Cientistas do Instituto Butantan, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) de Botucatu e do Instituto Vital Brazil avançaram no desenvolvimento de um soro contra o envenenamento causado pela picada da abelha africanizada (Apis mellifera).

O soro deve entrar na fase 3 de ensaios clínicos ainda neste ano. O produto é patenteado e obteve resultados promissores nas fases 1 e 2 dos estudos, divulgados na revista Frontiers in Immunology. Os pesquisadores estão entusiasmados com o projeto.

De acordo com o pesquisador Daniel Pimenta, do Laboratório de Bioquímica do Butantan, um dos detentores da patente, o novo medicamento é destinado a pessoas que levam múltiplas picadas de abelha, ou seja, recebem uma grande quantidade de veneno.

As toxinas da “abelha assassina”, como a espécie é conhecida, podem causar hemorragias, queda de pressão, tontura, náuseas e taquicardia. O principal alvo do veneno são os rins e o paciente pode ter falência renal e morrer em decorrência disso.

A ideia de produzir um soro contra o envenenamento por abelhas surgiu no Butantan há mais de 10 anos. O primeiro passo foi fazer a caracterização bioquímica do veneno para entender a sua composição e pensar na viabilização da produção do soro.

O estudo clínico de fase 1 e 2 contou com 20 voluntários adultos, com idade média de 44 anos. O número de picadas variou de sete a 2 mil. Não foi observado nenhum efeito adverso grave e todos os pacientes tiveram melhora, segundo os cientistas.

Agora, os pesquisadores estão desenhando o protocolo da fase 3, que deve durar cinco anos, para submetê-lo à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Brasil registra cerca de 20 mil acidentes com abelhas e 50 óbitos anualmente.

Se aprovado pela Anvisa, o soro poderá ser produzido nos Institutos Vital Brazil e Butantan. O objetivo é que o medicamento seja disponibilizado futuramente no Sistema Único de Saúde (SUS), assim como os demais soros hiperimunes produzidos pelo Butantan.