Motorola 18 Nov
O hype é real! Apresentando uma solução bem diferente das que vimos no Samsung Galaxy Fold e no Huawei Mate X, a Motorola apresentou na última semana o seu dobrável apelando para a nostalgia, que já começa no nome, Razr.
Quinze anos depois do celular flip que foi febre por aqui, a Motorola ressuscita o design de lâmina com o que há de mais novo na tecnologia, uma tela flexível. Mas alguns sacrifícios tiveram que ser feitos, e é isso o que vamos mostrar agora nesse hands-on do Motorola Razr 2019 aqui no TudoCelular.
A tela flexível é importante para o Razr, mas o que realmente o diferencia de seus dois parrudos concorrentes é o design. Depois de mais de 30 protótipos, a equipe de design (que contou com muitos brasileiros) chegou à conclusão de que precisavam resgatar o icônico design do celular lançado em 2004.
E quase tudo do antigo Razr V3 está nessa nova versão de 2019, e ele só é um pouco mais largo. Porém, é quase tão fino quanto seu antecessor, até mesmo quando fechado, e isso é bem impressionante. Ele é robusto, firme, feito em aço inoxidável e Gorila Glass no exterior. Pesa quase 200 gramas e, obviamente, ele “flipa”.
Fechado ele fica quase quadrado, lembrando até um pouco o polêmico Moto Flipout, e mesmo nas minhas mãos, que não são muito grandes, ele não ficou desconfortável. Diferente do Mate X, não é uma dobradiça dura demais, apenas na medida certa para se manter fechado.
Por isso, você pode abrir e fechar ele com apenas uma das mãos, e realizar a ação quase terapêutica de fechar o aparelho ao desligar uma ligação ou simplesmente para guardá-lo. A Motorola espera que ele fique fechado mais tempo, uma vez que também trouxe um display externo multifunção, o Quick View.
A parte debaixo da tela tem o maior queixo que você já viu desde... 2004, com o antigo Razr V3. Igual ao do celular de 15 anos atrás, essa parte gorda e protuberante guarda a conexão USB C, saídas de som, sensor biométrico e outras peças. Em qualquer outro smartphone ficaria muito esquisito, mas é de um Razr que estamos falando.
Do lado direito ficam botões de volume e um de energia, texturizado, bem pequenos e discretos, quase imperceptíveis. Há proteção contra respingos d’água, mas não vemos qualquer berço para chips e cartões. Sua memória não é expansível e ele utiliza eSIM para se conectar à rede.
Uma câmera fica saltada abaixo da tela externa, e quando a tela dobrável está aberta há também uma câmera acima dela, em um pequeno notch. Atrás, o aço texturizado preto acomoda também o logotipo da Motorola, que não tem qualquer uso. Sendo maior do que o antigo Razr de 2004, ele não é tão discreto quanto o celular, mas para os enormes aparelhos de hoje, é uma façanha.
Tela
E temos a tela, ou as telas, que são seu motivo de existir. Diferente do Mate X, que deixa a tela dobrável exposta, e do Galaxy Fold, que quando se abre vira um tablet quase quadrado, o Razr 2019 vai no embalo do One Vision e apresenta um display comprido, mais de acordo com conteúdo multimídia.
Aberta, temos uma tela P-OLED de 6.2 polegadas de aspecto 21:9, que não forma vincos como o Fold e nem tantas ondas como o Mate X. Como? Nas engrenagens da dobradiça, o pessoal da Motorola usou dois truques, ajudados pelo design. Primeiro, a tela não se dobra demais, ela fica protegida pelo corpo e consegue ficar mais enrolada, embora pelo design externo pareça completamente fechado.
Depois, de forma sutil, quando dobrada, a tela se move e entra um pouco para baixo do queixo curvado do Razr, não precisando assim ser forçada demais. Se não fosse a vontade do usuário de ficar fechando o aparelho como nos anos 2000, daria para dizer que é o display dobrável que mais tem chances de durar.
