Tech 30 Nov
Ao longo deste ano de 2021, acompanhamos uma série de notícias falsas sobre a pandemia do novo coronavírus, mais especificamente a respeito das vacinas contra a Covid-19. Agora, um novo boato tem circulado ao afirmar que a vacina teria causado a morte de centenas de atletas no mundo.
Outra Fake News voltou a circular nas redes sociais – por meio de grupos dos “Médicos Pela Vida”, que incentivam uso de hidroxicloroquina e outros medicamentos ineficazes contra a Covid-19 – com uma lista falsa de reações adversas supostamente feita pela FDA – órgão equivalente à Anvisa dos Estados Unidos – a respeito dos imunizantes.
Afinal, essas informações procedem? Todos os esportistas em atividade e aposentados haviam tomado as suas doses da vacina contra a doença causada pelo SARS-CoV-2? Ela realmente é capaz de causar as reações adversas? O Detetive TC esclarece esses pontos a você.
Um site em inglês chamado GoodSciencing.com realizou um relatório que lista 292 casos de problemas sérios em atletas – sejam em atividade ou aposentados – ao longo de 2021, dos quais 167 teriam resultado em morte.
O site – que diz fazer uma “ciência real” – insinua que esses falecimentos ou problemas de saúde teriam sido causados pela vacina contra a Covid-19 e lista uma série de lesões que o imunizante supostamente teria gerado: ataque cardíaco ou parada cardíaca; coágulos sanguíneos ou trombose; derrame; arritmia; neuropatia; e morte.
A página ainda força o leitor a repetir depois de cada relato o período: “a vacina Covid é uma vacina normal. A vacina Covid é segura. Essas lesões e mortes são normais”.
Períodos anteriores à vacinação
Os exemplos de problemas de saúde nos atletas começam desde janeiro deste ano no site negacionista. Em alguns desses casos iniciais, aparecem exemplos do tenista Black Barklage – 17 anos – e o jogador de futebol brasileiro Alex Apolinário – 24 anos.
Como bem sabemos que aconteceu no mundo ao longo do ano, a vacinação ocorreu em ordem de risco, seja primeiro por idade ou pelos profissionais da saúde, e passou apenas depois para faixas etárias menores.
Vários atletas, por exemplo, tiveram uma vacinação massiva entre meados de abril e maio, na preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Contudo, não houve a obrigação de se vacinar, o que fez muitos esportistas deixarem de tomar o imunizante.
Casos não relacionados
Vários casos colocados na relação são de problemas não associados às vacinas ou de pessoas que ainda não tinham recebido as aplicações. Um deles que já foi comprovado e, mesmo assim, está na lista foi o mal súbito do jogador dinamarquês Christian Eriksen, no começo de junho, durante uma partida da Eurocopa – na qual defendia a sua seleção.
Ele sofreu um desmaio e ficou desacordado por vários minutos em campo, até ser reanimado pelos paramédicos no local. Tanto o site em questão como outros negacionistas afirmaram, na época, que se tratava de efeito adverso e que ele teria sido vacinado com o medicamento da Pfizer.
No entanto, posteriormente, o diretor-executivo da Inter de Milão – clube onde o jogador atuava – negou as afirmações e declarou que Eriksen “não estava com Covid-19 e também não foi vacinado”.
Um canal de Telegram ligado aos “Médicos Pela Vida” – defensores da hidroxicloroquina – divulgou uma lista de patologias e outras condições que seriam possíveis efeitos adversos do imunizante.
Como costuma acontecer em Fake News alarmantes, o grupo – que possui mais de 50 mil inscritos – pede para espalhar o máximo possível a mensagem, porque “as pessoas precisam saber do que realmente está acontecendo”. A lista é esta:
- A síndrome de Guillain-Barré
- Encefalomielite aguda disseminada
- Mielite transversa
- Encefalite / mielite / encefalomielite / meningoencefalite / meningite / encefalopatia
- Apreensões / convulsões
- Golpe
- Narcolepsia e cataplexia
- Anafilaxia
- Infarto agudo do miocardio
- Miocardite / pericardite
- Doença auto-imune
- Mortes
- Resultados de gravidez e nascimento
- Outras doenças desmielinizantes agudas
- Reações alérgicas não anafiláticas
- Trombocitopenia
- Coagulação intravascular disseminada
- Tromboembolismo venoso
- Artrite e artralgia / dor nas articulações
- Doença de Kawasaki
- Síndrome inflamatória multissistêmica em crianças
- Doença potencializada por vacina
O que realmente aconteceu?
A mesma Fake News circulou em meados de dezembro do ano passado, com alegações idênticas. Vamos ao que, de fato, significa essa lista. A FDA relacionou, em outubro do ano passado, possíveis efeitos adversos que seriam monitorados durante os testes de imunizantes.
Em momento algum, houve a indicação de ocorrência desses sintomas ou doenças, bem como o órgão norte-americano não colocou em cheque a eficácia das vacinas contra a Covid-19.
No lugar de acreditar em informações distorcidas ou boatos, é sempre importante buscar fontes procedentes e dados confiáveis sobre a pandemia do novo coronavírus. Um estudo recente, do final de novembro, vem da Organização Mundial da Saúde (OMS) e mostra que as vacinas ajudaram a salvar aproximadamente 470 mil pessoas com mais de 60 anos na Europa.
O trabalho usou boletins de vítimas como referência e cálculo a diferença entre as estimativas e o número real, de dezembro de 2020 até novembro de 2021, para saber quantas pessoas idosas teriam morrido caso não existisse imunizante contra a doença. Portanto
Você tem visto outros boatos recentes que vinculam a aplicação de vacina a mortes ou outras doenças de forma indevida? Relate para a gente no espaço abaixo.
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