Economia e mercado 08 Abr
Considerado por muitas pessoas como um dos empregos essenciais durante esta pandemia de Covid-19, os entregadores de aplicativos realizam compras em lojas, farmácias e mercados para que você possa ficar no conforto da sua casa, mesmo que próprias empresas como iFood, Rappi, Uber Eats, Loggi e muitas outras não garantam os direitos mínimos de seus empregados.
O movimento que ganhou cada vez mais força durante junho chega em 1º de julho com as hashtags Breque dos Apps e Greve dos Apps no topo dos assuntos mais comentados no Twitter. Nesta quarta-feira, entregadores e motoboys por todo o país se uniram contra a exploração dos aplicativos.
Enquanto empresas de delivery usam os motoboys para fazer propaganda mostrando agilidade e rapidez nas entregas, elas próprias tentam ao máximo se desvincular dos entregadores. Em maio a Justiça exigiu que empresas como a Rappi e o iFood fornecessem ajuda financeira aos entregadores afastados por conta da Covid-19, mas apenas dois dias depois o iFood recorreu da decisão afirmando que não emprega os motoboys, categorizando-os como "usuários da plataforma digital."
O que exigem os entregadores?
Mais do que pedir, os trabalhadores exigem mudanças na forma com que as empresas lidam com seus empregados (ou "usuários da plataforma digital", citando o próprio iFood). As demandas são:
- Aumento do valor mínimo por entrega
- Aumento do valor por quilômetro
- Fim dos bloqueios e desligamentos indevidos
- Vale-refeição
- Seguro de vida, roubo e acidentes
- Auxílio-pandemia
O auxílio-pandemia inclui não apenas a distribuição de EPIs como álcool em gel e máscaras aos entregadores, como também licença remunerado caso sejam contaminados pela Covid-19 durante o trabalho.
Há outro ponto também para o caso da Rappi: os entregadores exigem o fim do sistema de pontos da plataforma. Ao Canaltech um dos líderes da paralização em Brasília, Alessandro "Sorriso", afirmou que o aplicativo passou a chamar apenas os entregadores com maior pontuação ao invés de quem está mais próximo, e ainda assim a Rappi não paga pelo deslocamento até o estabelecimento, só até a entrega.
É importante lembrar ainda que cabe ao próprio entregador arcar não apenas com a compra ou aluguel do veículo de trabalho, combustível e manutenção, como também da própria mochila de entrega, que não é oferecida pela maioria das empresas. Com isso, muitos entregadores acabam criando dívidas em bancos para que só então possam começar a trabalhar em aplicativos de entrega, enquanto as próprias empresas seguem lucrando como nunca em meio à pandemia.
Sem plano de saúde, sem direito à aposentadoria, folgas em fins de semana e feriados e muito menos férias, os entregadores exigem direitos trabalhistas básicos.
O iFood, Rappi, Uber Eats, Loggi e outras empresas de delivery e entrega ainda não se posicionaram ao TudoCelular em relação às denúncias e paralização do movimento #BrequeDosApps. Caso tenhamos alguma resposta a matéria será atualizada com as respectivas notas.
Posicionamento da ABO2O sobre a Manifestação dos Entregadores
A Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), principal entidade que reúne startups de mobilidade urbana e delivery de todo o país, apoia a liberdade de expressão, respeita o direito constitucional de manifestação dos motoboys e entregadores de aplicativos, e reitera sua abertura para o diálogo com os parceiros. O trabalho desses profissionais independentes é fundamental para empresas e modelos de negócios inovadores que conectam diversos públicos: estabelecimentos comerciais, profissionais independentes - que realizam as entregas -, e clientes.
Garantia de segurança para esses profissionais na pandemia de COVID-19: desde o início da pandemia os aplicativos de entregas implementaram formas para garantir a segurança desses profissionais, assim como buscaram meios de promover o acesso a parcerias como consultas médicas por telemedicina, seguro contra possíveis acidentes durante a realização de entregas, distribuição de kits de proteção (com máscaras e álcool em gel), além da elaboração do Guia para uma entrega segura em casa para todos, material criado para orientar empresas, clientes e parceiros a operarem com responsabilidade e segurança para preservar a saúde de todos.
As empresas se movimentaram para a realização de ações de suporte ao cumprimento das boas práticas propostas pelo guia, como a distribuição de máscaras e álcool em gel para entregadores e funcionários de estabelecimentos, além de terem criado fundos para apoiar financeiramente os entregadores parceiros que forem diagnosticados com Covid-19 e que precisam ficar em casa em razão de suspeita de infecção pelo vírus ou que forem colocados em quarentena por uma autoridade médica.
Ao longo dos últimos meses, as plataformas foram se adaptando ao contexto sempre buscando solucionar rapidamente todas as adversidades para garantir a proteção de seus entregadores.
Não houve redução das taxas de remuneração: as plataformas reiteram que não houve redução de valores e disponibilizam de forma transparente as taxas e valores destinados para os entregadores parceiros. A crise econômica no contexto da pandemia e o fechamento de quase 5 milhões de postos de trabalho, segundo o IBGE, prejudicou a renda das famílias e negócios no país. Nesse cenário, o modelo das plataformas de entrega foi ainda mais importante para que muitos brasileiros conseguissem gerar renda. Embora as plataformas tenham registrado aumento considerável no número de cadastros de entregadores parceiros, não houve alteração na forma como os valores das entregas são calculados e repassados.
A promoção de um ambiente com oportunidades de maiores ganhos para os entregadores parceiros é de pleno interesse para as empresas associadas à ABO2O.
Termos e condições de uso: Os entregadores parceiros são profissionais independentes com liberdade de escolha para: usar e se vincular a qualquer aplicativo concorrente; estabelecer os próprios horários nos quais deseja trabalhar; ligar e desligar o aplicativo sempre que quiser, entre outras. A inativação temporária ou, em último caso, o descredenciamento definitivo de um entregador acontece apenas em caso de descumprimento dos termos de uso dos aplicativos. As empresas destacam que não suspendem ou desativam o cadastro de entregadores parceiros por participação em manifestações.
A ABO2O respeita o direito à liberdade de expressão e manifestação, dentro dos limites legais, e está sempre aberta ao diálogo com todos os parceiros para construir as melhores práticas e manter uma boa relação com seus parceiros e associados.
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