25/05), mesmo que os “novos” Lumia 650, Lumia 950 e Lumia 950 XL cheguem ao Brasil, como se espera no suspense que a loja PontoFrio deixou no ar há alguns dias (e após vários adiamentos por conta da crise no país), serão lançamentos de dispositivos tidos como mortos. Você é fã da gigante de Redmond e dos dispositivos Windows 10 Mobile? Nos vemos, talvez, em 2017.
Por Wesley Moraes
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