Quase não se vê as ondas, é uma tela bem responsiva, e por ser OLED tem ótimos pretos e cores vivas. Muito bom para assistir vídeos, mas para jogos a parte mais protuberante pode incomodar um pouco. Para leitura é também interessante, embora não tão confortável como no formato 4:3 do Mate X. A tela externa, Quick View, tem 2.7 polegadas e é de toque.
Som
O som é razoável pelo que consegue oferecer. Os fones que vêm na caixa têm qualidade superior por terem sido feitos em parceria com a Denon. Eles são USB e são reforçados com nylon (assim como o cabo USB que vem na caixa).
Já o som externo fica na parte protuberante do aparelho, junto com vários outros componentes. É um som razoável e que vai ser suficiente para consumir conteúdo. Mais testes serão feitos para darmos um veredito final.
Recursos
Nos recursos, temos o Android Pie embarcado, com a promessa de atualização para o Android 10, e alguns extras especiais para o Razr, principalmente em relação à Quick View. Através dela, você tira selfies sem abrir o aparelho, e pode controlar alguns aplicativos também, como os de música.
É possível ver um email e resolver respondê-lo, bastando abrir o aparelho, que já ativa o app correspondente para que você continue o que estava fazendo. A Quick View também permite acesso a alguns atalhos de configuração, para mexer no brilho da tela, ativar conexões e outros.
Os gestos de câmera e de lanterna estão presentes e funcionam com o aparelho fechado ou aberto. Quando agitei ele aberto foi a única vez em que a dobradiça balançou um pouco e eu fiquei receosa. Fora isso, o único outro problema que vi foi, ao abrir o aparelho, ele mostrar a tela com brilho baixo, e ter sido preciso regular novamente, várias vezes. Um bug que deve ser resolvido com uma atualização.
A biometria fica do lado de fora, em um pequeno botão na parte protuberante na frente, e ela serve também para ligar e desligar a tela.
E um recurso que tem pouca utilidade mas que também pega no coração dos nostálgicos trata-se de um easter egg. Nos atalhos você pode ativar o modo retrô, que deixa a tela do Razr 2019 igual ao V3, com direito a teclado e tela que não funciona por toque. Você pode fazer ligações e ver mensagens com ela.
E é no desempenho que chegamos no calcanhar de Aquiles do Razr. A equipe de design deixou claro que, quando chegaram à conclusão de que seria o formato do Razr V3 de 2004, sabiam que teriam de ser feitos sacrifícios, e um deles está no hardware.
Para se manter pequeno, a bateria não seria muito grande, e o espaço para componentes também não, assim como arrefecimento e outros. Por isso, diferente dos concorrentes que trazem a última palavra em processamento, o Razr é um intermediário.
Um intermediário até que decente, com armazenamento de 128 GB, Snapdragon 710 e 6 GB de RAM, mas é um tropeço em um celular tão caro. Durante nosso breve tempo de uso, ele não tropeçou na navegação e em outros apps utilizados, e mesmo quando colocado sob manuseio contínuo, apenas ficou morno. Ele provavelmente deve atender à maior parte dos usuários, mas não é um aparelho para quem joga, inclusive pelo seu design.
E logo temos o segundo tropeço do Razr. Uma bateria de 2.510 mAh em uma tela de mais de 6 polegadas? Com duas telas ainda? Esse é um dos motivos para o processador ser intermediário, pois a bateria ocuparia espaço demais e tudo teria que ser bem econômico.
Já existem baterias flexíveis, mas ainda não estão prontas para uso comercial, e assim a equipe de design precisou dividir a que o Razr traz em duas partes, uma em cada metade do aparelho. O pouco espaço e a divisão levaram a uma bateria pequena.
Ainda precisaremos fazer testes extensos e completos para conferir a duração dela no uso do dia a dia, mas não espere ótimos resultados. Na caixa, a Motorola envia um carregador TurboPower de 15W, que deve preencher a carga rapidamente. O Razr não conta com carregamento sem fio, algo que ocuparia ainda mais espaço.
