Economia e mercado 28 Set
Um imbróglio apode atrasar o leilão do 5G no Brasil, previsto para março de 2020, embora o ministro das Relações Exteriores diz que o Brasil está próximo de fechar um parceiro para a implantação. É a interferência com o serviço de TV via satélite. Esse atraso pode custar perda de até 25 bilhões em impostos, de acordo com a Ericsson, fornecedora de equipamentos para redes móveis.
Basicamente, as operadoras apontam que programação da TV que está na banda C do satélite e que são captados por parabólicas só poderão ser vistos em outra banda, a Ku, depois que as 12 milhões de casas estiverem com novos kits, e essa migração pode durar até três anos e, até lá, o 5G não pode ser acionado. A Qualcomm sugere que o país utilize novos espectros.
Essa conclusão vem de um estudo formulado pelas teles. A interferência do 5G nos sinais de antena parabólica pode acarretar custos que variam em bilhões de reais. De acordo com o levantamento, a instalação de filtros nas atuais parabólicas tem custo estimado de R$ 460 milhões, enquanto a migração dos telespectadores da TVRO, como são chamadas, para a banda Ku custaria R$ 9,6 bilhões. Já a Abratel, entidade que tem em seu guarda-chuva algumas emissoras de TV aberta, estima gasto de R$ 2,9 bilhões.
Já os dados da Ericsson provém de um estudo com projeções de receita e investimento das operadoras brasileiras para a implementação do 5G, e a análise aponta ainda que, além de atrasar a adoção da tecnologia no Brasil, uma nova data causaria queda na receita das operadoras pelo alto custo do espectro.
O satélite irradia para todo o Brasil de uma vez só. Assim, para que todos possam continuar a assistir a TVRO, a 5G só vai poder ser acionada depois que não houver uma úncia antena mirando o satélite de banda C, o que demandaria pelo menos três anos”
Conclusões do estudo formulado pelas teles sobre o 5G.
As operadoras de telecomunicações desejam que sejam escolhidas mais baratas do que as reivindicadas pelas emissoras de TV. As teles afirmam que além da espera e do custo, o próprio setor de TV será prejudicado, pois terá que manter os canais em duas bandas de satélite diferentes até o desligamento completo da banda C.
Por outro lado, as operadoras de celular observam o mercado com atenção. Enquanto já há operações em andamento com o 5G - que não tem sido boas, com cobertura falha e queda constante de sinal -, no Brasil, as operadoras líderes, Vivo e Claro, adotam postura cautelosa: a primeira teme que o 5G não seja rentável o suficiente no Brasil, enquanto a Claro quer ser a primeira a oferecer a tecnologia, mas apenas em lugares específicos, em termos de uso e retorno do investimento. Apenas a TIM demonstrou pressa para a realização do leilão.
De acordo com a Anatel, em recente entrevista para o TudoCelular, a manutenção da data do leilão do 5G depende ainda de o resultado de uma consulta pública realizada recentemente, e não há certeza de que o cronograma se cumprirá. Sobre o conflito com o setor de TV, a entidade considera importante a preocupação com esse setor, mas acredita que será possível conciliar com o 5G, por haver uma "conformidade espectral" maior com o 5G.
Confira a entrevista completa, concedida pelo presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, concedida em setembro.
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