Acessórios 19 Out
A Apple revelou ao mundo na semana passada sua família iPhone 12. A aguardada linha de smartphones trouxe algumas mudanças significativas, sendo a primeira a embarcar conectividade 5G, marcando a estreia do sensor LiDAR no conjunto de câmeras, oferecendo corpo menor e mais leve em comparação à geração anterior e muito mais.
No entanto, um dos pontos que mais chamou a atenção em toda a apresentação foi a notícia de que a Apple iria dar um fim ao carregador na caixa do iPhone. Conforme explicou Lisa Jackson, vice-presidente de Meio Ambiente, Política e Iniciativas Sociais da gigante de Cupertino, a medida visa amenizar o impacto da produção dos aparelhos no meio ambiente, com uma grande redução da emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera.
Diante disso, o site HDBlog.it realizou uma análise detalhada das afirmações da Apple, bem como dos reais impactos da retirada do carregador para a empresa, para os clientes e para o meio ambiente, e o TudoCelular reuniu os principais pontos neste texto. Confira:
Os primeiros pontos a se levar em conta são que não apenas a linha iPhone 12 perderá o carregador e fones, como também a família iPhone 11, o iPhone SE e o iPhone XR, que constituem as soluções da Apple para 2020. Além disso, a fabricante parte de um pressuposto otimista de que todos os compradores de seus iPhones terão à disposição um carregador com conexão USB-C, que permita o uso do único acessório incluso - o cabo Lightning para USB-C.
A questão é que a Maçã está na verdade considerando um público muito pequeno. No ecossistema do iOS, apenas a linha iPhone 11 oferece um carregador com conexão USB-C, enquanto todo o resto ainda mantém a porta USB-A. Mesmo para usuários que venham do Android, no qual o USB-C é mais adotado, há muito otimismo envolvido, já que poucos modelos equipados com o robozinho trazem um carregador compatível na caixa.
A mesma coisa se aplica aos fones, levando em conta que os smartphones da Apple já não trazem mais uma porta P2. Apenas usuários que possuam um iPhone 8 ou superior terão um fone com conector Lightning. No fim das contas, a grande maioria dos consumidores será obrigada a adquirir um carregador e possivelmente um fone à parte, algo que a Apple convenientemente oferece para venda na forma do novo adaptador de 20W.
Tomando como base a tão falada medida de impacto por meio da emissão de CO2, e partindo da expectativa otimista da Apple de que ninguém precisará adquirir um novo carregador, a retirada do acessório da caixa deve oferecer um benefício de irrisórios 2,85%. O cálculo parte do próprio relatório ambiental produzido pela Apple (que você pode conferir na íntegra neste link), que afirma que todo o ciclo do iPhone 12, incluindo a produção, empacotamento, envio, uso e reciclagem gerará emissões de 70kg de carbono.
Em comparação, o ciclo do iPhone 11 (relatório ambiental neste link), com exatamente as mesmas etapas, gera 72kg de carbono. A redução prometida vem quase toda das embalagens de menor tamanho (-1%) e da melhor eficiência energética (-3%) do novo A14 Bionic. Apesar disso, o impacto da produção do iPhone 12 é 4% maior do que o do iPhone 11, graças aos componentes utilizados para compatibilidade com a rede 5G e outras inovações, como o Ceramic Shield.
Como discutimos mais acima, o cenário otimista da Apple não é uma realidade, e muitos dos usuários terão de comprar carregadores e fones à parte. Isso acabará gerando um impacto ainda maior do que antes, já que cada acessório extra possui seu próprio ciclo de uso, incluindo transporte e produção. Apesar disso, considerando que a companhia não libera a emissão de carbono de seus acessórios, é válido supor que esse consumo deva ao menos se igualar ao cenário em que fone e carregador estão inclusos na caixa. No entanto, ainda hoje, vimos como a estratégia não é exatamente bem planejada.
Na França, devido às leis locais, a Apple está sendo obrigada a embarcar fones com o iPhone 12. Provavelmente acreditando ser uma medida mais econômica do que redesenhar a caixa exclusivamente para o país europeu, a gigante de Cupertino tem enviado seus Earpods em uma caixa à parte - caixa essa que parece se tratar basicamente do mesmo tipo utilizado no telefone, incluindo dimensões e, consequentemente, custo monetário e ambiental de produção. Temos assim duas vezes mais caixas do que um cenário hipotético em que os acessórios fossem embarcados na mesma embalagem do smartphone.
Ao menos em um ponto há de fato economia: o carregador. O adaptador de 20W vendido pela Apple apresenta eficiência energética de 87,8%, contra os 73,1% do antigo adaptador de 5W embarcado nas gerações anteriores. Com melhor eficiência, menor o consumo de energia, e consequentemente menor a emissão de carbono.
Os impactos econômicos da retirada dos acessórios são um caso à parte, já que ainda não sabemos o preços dos novos iPhones no Brasil. Ainda assim, levando em consideração rumores sobre os preços nacionais dos aparelhos, além da grande alta nos valores das gerações passadas e dos serviços de suporte, podemos esperar que os impactos calculados para a Europa pelo HDBlog.it possam ser semelhantes ou até mesmo maiores no mercado brasileiro.
Dessa forma, tomando como base os valores europeus, o iPhone 12 padrão com 64GB de armazenamento custa 939 euros, 100 a mais do que o iPhone 11 em seu lançamento. A diferença, no entanto, é que o modelo anterior continha carregador e fones inclusos.
Para quem comprar o novo iPhone e quiser adquirir ainda os acessórios à parte, será necessário investir 25 euros no carregador de 20W e 19 euros no fone com conector Lightning. Em resumo, um kit semelhante ao da geração anterior sairá 144 euros mais caro, aumento de mais de 17%, com 5% sendo destinados apenas para os acessórios.
Seguindo esses valores, e calculando uma previsão por meio das estimativas de vendas do iPhone 11 no ano passado, que chegaram aos 185 milhões de acordo com a agência Wedbush Securities, os gastos extras gerados se somente 20% desses potenciais compradores adquirirem os fones e carregadores à parte chega à casa do US$1,5 bilhão.
Esse suposto US$1,5 bilhão a mais no bolso da Apple não necessariamente será refletido no lucro da empresa. Isso porque todas as novas tecnologias embarcadas no iPhone 12, como o 5G e o MagSafe, "deverão impactar os custos de produção, sendo de 30% a 35% mais caros do que nos iPhones anteriores", segundo afirma o analista Angelo Zino da CFRA Research ao site The Verge.
Com uma redução de 2,85% no impacto ambiental em relação à emissão de carbono considerando apenas o iPhone 12, a questão no fim das contas é o quanto a venda à parte de fones e carregadores compensará esses ganhos de forma negativa. Além disso, os custos extras que essa compra separada acarretará aos consumidores é significativo, e deve resultar em um aumento natural na receita da Apple. Será interessante saber se tais custos não farão os consumidores migrarem para alternativas mais baratas entre o portfólio da Apple.
- O Apple iPhone 12 Mini está disponível na Mercadolivre por R$ 4.607.
- O Apple iPhone 12 Pro está disponível na Mercadolivre por R$ 3.055.
- O Apple iPhone 12 está disponível na Mercadolivre por R$ 2.580.
- O Apple iPhone 12 Pro Max está disponível na Mercadolivre por R$ 3.799.
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