Indo completamente na contramão do mercado, a Motorola colocou apenas duas câmeras no Razr 2019, uma dentro e uma fora. A externa conta com 16 megapixels e abertura f/1.7, foco PDAF e LED duplo.
Ela serve tanto como câmera comum como para selfies, dependendo do aparelho estar aberto ou fechado. Para selfies, o acesso é feito pela tela Quick View – que também mostra desenhos para atrair a atenção de crianças para fotos quando a tela está aberta), e vai levar a fotos rápidas, mas certamente o aparelho será aberto depois disso, o que não é muito prático.
Com night vision, estabilização eletrônica e todos os recursos especiais atuais da Motorola, como a composição inteligente, destaque de cor e modo retrato completo, essa é uma câmera razoável. Em boa luz traz algumas capturas bem legais, mas pode estourar em alguns momentos, perder detalhes e poderia ter um modo retrato melhor.
É uma câmera que se espera em um modelo da linha Moto One, ou até linha Moto G, e não em um aparelho tão premium e caro. Inclusive, é a mesma câmera presente no Moto G7 Plus. Mas, mais uma vez, a Motorola não está querendo ganhar nenhuma briga de melhor desempenho ou câmera. Seu apelo com o Razr é o design com a tela.
Acima do display, em um notch, uma pequena câmera de 5 megapixels e abertura f/2.0 tira selfies que servem para as redes sociais, mas que são meramente razoáveis também.
Com previsão para ser lançado por aqui em Janeiro, o Razr 2019 não tem preço oficial para o Brasil ainda. Lá fora, foi lançado a 1.500 dólares, o que nos leva a R$ 6.200 na cotação de hoje. Se a precificação for a de sempre, podemos esperar algo acima dos 7 mil reais por aqui, um valor proibitivo para quase qualquer um.
Ainda assim, com seu apelo emocional, o Razr 2019 é um smartphone que ajuda a Motorola moralmente falando, uma empresa que têm em sua história diversos marcos que se misturam com a própria história dos celulares. É um aparelho que mostra que a Motorola ainda tem potencial de inovação, e que ainda pode surpreender as pessoas.
Ele terá fabricação no Brasil, deve ser o primeiro dobrável a chegar por aqui e traz a qualquer um que tenha mais de 25 anos uma sensação boa de velhos tempos modernizados, ainda que não vá ser comprado por muita gente.
- Telas:
- Flex View P-OLED dobrável de 6,2 polegadas 21:9 e 876 x 2142 pixels
- Quick View G-OLED de 2.7 polegadas e 600 x 800 pixels
- Densidade: 373 ppi
- Processador: Snapdragon 710
- GPU: Adreno 616
- RAM: 6 GB
- Armazenamento: 128 GB, sem expansão
- Câmeras: 16 MP (f/1.7), 1.22um, Dual Pixel PDAF ToF 3D + 5 MP (f/2.0)
- Bateria: 2.510 mAh
- Dimensões:
- Aberto: 172 x 72 x 6.9 mm
Fechado: 94 x 72 x 14mm
- Aberto: 172 x 72 x 6.9 mm
- Peso: 205g
- Conectividade: Porta USB Tipo-C
- Cores: Black noir
Motorola Razr 2019
Comparar Aviso de preço Expandir1 ano atrásEle chegou ao país pelo preço sugerido de R$ 8.999 e agora pode ser encontrado a um custo bem menor no varejo nacional.
2 anos atrásO Motorola RAZR lançado em 2019 finalmente recebeu atualização para o Android 11. Veja mais no texto.
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3 anos atrásO novo Motorola RAZR 5G deve ter bateria maior que a do seu antecessor.
E você? Curtiu o Razr 2019? O que você achou da escolha da Motorola em sacrificar o hardware em detrimento do design e da tela dobrável? Acha que ela acertou mais do que a Samsung e a Huawei? Conta pra gente nos comentários!
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